
“� tempo de crescer”, diz a campanha de comunica��o da Itamb�. Em busca do objetivo, a solu��o encontrada pela empresa � a associa��o da Cooperativa Central de Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR) com a empresa concorrente do mercado l�cteo, Vigor Alimentos, controlada pela holding J&F, que tem tamb�m o frigor�fico JBS. Respons�veis por mercados considerados complementares no setor de l�cteos nacional, o neg�cio entre as duas vai levar Itamb� a ser a segunda maior companhia de latic�nios do pa�s – hoje ela ela � a terceira, segundo n�meros de 2011 da Associa��o Brasileira de Produtores de Leite (LeiteBrasil), com 1,34 bilh�o de litros de leite processados por ano. E investimentos devem confirma essa ascens�o: os R$ 200 milh�es previstos para aumento da capacidade do parque industrial nos pr�ximos tr�s anos devem ser refor�ados, com amplia��o das plantas de Par� de Minas (Centro-Oeste) e Guanh�es (Vale do Rio Doce).
Um dos focos priorit�rios ser� o aumento da capacidade das f�bricas refrigeradas, que atingiram a capacidade total. Devem ser feitos aportes na planta de Par� de Minas para ampliar a produ��o de iogurtes e em Guanh�es com foco em queijos. “Inovar � um desafio constante, mas temos que preservar valores b�sicos que nos nortearam ao longo desses anos, como o absoluto respeito ao consumidor e um trabalho muito forte na outra ponta, que s�o os produtores, nossos principais acionistas”, afirma o atual presidente da Itamb�, Jacques Gontijo.
A concretiza��o da opera��o, no entanto, depende de aval do Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica (Cade). Se aprovado, uma das primeiras mudan�as se dar� em rela��o � composi��o da dire��o da Itamb�. Em at� dois meses, devem ser indicados seis conselheiros, sendo tr�s representantes da CCPR e tr�s da Vigor. Os conselheiros devem ser respons�veis pela contrata��o de um profissional no mercado para ser o executivo. O escolhido ter� carta branca para escolher os integrantes da diretoria. Por se tratar de um conselho com n�mero par de componentes e as participa��es terem sido divididas em fatias iguais, n�o haver� um voto de minerva na companhia, sendo necess�rio consenso para qualquer decis�o.
Depois de selecionada a diretoria, os planos de neg�cios da Itamb� devem ser revistos. A previs�o era de que em tr�s anos fossem investidos R$ 200 milh�es na amplia��o do parque industrial, mas a tend�ncia � de que esse valor seja maior. “� uma oportunidade de a Itamb� voltar a crescer investindo nesses pr�ximos anos. Com a revis�o do plano de neg�cios, vamos poder dizer para onde vamos caminhar”, afirma o presidente da Vigor, Gilberto Meirelles Xand�. � prov�vel que a companhia suba um degrau no ranking de produtos l�cteos assim que forem divulgados os n�meros de 2012, devido aos problemas enfrentados pela segunda colocada – L�cteos Brasil –, segundo an�lise da Leite Brasil.
Expans�o
Atualmente, o mercado da Itamb� � voltado principalmente para Minas Gerais, com 20% das vendas, e estados do Norte e Nordeste, que, juntos, somam mais de 50% do faturamento. S�o Paulo representa entre 7% e 8%. Enquanto isso, a Vigor Alimentos tem foco basicamente na capital e interior paulista, com mais de 70% do faturamento oriundo das vendas no estado vizinho. Com a Vigor investindo R$ 410 milh�es na compra de 50% da Itamb�, a empresa passar� a ter maior capilaridade no pa�s, podendo avan�ar em frentes onde a presen�a ainda � t�mida, como o Rio de Janeiro e os estados sulinos.
A complementariedade se d� tamb�m quando se trata de produtos fabricados por ambas. A Vigor tem como carro-chefe a produ��o de iogurtes e margarinas (cerca de 40% e 35%, respectivamente, do faturamento da empresa), enquanto a Itamb� coloca nesse ranking a produ��o de leite em p� (40%), iogurtes e refrigerados (16%) e condensados (16%). “S�o empresas supercomplementares, tanto no que tange � localiza��o dos mercados quanto ao portf�lio”, avalia Xand�.
Com a negocia��o, fica descartada a entrada da Itamb� na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM%Bovespa). Desde o ano passado, a CCPR planejava abrir seu capital, faltando para isso � �poca somente o fechamento de um contrato com um s�cio ou investidor. A expectativa era de que uma empresa assumisse entre 20% e 30% da companhia. “O cen�rio muda um pouco. N�o h� necessidade de abertura porque a Vigor j� est� listada na bolsa”, afirma Jacques Gontijo.

Fus�o de Itamb� e Vigor � op��o para cooperativas crescerem
A associa��o de empresas e a consequente profissionaliza��o do setor produtivo podem ser a sa�da �nica para cooperativas da cadeia leiteira, seguindo o exemplo da opera��o feita entre a Cooperativa Central de Produtores Rurais de Minas Gerais e a Vigor Alimentos. O presidente da Associa��o Brasileira de Produtores de Leite (Leite Brasil), Jorge Rubez, avalia que a falta de moderniza��o do sistema cooperativo p�e em xeque uma ponta da cadeia do leite e que oportunidades de neg�cios com empresas mais s�lidas podem garantir investimentos. “Se a Itamb� n�o fecha o neg�cio, poderia n�o conseguir s se recuperar, repetindo o que aconteceu com cooperativas paulistas”, afirma Rubez, que acredita ser essa a solu��o para a L�cteos Brasil (LBR), empresa controladora da Parmalat e outras noves marcas.
A LBR, segunda colocada no ranking de processamento de leite, segundo a Leite Brasil, entrou com pedido de recupera��o judicial devido a endividamento superior a R$ 1 bilh�o. “Ningu�m vende pelo prazer de vender. Se estivesse forte, n�o venderia, compraria”, afirma Rubez sobre a situa��o da LBR. Na vis�o de produtores parceiros da Itamb�, a uni�o de for�as entre as duas empresas permite a Itamb� acelerar o ritmo de crescimento, comprometido nos �ltimos pela indisponibilidade de recursos para investimento.
Crescimento O presidente da Cooperativa de Produtores de Abaet� (Cooperabaet�), uma das 31 filiadas � Itamb�, Henrique Sousa Saldanha, destaca o fato de a fus�o ter sido feita somente nos setores de latic�nios, deixando de fora os de ra��o e armazenagem. “A Itamb� vinha crescendo, mas n�o no ritmo adequado. A compra � importante para o crescimento e fortalecimento da empresa no mercado”, afirma.
Opini�o semelhante tem o presidente da Cooperativa de Produtores de Par� de Minas (Coopergranel), Tarcizo de Melo Mendes. A amplia��o da capacidade produtiva da planta instalada na cidade deve beneficiar a regi�o, que hoje produz 150 mil litros de leite por dia. Ele vislumbra dois importantes pontos da negocia��o: a uni�o de duas empresas brasileiras e o foco maior no setor l�cteo. “O refrigerado hoje � o mais rent�vel para l�cteos. O pre�o do leite em p� no mercado externo ficou impratic�vel”, avalia Mendes.
Palavra de especialista
Guilherme Olinto, diretor-executivo do Sindicato da Ind�stria de Latic�nios do Estado de Minas Gerais (Silemg)
Impacto � positivo
“Acreditamos que a fus�o entre Itamb� e Vigor ser� ben�fica para todos os atores da cadeia produtiva. As duas empresas sempre investiram em programas de qualidade do leite e na capacita��o para a gest�o das propriedades rurais, o que dever� ser incrementado a partir dessa uni�o. Para o setor industrial � esperada a implanta��o de melhorias na produ��o, de acordo com padr�es internacionais, al�m da abertura do mercado internacional para produtos com maior valor agregado e o investimento em novas tecnologias para expans�o do mercado nacional. Mas, sem d�vida, o principal beneficiado ser� o consumidor, que ter� � sua disposi��o uma grande variedade de produtos, ofertados por uma empresa com maior capacidade competitiva, o que levar� ao mercado pre�o, variedade e qualidade. ”