Eles ainda n�o saem sozinhos. N�o t�m compromissos profissionais. Ainda assim, 7,2 milh�es de crian�as de 10 a 14 anos tinham telefones celulares em 2011, ou 41,9% das pessoas nessa faixa et�ria. S�o 2,1 milh�es a mais do que em 2009, quando essa fatia correspondia a 29,3%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).
As crian�as de 10 a 14 anos fazem parte da parcela da popula��o que teve o segundo maior aumento porcentual, cresceram 12,5 pontos porcentuais. O grupo de 15 a 17 anos teve o maior salto - 67,5% possu�am celular em 2011, 15,7 pontos porcentuais a mais do que em 2009.
Especialista em cultura do consumo, o professor da Funda��o Get�lio Vargas Eduardo Ayrosa lembra que nessa faixa et�ria, os pr�-adolescentes est�o "construindo a sua identidade, em que o consumo fala muito forte". "O celular � um instrumento de identifica��o e de distin��o muito forte. � absolutamente fundamental que se sintam aceitos", afirma. Ele v� a quest�o como fen�meno irrevers�vel. "Para essa gera��o, usar o celular � como escrever".
A pesquisa n�o permite saber se o celular � um desejo das crian�as, ou se a compra � iniciativa dos pais. Ayrosa aposta na segunda alternativa. "A sociedade entende a capacidade de se comunicar como capital fundamental. � assim que os pais entendem a vida, e n�o podem permitir que os filhos o fa�am de outra maneira".
O gerente de Servi�os de Valor Agregado da Operadora Oi, Gustavo Alvim, confirma que a decis�o de compra � definida pelos pais. "Esse � um p�blico cada vez maior na nossa base. Eles foram alfabetizados digitalmente, est�o em tempo real. N�o t�m a barreira tecnol�gica que muitos de n�s temos", comenta.
Isabella Henriques, diretora de Defesa e Futuro do Instituto Alana, que tem projeto de consumo infantil consciente, alerta para os riscos da crian�a em rela��o � internet. "Vale a pena pensar se � interessante o acesso � rede pelo celular. Nenhum filtro vai ser suficiente para barrar todos os perigos na rede. E a crian�a n�o entende a amplitude da internet", afirma.
O acesso � telefonia m�vel cresceu - passou de 57,6% para 69,1%, entre as duas �ltimas PNADs. Dos 61.292 domic�lios, 89,9% tinham telefone. Desses, 49,7% tinham apenas celular e 3,5% apenas telefone fixo; 36,7% dos domic�lios tinham as duas modalidades de telefonia; 10,1% n�o tinham nem celular nem telefone fixo.