
Diante da proximidade do pagamento do d�cimo terceiro sal�rio e da prorroga��o da redu��o do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para pain�is de madeira e outros insumos, o varejo moveleiro em Minas Gerais entra no chamado trimestre de ouro com expectativa de fechar as vendas de outubro a dezembro com alta de 7% em rela��o ao mesmo per�odo de 2011. Pode at� parecer um percentual pequeno, mas vale lembrar que o Produto Interno Bruto (PIB) do pa�s deve crescer menos de 2% em 2012.
“Os �ltimos tr�s meses do ano s�o o principal per�odo de vendas para o setor. Por isso, o chamamos de trimestre de ouro, pois � a �poca em que as fam�lias mais trocam a mob�lia do lar”, diz Jos� Oscar Silva Pinto, diretor do conselho de �tica da Associa��o dos Lojistas e Representantes de M�veis de Minas Gerais (Alormov-MG). O percentual de aumento nas vendas s� n�o ser� maior, acredita o executivo, em raz�o do custo com o frete, que representa aproximadamente 7% do pre�o do m�vel e deve subir um ponto percentual at� o fim do ano, segundo especialistas.
“A maior parte de nosso transporte ainda � rodovi�rio. A partir do momento em que tivermos ferrovias ligando os principais polos, haver� uma queda veemente no custo com o frete. O governo federal est� preocupado com isso. Tanto que h� um projeto para construir uma ferrovia entre BH e Salvador. O Brasil tem que investir tamb�m em hidrovias, que � o modal mais barato”, sugere Jos� Oscar.
Fabricantes e revendedores do setor defendem maior aten��o do poder p�blico, pois a ind�stria e o com�rcio de m�veis s�o respons�veis por movimentar boa cifra da economia dom�stica. Neste ano, segundo estimativa do Instituto Data Popular, os gastos dos brasileiros com mob�lia devem atingir R$ 44 bilh�es. Desse volume, R$ 21,7 bilh�es devem ser desembolsados pela chamada nova classe m�dia. Em rela��o a 2011, essa camada da popula��o deve gastar 11,9% a mais.
Na loja Luciana M�veis, por exemplo, essa classe representa quase 70% das vendas. E mais: devido �s facilidades de pagamento, com possibilidade de parcelar as compras em at� 12 vezes, eles acabam se tornando clientes preferenciais at� mesmo em rela��o �s classes mais ricas, que apesar de comprar � vista sempre “choram” descontos. “A partir da segunda quinzena deste m�s, as vendas alavancam. Acredito que teremos aumento de 30% no comparativo com o ano passado”, afirma a empres�ria L�dia Lima Moraes, propriet�ria da Luciana M�veis. Ela ressalta que os clientes das classes D e E tamb�m t�m aproveitado o parcelamento para comprar produtos antes inating�veis.
“A classe emergente � que est� alavancando o nosso lucro”, confirma o comerciante L�cio Carneiro, dono da Capri M�veis, que funciona h� 14 anos na Avenida Silviano Brand�o, na Regi�o Leste da cidade e principal corredor moveleiro de Belo Horizonte. Ele estima que as vendas em sua empresa, especializada em mob�lia residencial, devam crescer 8% ao longo do ano. E ressalta: “O percentual s� n�o � maior em raz�o do custo com o frete”.
Para Carneiro, o governo precisa acelerar o pacote de investimento nas estradas, pois, acredita, asfalto de boa qualidade ajuda na redu��o do frete, uma vez que o transportador ter� menos gasto com a manuten��o da frota. “Compro m�veis de fabricantes de Carmo do Cajuru, a 130 quil�metros de BH, e o custo com o frete fica em torno de 6% do valor do m�vel”, reclama.
FR�GIL O vice-presidente da Federa��o das Empresas de Transporte de Carga de Minas Gerais (Fetcemg), Ulisses Martins, esclarece que a mob�lia � uma carga que exige cuidado espec�fico: “M�veis ocupam muito espa�o nos caminh�es, t�m fragilidade relativa, exigem maior prote��o e empilhamento. S�o recomendadas viagens com rotas mais longas para evitar a movimenta��o da carga, que n�o pode ser parada em centros de distribui��o ou ser sujeita a troca de caminh�es. Tamb�m � necess�rio um tipo de prote��o especial dentro do caminh�o, como embalagem de f�brica pr�pria, o que agrega um custo ao servi�o”.
Ele acrescenta ainda que “o somat�rio desses eventos faz com que o custo do frete, no geral, chegue nessa faixa de 7% do valor do m�vel. H� pouco tempo, girava em torno de 8%. A redu��o foi acarretada pelo uso de ve�culos maiores. Antes, eram usados caminh�es de sete metros para esse tipo de carga. Hoje, caminh�es de nove metros e at� de 11 metros fazem esse transporte”. Por�m, ele prev� aumento nos pr�ximos meses: “As mudan�as na legisla��o, como a que recentemente regulamentou a profiss�o de motorista, devem impactar no transporte de m�veis. At� o fim do ano, deve ocorrer um aumento de pelo menos um ponto percentual no valor do servi�o”.