Os principais supermercados de S�o Paulo prometem oferecer gratuitamente sacolas de pl�stico biodegrad�vel ou de papel para os consumidores a partir de hoje, em cumprimento a uma ordem judicial. At� ontem, quando a oferta ainda era facultativa, grandes redes como Sondas, Carrefour, Walmart e Grupo P�o de A��car ignoravam a recomenda��o, fornecendo apenas as sacolinhas tradicionais.
No fim de junho, o parecer da ju�za Cynthia Torres Crist�faro, da 1º Vara Central, deu prazo de 30 dias para que os supermercados iniciassem “gratuitamente e em quantidade suficiente” o fornecimento de sacolas biodegrad�veis e de papel.
Mesmo contr�rias � decis�o, as empresas dizem que v�o cumprir as determina��es da Justi�a. Mas afirmam, por meio da Associa��o Paulista de Supermercados (Apas), que v�o recorrer.
“N�o h� um posicionamento final sobre o assunto, pois a quest�o da distribui��o das sacolas est� sendo tratada pelo departamento jur�dico”, afirmou o Grupo Sondas, por meio de nota.
Para o consumidor, � praticamente imposs�vel identificar a diferen�a entre a sacola biodegrad�vel e a comum, feita de polietileno - derivado do petr�leo. Para piorar, especialistas alertam que a falta no Pa�s de um certificado que garanta que o material � de fato biodegrad�vel traz incertezas sobre a qualidade dos produtos oferecidos como tal e dificulta a fiscaliza��o.
Al�m disso, o parecer da Justi�a n�o especifica puni��es para quem descumprir a determina��o nem como deve ser essa sacola biodegrad�vel. “Algumas empresas produtoras de sacolas colocam de forma irrespons�vel a marca de compost�vel”, diz Jo�o Carlos de Godoy Moreira, diretor t�cnico da Associa��o Brasileira de Pol�meros Biodegrad�veis e Compost�veis (Abicom).
A embalagem compost�vel, que pode ser feita com amido de milho, batata, mandioca e outros org�nicos, se decomp�e em at� 180 dias nas usinas adequadas (que, ao menos na capital, n�o existem).
J� o pl�stico oxibiodegrad�vel tem a caracter�stica de se fragmentar mais rapidamente, mas sem perder seus res�duos t�xicos. “Este tipo de decomposi��o diminuiu apenas o impacto visual, mas n�o resolve o problema”, afirma Moreira.
Faltam tamb�m testes em situa��es de longo tempo de exposi��o em lix�es ou aterros. “Nada pode dizer que � biodegrad�vel se ainda n�o se provou que � biodegrad�vel”, diz Maria Filomena Rodrigues do Instituto de Pesquisas Tecnol�gicas (IPT).
Vari�veis
Ela explica que a variedade da espessura e das subst�ncias que comp�em o pl�stico faz toda a diferen�a. “A��car � biodegrad�vel mas se est� com algo que iniba a a��o de bact�rias n�o vai degradar do mesmo jeito. No laborat�rio ele pode degradar, mas no lix�o n�o sabemos como vai agir.”
Hoje, a norma do Ibama, �nica do tipo no Pa�s, determina que algo � facilmente degrad�vel ou n�o se houver 70% de decomposi��o ao longo de 28 dias em condi��es de laborat�rio. “Mas se n�o der isso, n�o quer dizer que o material n�o degrada. Apenas que � um pouco mais dif�cil”, explica a especialista do IPT.
O instituto elabora uma nova metodologia, com base em normas europeias. No caso dos compost�veis, � preciso checar se o material n�o ser� t�xico para plantas. “Antes de obrigar a ter sacolas biodegrad�veis, talvez fosse mais f�cil conscientizar a popula��o da import�ncia de usar menos pl�stico e mudar a coleta de lixo para ter mais reciclagem e compostagem”, opina. As informa��es s�o do jornal O Estado de S.Paulo.