Diante de uma infla��o em alta e do elevado endividamento das fam�lias, o com�rcio perdeu for�a em fevereiro e as vendas encolheram 0,4% contra janeiro. Na compara��o com igual m�s do ano passado, o recuo foi de 0,2% — a primeira taxa negativa desde novembro de 2003 nessa base de compara��o. Os dados s�o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) e jogam o BC em uma encruzilhada. Com o baixo crescimento e a carestia pesada, se subir juros a autoridade monet�ria pode at� controlar a infla��o e as expectativas, mas, ao mesmo tempo, deixar� amea�ado o crescimento do pa�s.
Ainda segundo os dados do instituto, mesmo com as vendas do setor em baixa, as receitas cresceram 0,6%, avan�o que s� foi poss�vel em fun��o da alta de pre�os. No acumulado de 12 meses, o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) estourou o teto da meta ao registrar 6,59% em mar�o. Apenas o grupo alimenta��o, um dos mais importantes para o or�amento dos brasileiros, acumula infla��o de 13,49% no per�odo.
Segundo especialistas, essa escalada dos pre�os explica o aumento das receitas do varejo mesmo com queda do volume de vendas. “O setor de alimentos, que tem um peso muito grande, puxou o �ndice para baixo por conta da alta de pre�os muito acima da m�dia neste in�cio de ano”, explicou Reinaldo Pereira, gerente da Coordena��o de Servi�os e Com�rcio do IBGE. Pelos n�meros da pesquisa, o principal impacto negativo nas vendas do varejo veio do setor de hipermercados, supermercados, produtos aliment�cios, bebidas e fumo, segmento que caiu 1% entre janeiro e fevereiro. Na compara��o com igual per�odo do ano passado, o recuo foi de 2,1%.
Falta de confian�a
Para Alessandra Ribeiro, economista e s�cia da consultoria Tend�ncias, o indicador � preocupante. “Essa queda do varejo � reflexo da queda da confian�a do consumidor. O cr�dito est� desacelerando e o mercado de trabalho est� perdendo o �mpeto”, alertou. “Isso indica que o primeiro trimestre do ano n�o deve ser t�o bom quanto o governo espera. Quando se olha no detalhe, a produ��o da ind�stria cresce num m�s e cai no outro, e, portanto, ainda n�o d� para afirmar que a economia est� se estabilizando”, afirmou. Para a economista, o BC vem errando desde 2011 na condu��o da pol�tica monet�ria. “Ele n�o devia ter feito aquele movimento agressivo que levou a Selic a 7,25% ao ano. Agora estamos pagando a conta dessa leni�ncia”, criticou.
Segundo analistas, o BC e a equipe econ�mica levaram o pa�s a uma encruzilhada perigosa, em que tanto a infla��o quanto a perda de produtividade e o baixo crescimento se tornaram problemas s�rios. “As medidas de prote��o, o microgerenciamento de pol�ticas pelo governo, a mudan�a de regime macroecon�mico, a instabilidade regulat�ria, entre outros problemas, t�m levado o pa�s a uma situa��o de restri��o de capacidade de crescimento”, argumentou Ulisses Ruiz de Gamboa, s�cio da Pezco Microanalysis. (Com Rosa Hessel)
PIB sem f�lego
Depois da queda das vendas do com�rcio, um recuo de 0,4% em fevereiro, a expectativa dos analistas � de que o �ndice de Atividade Econ�mica do Banco Central (IBC-Br) tamb�m fique no vermelho e apresente uma retra��o entre 0,5% e 1%. O indicador tenta prever o comportamento da economia antes da divulga��o do Produto Interno Bruto (PIB) do per�odo e ser� divulgado na manh� de hoje. Al�m do varejo, o IBC-Br foi derrubado pelo resultado da produ��o industrial, que encolheu 2,5% em fun��o do menor n�mero de vendas de caminh�es. Com o resultado do m�s, o trimestre deve crescer no m�ximo 0,6%, segundo a previs�o de analistas.
Desempenho em BH � positivo no bimestre
As vendas no com�rcio em Belo Horizonte subiram 3,79% no primeiro bimestre, superando o �ndice apurado pelo varejo no Brasil (2,9%) e em Minas Gerais (0,7%) no per�odo, segundo dados divulgados ontem pela C�mara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). O indicador do com�rcio na capital mineira, no confronto entre fevereiro de 2013 e o mesmo m�s do exerc�cio passado, tamb�m foi positivo: 2,73%. J� o do pa�s e o de Minas ficou negativo em 2,2%. Em rela��o a janeiro, as vendas no varejo ca�ram 0,3% em fevereiro.
O presidente da CDL-BH, Bruno Falci, atribuiu o desempenho do setor �s baixas taxas de desemprego, � expans�o do cr�dito e ao juro baixo: “O cen�rio econ�mico nos meses iniciais de 2013 continua favor�vel ao aumento do consumo. Tais incentivos, combinados com o aumento da renda e taxa de desemprego em patamares baixos, colaboram para que a popula��o consuma mais”. Na capital, a alta dos pre�os n�o reduziu o consumo.
Em rela��o � taxa de juro, por�m, � forte a expectativa de que o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) eleve a Selic, atualmente em 7,25% ao ano, para 7,5%, j� na semana que vem. A alta, na vis�o de especialistas, � necess�ria para conter a infla��o: o IPCA no acumulado dos �ltimos 12 meses atingiu 6,59% e estourou o teto da meta do governo.
Os segmentos que mais se destacaram, em BH, na compara��o entre o primeiro bimestre de 2013 e o mesmo per�odo de 2012 foram: papelarias e livrarias (7,07%), artigos diversos (4,43%), m�quinas, eletrodom�sticos, m�veis e lou�as (4,29%), ferragens, material el�trico e de constru��o (3,07%), tecidos, vestu�rio, armarinho e cal�ados (3,01%), supermercados e produtos aliment�cios (1,98%).
No estado Em n�vel estadual, segundo o estudo do IBGE, o varejo acumulou alta de 5,7% em 12 meses, encerrados em fevereiro – a CDL n�o calcula o desempenho nesse per�odo. O indicador registrado em Minas ficou abaixo do nacional (7,4%). Dos oito itens pesquisados, seis apuraram crescimentos. Os destaques negativos vieram do mercado de livros e papelaria (queda de 0,9%) e do segmento de equipamentos para escrit�rios (-2,9%).
J� o de m�veis e eletrodom�sticos, impulsionado pela redu��o do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), apurou a maior alta no intervalo: 18,7%. O grupo outros artigos de uso pessoal e dom�stico tamb�m teve �timo desempenho, com crescimento de 18,5%.