Aposentado h� uma d�cada e meia, Fernando Henrique Soares, de 74 anos, continua como vendedor na Casa Cabana, uma tradicional loja de chap�us e acess�rios no Centro de Belo Horizonte, por dois motivos: complementar a baixa renda garantida pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e porque avalia que ainda tem muita disposi��o para contribuir com a economia do pa�s. “O benef�cio recebido do INSS corresponde a pouco mais de um sal�rio m�nimo (R$ 678). Preciso, portanto, permanecer na ativa. E tamb�m n�o gosto de ficar parado”, refor�ou o homem, cuja hist�ria ajuda a ilustrar um estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea).
Batizada de Envelhecimento populacional, perda de capacidade laborativa e pol�ticas p�blicas, a pesquisa constatou que os homens brasileiros que recebem a aposentadoria por tempo de contribui��o podem “esperar passar”, em m�dia, mais sete anos e tr�s meses trabalhando. No caso das mulheres, cinco anos e quatro meses. Em outras palavras, as autoras do texto – Ana Am�lia Camarano, t�cnica de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Pol�ticas Sociais do Ipea, e as bolsistas Solange Kanso e Daniele Fernandes – conclu�ram que “os trabalhadores brasileiros come�am a receber o benef�cio da Seguridade Social antes de perderem a capacidade de trabalhar”.
Atualmente, o trabalhador se aposenta por tempo de contribui��o (35 anos para homens e 30 para mulheres) ou por idade (65 anos para eles e 60 para elas, desde que, independentemente do sexo, tenham contribu�do com o INSS por pelo menos uma d�cada e meia). As pesquisadoras do Ipea basearam o estudo em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), como a t�bua da vida, que mede a expectativa do brasileiro ao nascer. Em 2011, a dos homens era de 70,6 anos. A das mulheres, 77,7 anos.
Por�m, os homens que passaram a receber o benef�cio por tempo de contribui��o, segundo dados de 2010, se aposentaram aos 55,1 anos e o utilizaram, em m�dia, por 24,6 anos. As mulheres se aposentaram, em m�dia, aos 52,7 anos, recebendo o benef�cio por 31,3 anos. “Considerando que o aumento da esperan�a de vida tem sido acompanhado por melhorias nas condi��es de sa�de, e diante da preocupa��o com o envelhecimento ativo e a redu��o no futuro pr�ximo da oferta de for�a de trabalho, seria importante criar pol�ticas para manter o trabalhador na ativa o maior n�mero de anos poss�vel”, avaliaram as pesquisadoras no texto divulgado ontem.