Quatro dias depois de o governo ter anunciado desonera��o de PIS/Cofins de oito itens da cesta b�sica, consultorias privadas cortaram, na ter�a-feira, em at� 0,3 ponto porcentual a previs�o de infla��o para este ano. A possibilidade de um novo reajuste no pre�o da gasolina para o segundo semestre tamb�m ganhou for�a, dizem os consultores.
J� o governo federal estima a redu��o em 0,6 ponto porcentual e quer usar a tr�gua na infla��o para evitar uma eleva��o na taxa de juros. Os t�cnicos do governo avaliam que a economia est� pr�xima de acelerar, e uma alta nos juros pelo Banco Central poderia desarmar as expectativas otimistas.
A concess�o de um novo reajuste para a gasolina est� em estudo no governo, e o espa�o aberto no IPCA deu for�a aos integrantes da equipe econ�mica que defendem a a��o como forma de fortalecer a Petrobr�s. O reajuste que baliza os trabalhos do governo � de 6%, mas n�o h� decis�o quanto ao porcentual e o momento da eleva��o.
Previs�es
Na ter�a-feira, tr�s consultorias apresentaram suas novas previs�es para a infla��o. A LCA reduziu de 5,44% para 5,30% a estimativa do �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2013. A Tend�ncias revisou de 5,8% para 5,6% e a Rosenberg, de 5,8% para 5,5%.
Os c�lculos levam em conta um repasse parcial para o consumidor do corte de impostos nos oito itens da cesta b�sica. Entre carnes, a��car, caf�, �leo de soja, manteiga, creme dental, papel higi�nico e sabonete, o governo espera uma redu��o de 0,6 ponto porcentual na infla��o de 2013.
F�bio Rom�o, economista da LCA, calcula que, desse total, dois ter�os ser�o repassados aos pre�os. Com isso, a desonera��o da cesta deve retirar 0,41 ponto porcentual da infla��o. “Esper�vamos um IPCA de 0,47% para este m�s e agora projetamos 0 35%.” A expectativa menor de infla��o para mar�o reduziu o risco de estouro do teto da meta de 6,5% em 12 meses. “Talvez, por isso, a medida provis�ria de desonera��o tenha sido antecipada de maio para mar�o.”
At� fevereiro, o IPCA em 12 meses acumula 6,31%. Com o IPCA esperado de 0,47% para este m�s, o acumulado em 12 meses seria de 6,59% at� mar�o. Agora, com a nova proje��o para mar�o de 0 35%, o IPCA deve ser um pouco menor: 6,46%.
Alessandra Ribeiro, economista e s�cia da Tend�ncias, projeta impacto negativo da desonera��o no IPCA de 0,45 ponto porcentual e considera nas suas novas proje��es um dado importante: o custo das usinas termoel�tricas n�o ser� repassado para o consumidor. Segundo Alessandra, o cen�rio da infla��o em 12 meses ficou ligeiramente melhor depois da MP. Antes, ela projetava uma infla��o acumulada em 12 meses de 6,79% para este m�s. Agora prev� 6,49%.
Tha�s Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultores, projeta redu��o entre 0,3 e 0,4 ponto porcentual no IPCA por causa da ren�ncia fiscal. Por�m, ela n�o acredita que o pior j� tenha passado. Para Tha�s, junho ser� o m�s com maior possibilidade de o teto da meta de infla��o ser ultrapassado em 12 meses. “� verdade que esse risco diminuiu por causa da redu��o dos impostos, mas persiste porque est�o previstos reajustes das tarifas de transportes em S�o Paulo e no Rio.”
� consenso entre os economistas que a decis�o do governo de retirar impostos de itens b�sicos abriu espa�o a um novo reajuste da gasolina. “A situa��o da Petrobras � muito complicada”, diz Tha�s. “Deve ocorrer um novo aumento da gasolina, da ordem de 5%, no segundo semestre”, prev� Rom�o. Nas sua contas, o impacto seria de 0,23 ponto porcentual, somado a 0 06 ponto do etanol, que vai de carona por causa da mistura na gasolina.
“Al�m disso, tem o impacto do reajuste do diesel, que j� ocorreu”, diz o economista. Entre diesel, gasolina e etanol, ele projeta alta de 0,4 ponto na infla��o do ano, quase a mesma varia��o da queda na cesta b�sica. A diferen�a viria do c�mbio desvalorizado e do reflexo negativo de 0,1 ponto porcentual no IPCA.
