Localizados em �reas nobres de BH, clubes esportivos chamam aten��o de construtoras

Criados em sua maioria h� mais de meio s�culo e parte deles com terrenos doados pela prefeitura, os clubes esportivos e sociais de Belo Horizonte ocupam espa�os pra l� de nobres da capital. A associa��o de lotes gigantescos com alto valor do metro quadrado de bairros das regi�es Centro-Sul e da Pampulha faz com que empreendedores cres�am o olho, principalmente num per�odo de recupera��o financeira das entidades. Em alguns casos, as cartadas surtem efeitos. Parte dos im�veis s�o cedidos e a parceria torna-se solu��o para os clubes terem condi��es de voltar a investir e atrair novos e antigos s�cios.

O caso do Barroca T�nis Clube, no Bairro Gutierrez, � emblem�tico. Com uma d�vida de R$ 3 milh�es, o clube cortou na carne: aceitou uma proposta das construtoras Patrimar e Direcional e cedeu 2,4 mil metros quadrados para que fosse erguido um edif�cio. Em troca, as empresas quitaram o d�bito e ainda investiram aproximadamente R$ 2,5 milh�es na constru��o de quadras de esportes, sal�o de jogos, bar, lanchonete e estacionamento. “Resolveu nosso problema financeiro e ganhamos espa�o de lazer. Foi dif�cil ‘vender o peixe’, mas hoje todo mundo entende que a realidade n�o poderia ser melhor”, afirma o presidente do Barroca, Giovani Magalh�es.

Os resultados j� s�o vis�veis. Apesar de ainda n�o terem sido inauguradas todas as novas instala��es, o n�mero de associados aos poucos volta a crescer e a inadimpl�ncia retorna a n�veis baixos. O total de s�cios atingiu a marca de 710, bem abaixo dos quase 2 mil de 20 anos atr�s. Hoje est� em crescimento: s�o 850 e os planos s�o de chegar a 1,2 mil para permitir equil�brio econ�mico e novos investimentos. O s�cio Roberto Carlos do Nascimento aproveita a proximidade de casa para desfrutar ao lado da esposa dos benef�cios do clube. Na prefer�ncia pessoal, apesar de todas as melhorias, piscina e sa�na ainda s�o imbat�veis. “� l� que me encontro com os amigos para tomar cerveja”, diz ele, que, com as restri��es da Lei Seca, aproveita para voltar a p� para casa.

REORGANIZA��O Pioneiro nesse tipo de parceria, o Esporte Clube Gin�stico cedeu o antigo gin�sio para a constru��o de um supermercado e ao lado tamb�m foi constru�da uma academia. Com o caixa fora do vermelho, as associa��es permitiram ao clube voltar a investir na recupera��o do quadro social. Nos �ltimos dois anos, o crescimento do n�mero de associados � de 25%, e aos poucos, o clube aproxima-se da marca limite de cotas. Hoje s�o 320 cotistas propriet�rios (al�m dos 50 usu�rios) e o m�ximo comportado � 450. “Conseguimos reorganizar o clube e voltar a prestar um servi�o de qualidade”, afirma o presidente M�rcio Tibo, reiterando que as perdas de espa�o foram compensadas. No caso do gin�sio, um centro de treinamento no Bairro Buritis foi cedido, e quanto � academia, os associados t�m desconto de 50% na mensalidade.

Assim como o Barroca, que, segundo n�meros do mercado imobili�rio vale R$ 40 milh�es (considerando a �rea de 8 mil metros quadrados e o valor m�dio de R$ 5 mil para cada metro quadrado da regi�o), outros clubes t�m em m�os patrim�nio invej�vel. O Minas T�nis Clube � o principal exemplo. Localizadas em dois dos bairros mais nobres da cidade – Lourdes e Mangabeiras –, as unidades 1 e 2 do clube t�m juntas �rea de 104 mil metros quadrados, al�m dos espa�os de mais de 350 mil metros quadrados do Country e do N�utico. Mas, com n�mero recorde de associados (72 mil), o clube consegue expandir sem necessitar desse tipo de parceria.

Situa��o semelhante � do Minas vive o Jaragu� Country Club. Diferentemente da maioria dos clubes, ele n�o sofreu com a perda de associados em raz�o da expans�o dos condom�nios verticais com �reas de lazer, tendo atingido o teto do n�mero de s�cios e visto explodir o valor da cota, hoje a R$ 10 mil, mas sem disponibilidade para venda, exceto caso algum s�cio queira vender. “Apesar de destinados � classe m�dia, a maioria dos pr�dios da regi�o n�o tem estrutura de lazer”, justifica o presidente do clube, Felizberto G�es. A manuten��o do n�mero de s�cios permitiu a aquisi��o de terrenos nas proximidades para expans�o do clube, al�m da melhoria de instala��es, como a constru��o de piscina aquecida. “Nosso caso n�o � permitido esse tipo de parceria. Queremos � crescer”, afirma G�es, que, al�m da expans�o, investe na programa��o social para manter o clube sempre cheio, como festas, torneios de esportes e eventos voltados para crian�as e para a terceira idade.

Renda extra limenta retorno

O aumento da renda dos brasileiros nos �ltimos anos tamb�m est� na lista de fatores respons�veis por reacender a paix�o dos belo-horizontinos por clubes. Com mais dinheiro no bolso, fam�lias que antes se viram obrigadas a riscar gastos com lazer das contas conseguem reviver momentos do passado. No caso do Iate T�nis Clube, a perda de associados entre meados dos anos 1990 e os primeiros anos do novo s�culo comprova a liga��o direta. “A �ltima coisa em que a pessoa investe � o lazer. O clube � um deles. A economia est� est�vel. Ai � hora de tentar atrair”, resume o vice-presidente do Iate, Zaner de Ara�jo Abreu.

Os pre�os das cotas de alguns dos principais clubes de Belo Horizonte variam de R$ 600 a R$ 40 mil, cobrados por Labareda e Minas T�nis Clube, respectivamente. Mas na hora de escolher a melhor op��o � preciso comparar tamb�m o valor mensal dos condom�nios e o n�mero de dependentes inclu�dos em cada plano. No Minas, por exemplo, a mensalidade � de R$ 200 e filhos de at� 17 anos pagam apenas R$ 12. Enquanto isso, o Campestre cobra R$ 464, mas � poss�vel incluir na lista de usu�rios pais e sogros acima de 75 anos, al�m de os filhos n�o pagarem acr�scimo at� os 23 anos. (PRF)