
A presidente Dilma Rousseff afirmou ao jornal espanhol El Pa�s que o problema da Europa � a aplica��o de "solu��es inadequadas para a crise", cujo resultado ser� um empobrecimento das classes m�dias. "Neste ritmo, se produzir� uma recess�o generalizada", afirmou ao jornal, em entrevista publicada neste domingo pela edi��o impressa e concedida em Bras�lia �s v�speras da 22.ª C�pula Ibero-Americana, que ocorre em C�diz, sul da Espanha, e da qual Dilma participa.
"N�s j� vivemos isso. O Fundo Monet�rio Internacional (FMI) imp�s um processo que chamaram de ajuste, agora dizem austeridade. T�nhamos de cortar todos os gastos. Asseguravam que assim chegar�amos a um alto grau de efici�ncia. Esse modelo levou a uma quebra de quase toda a Am�rica Latina nos anos 80", disse a presidente. "As pol�ticas de ajuste por si s� n�o resolvem nada se n�o h� investimento, est�mulos ao crescimento. E se todo o mundo restringe gastos de uma vez, o investimento n�o chegar�."
Neste s�bado (17), em discurso durante a C�pula Ibero-Americana, Dilma criticou a pol�tica de austeridade em curso na Europa e enfatizou o "risco de agravamento" da recess�o. Na ocasi�o, a presidente j� havia evocado a influ�ncia do FMI na economia brasileira nos anos 80.
De acordo com a presidente, as medidas que est�o sendo aplicadas levar�o a uma "crise brutal". "Claro que voc� precisa pagar as d�vidas, a consolida��o fiscal � necess�ria, mas � preciso tempo para que os pa�ses o fa�am em condi��es sociais menos graves. N�o s� por uma quest�o �tica, como tamb�m por exig�ncias propriamente econ�micas", afirmou. Ela reiterou posteriormente que distribuir renda � uma exig�ncia moral, mas tamb�m � uma premissa para o crescimento.
De acordo com a presidente, a recess�o europeia est� "alargando os prazos" para uma maior recupera��o das economias que n�o t�m problemas fiscais nem financeiros, est�o em crescimento positivo e praticam pol�ticas antic�clicas, como o Brasil. "Estamos fazendo de tudo para impulsionar de novo nosso crescimento", disse. "Reduzimos os custos de capital, os de trabalho tamb�m, e baixamos muitos impostos para impulsionar o consumo."
Sobre a situa��o brasileira, a presidente comentou que o trip� macroecon�mico que tem sustentado a a��o do governo � composto por contas p�blicas austeras, infla��o controlada e acumula��o de reservas cambiais para proteger a moeda de especula��o. "Mas, ao mesmo tempo, nos pusemos a construir um mercado interno, sobretudo combatendo o d�ficit habitacional", afirmou.
Dilma comentou que o euro "� um projeto inacabado" e que a Europa precisa "complet�-lo", mediante supervis�o e uni�o banc�ria. "A moeda �nica europeia � uma das maiores conquistas da humanidade, precisamente de um continente t�o castigado por guerras e disputas internas. Trata-se de um fen�meno econ�mico, social, cultural e pol�tico que significa um avan�o formid�vel, mas est� incompleto", disse a presidente, ressaltando a import�ncia de se ter uma lideran�a para construir os consensos. Com rela��o � China, Dilma afirmou na entrevista que o melhor que o pa�s asi�tico sabe fazer � "definir suas metas".
De acordo com a agenda oficial da Presid�ncia da Rep�blica, Dilma passa este domingo em Madri sem compromissos oficiais e na segunda-feira (19) pela manh� se encontra com o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, para discutir uma poss�vel flexibiliza��o da imigra��o entre os dois pa�ses.