
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nessa quarta-feira que o aumento dos combust�veis para o consumidor deve ser de 4%, mas os postos de Belo Horizonte que reajustaram o pre�o do litro da gasolina n�o levaram em conta a estimativa e em alguns estabelecimentos o repasse foi pr�ximo ao reajuste de 6,6% nas refinarias, como o Posto Pica-Pau, no Barro Preto, Regi�o Centro-Sul de BH. O litro da gasolina comum passou de R$ 2,639 para R$ 2,799, uma alta de 6,06%. Outros estabelecimentos preferiram esperar o movimento dos concorrentes ou a chegada de uma nova remessa de combust�vel, j� reajustado, para definir qual ser� o percentual de aumento – inclusive o repasse do diesel, que subiu 5,4% nas refinarias.
O ministro projetou um repasse meno por acreditar que os estabelecimentos considerariam a mistura do etanol � gasolina. O ministro frisou que o aumento � inferior � infla��o e lembrou que, de 2006 a 2012, o pre�o da gasolina subiu 6%. “� uma eleva��o modesta perto daquilo que aconteceu com o pre�o da gasolina, uma pequena corre��o que n�o vai atrapalhar ningu�m.” A maior parte dos postos pesquisados pelo Estado de Minas, por�m, optou por um reajuste na casa dos 5% para a gasolina e de 4% para o diesel.
No Posto Quick, no Bairro Padre Eust�quio, Regi�o Noroeste, a alta da gasolina foi de 5,68%. Se tivesse chegado meia hora antes, o representante comercial M�rio Ant�nio Filho, de 67 anos, teria abastecido o carro com o pre�o antigo, de R$ 2,639. “Com esse aumento, vou passar a gastar cerca de R$ 500 ao m�s com gasolina. O pa�s n�o precisa desse reajuste”, reclamou. Perto dali, no Posto Olimar, tamb�m na Avenida Tereza Cristina, o aumento foi de R$ 5,26% – de R$ 2,659 para R$ 2,799. O t�cnico mec�nico Gabriel Luiz de Souza de 61, pagou R$ 100 por 35,32 litros de gasolina. No pre�o antigo, com esses R$ 100, conseguiria 37,60 litros. “Ainda n�o parei para calcular o impacto disso, mas considero um reajuste justificado.”
At� o fim da tarde dessa quarta, Rubem Cassiano, gerente do Posto Pica-Pau, ainda n�o sabia ao certo a rea��o dos consumidores quanto ao aumento de pouco mais de 6%. “O reajuste ainda est� muito recente e, de qualquer forma, os clientes j� estavam esperando, s� n�o sabiam quando e quanto. Eu mesmo estava aguardando um aumento de 7%.” De olho nessas respostas, alguns postos preferiram aguardar mais um dia. Mar�lio Alex, gerente do Posto J�piter, da Rede Setee, espera um posicionamento da diretoria. “A rede � de S�o Paulo e nos pediu para mandarmos a m�dia de reajustes dos postos que ficam aqui na regi�o. Amanh� (hoje) a gente deve ter uma resposta sobre os novos pre�os.”
A Associa��o das Ind�strias Sucroenerg�ticas de Minas Gerais (Siamig) aguarda essa defini��o da alta de pre�o da gasolina nas bombas para saber se o abastecimento com etanol se tornou mais competitivo. Para que isso ocorra, o derivado da cana precisa custar 70% do pre�o da gasolina. Em Minas Gerais, a m�dia at� agora era de cerca de 75%. Os postos que j� reajustaram os pre�os ainda n�o recalcularam esse percentual, mas, pelo menos no Posto Pica-Pau, o �ndice s� chegou a 71%.
A gasolina tem peso de quase 4% na infla��o da capital, mas o reajuste de pre�o n�o dever� trazer impactos no �ndice mensal, avalia Wanderley Ramalho, economista e coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Funda��o Ipead. “Vai coincidir com o impacto negativo da energia el�trica, com isso deve empatar”, diz. A energia el�trica tem peso de 3,3% na infla��o. Apesar de a Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel) ter informado a aprova��o preliminar de reajuste de 11,23% de tarifa residencial da Cemig, depois do corte de no m�nimo 18,14% das contas definido para os consumidores da concession�ria, Ramalho acredita que n�o haver� impacto na infla��o, j� que a redu��o no custo da energia vai ficar entre 7% e 8%. “Vai ficar elas por elas”, diz.
Frete mais caro
Em rela��o ao diesel, os sindicatos prev�em que a alta do pre�o reflita em torno de 3% nos fretes das transportadoras. O reajuste j� come�ou a ocorrer desde ontem, mas alguns contratos v�o ser negociados individualmente, segundo a Federa��o das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Minas Gerais (Fetcemg). O impacto da alta de pre�o, segundo Vander Francisco Costa, presidente do Fetcemg, vai acontecer de acordo com o tipo de transporte que vai ser realizado. “Para o carreteiro aut�nomo, esse reajuste deve ficar entre 2% e 4%”, ressalta Costa. Como o custo da m�o de obra � menor, o do �leo diesel costuma ser mais alto.
O presidente do Fetcemg aposta em nova alta do diesel nos pr�ximos dias, em fun��o da taxa de repasse do Imposto sobre Circula��o de Mercadorias e Presta��o de Servi�os (ICMS). “A alta costuma acontecer depois do aumento do �leo diesel”, diz. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Minas Gerais (Setcemg), S�rgio Pedrosa, alega que a margem de lucro das empresas de transporte � baixa, em torno de um d�gito. ”O aumento de custo de 3% para as empresas de transporte � muito significativo. Esse valor n�o pode demorar a ser repassado”, diz.
Etanol para aliviar press�o
Bras�lia – O governo federal vai elevar a parcela de etanol na mistura da gasolina, dos atuais 20% para 25%, a partir de 1º de maio, como uma forma de atenuar o impacto do reajuste dos combust�veis ao consumidor. O est�mulo �s usinas de cana-de-a��car veio acompanhado de um aviso do ministro de Minas e Energia, Edison Lob�o: aumentos “abusivos” de pre�os da gasolina nos postos de combust�veis ser�o fiscalizados “com rigor”. “O aumento de pre�os foi de 6,6% nas refinarias, ent�o n�o pode chegar a 10%, por exemplo, nos postos. O mercado � livre, mas n�o pode se exceder. O governo vai fiscalizar com rigor”, disse Lob�o, depois de uma reuni�o com representantes do setor sucroalcooleiro e o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O governo j� tinha decidido elevar a parcela de etanol na gasolina quando definiu reajustar os pre�os da pr�pria gasolina e do �leo diesel. A sinaliza��o anterior da Ag�ncia Nacional do Petr�leo, G�s Natural e Biocombust�veis (ANP) era de que o aumento do etanol na gasolina ocorreria em 1º de junho deste ano, mas Mantega e Lob�o decidiram antecipar em um m�s o cronograma. As empresas apresentaram aos ministros a estimativa de que a safra de cana deste ano, cujo auge da colheita ocorre entre junho e agosto, representar� uma produ��o de at� 27 bilh�es de litros de �lcool.
“O setor produz cerca de 22 bilh�es de litros por safra, mas os produtores garantiram de m�os juntas que ser�o capazes de suprir a demanda”, afirmou Lob�o, segundo quem o governo vai “empurrar de volta para 1º de junho” a entrada em vigor da nova parcela de etanol na gasolina caso os produtores sejam incapazes de cumprir a promessa. De acordo com o ministro de Minas e Energia, mais medidas de est�mulo ao setor de etanol est�o em estudo, como a desonera��o de tributos. A equipe econ�mica trabalha num plano de redu��o do PIS/Cofins cobrado das usinas, medida que pode ser anunciada ainda neste primeiro trimestre.
Al�m de incentivar o etanol, o governo tamb�m espera que essas medidas tenham como efeito direto a redu��o do pre�o da gasolina nas bombas dos postos de combust�veis no pa�s. O governo federal descarta novos reajustes em 2013.
D�lar Depois do encontro, Mantega, reafirmou ontem que o c�mbio brasileiro � flutuante. "Sempre dissemos isso. O que interessa � que o c�mbio tenha estabilidade e n�o haja muita volatilidade, porque isso atrapalha o exportador e o importador", afirmou. O ministro declarou ainda que o c�mbio n�o � instrumento para baixar pre�os e frisou que “o c�mbio n�o vai derreter”.