As empresas de pa�ses emergentes est�o se endividando muito e o volume de empr�stimos em moedas estrangeiras tem crescido a taxas recordes. Brasil, Turquia, China, Tail�ndia, Chile e Filipinas s�o os pa�ses em que as corpora��es mais se alavancaram desde 2007, ano anterior ao in�cio da crise financeira mundial, de acordo com o relat�rio Estabilidade Financeira Global, divulgado nesta quarta-feira, 17, na reuni�o de primavera do Fundo Monet�rio Internacional (FMI).
Para o Brasil, apesar da maior alavancagem das empresas e do crescimento das capta��es no exterior, o relat�rio nota que a exposi��o das grandes corpora��es a moedas estrangeiras parece estar menor agora do que era na �poca em que o banco Lehman Brothers quebrou, no segundo semestre de 2008, mesmo quando se considera essa exposi��o pelo mercado de derivativos. Logo ap�s a fal�ncia do banco norte-americano, o cr�dito banc�rio secou, o d�lar disparou e empresas como Aracruz e Sadia tiveram problemas em seus balan�os por causa de derivativos atrelados ao d�lar.
As emiss�es corporativas de pa�ses emergentes bateram em quase US$ 600 bilh�es em 2012, enquanto as capta��es por meio de ofertas de a��es recuaram para cerca de US$ 100 bilh�es, de acordo com dados do relat�rio. O quadro do ano passado � o inverso de 2007 ou 2010, quando as emiss�es de renda vari�vel superaram as de renda fixa. O FMI argumenta que a alavancagem das empresas ainda n�o � excessiva, mas se esse ritmo for mantido pode representar um risco, pois elas est�o mais expostas �s varia��es das moedas estrangeiras e juros.
Esse maior endividamento � uma consequ�ncia da pol�tica monet�ria pouco convencional dos bancos centrais dos pa�ses desenvolvidos, destaca o FMI. Se mantida por muito tempo, pode ser um risco ao sistema financeiro e aos bancos e provocar fluxos intensos de capital rumo aos mercados emergentes. Se revertida e os juros subirem no mundo desenvolvido, pode representar um risco para as empresas mais endividadas. Nos �ltimos cinco anos, os empr�stimos em moeda estrangeiras das empresas dos emergentes cresceram 50%, segundo o relat�rio.
Em um cen�rio de juros muito baixos nos pa�ses desenvolvidos, gra�as � estrat�gia dos bancos centrais para estimular a economia, e com um mercado de a��es mais dif�cil para emiss�es, muitas empresas de mercados emergentes t�m tomado empr�stimos com taxas menores em moeda estrangeira. A presidente do Fundo, Christine Lagarde, j� havia ressaltado este ponto durante palestra em almo�o em Nova York na semana passada.
Para as corpora��es muito endividadas, o FMI sugere uma combina��o de venda de ativos ou redu��o no pagamento de dividendos e investimentos como forma de equacionar os passivos das empresas.
Outra consequ�ncia das pol�ticas monet�rias dos bancos centrais � uma realoca��o nas carteiras de grandes investidores institucionais, como gestoras de recursos, seguradoras e fundos de pens�o. Com juros baixos, esses agentes s�o estimulados a buscar ativos de maior risco, atr�s de ganhos maiores. Isso pode distorcer a forma��o de pre�os dos ativos financeiros, formando bolhas em determinados mercados. "Enquanto os benef�cios dessas pol�ticas monet�rias s�o evidentes, os efeitos colaterais precisam ser monitorados e controlados", ressalta o documento.