O embaixador brasileiro Roberto Azev�do deve entregar um dos postos-chave na Organiza��o Mundial do Com�rcio (OMC) � China, assegurando, pela primeira vez, um cargo de alto escal�o na entidade para Pequim e a influ�ncia dos chineses no futuro desenho das regras do com�rcio mundial. A negocia��o faz parte dos acordos entre Brasil e China para garantir que o maior exportador mundial pusesse todo o peso em defesa de Azev�do na elei��o. Pragm�tico, o brasileiro que venceu a elei��o para diretor-geral da OMC nesta semana tamb�m distribuir� cargos aos Estados Unidos e � Europa, regi�es que n�o votaram nele, mas se comprometeram a n�o bloquear o nome. A �frica, de onde veio mais de um ter�o dos votos de Azev�do, tamb�m ganhar� um cargo.
Na OMC, o embaixador brasileiro ter� de nomear quatro vice-diretores-gerais que ser�o respons�veis por determinadas �reas da negocia��o e da estrutura da organiza��o. Negociadores revelaram que Azev�do teria, informalmente, indicado a China, Europa, EUA e �frica que eles ocupariam os quatro cargos estrat�gicos. Oficialmente, n�o h� nada definido.
H� dois dias, questionado pela imprensa chinesa sobre o papel de Pequim na OMC, o embaixador foi categ�rico. “A OMC era uma antes da entrada da China e � outra agora.” Pequim aderiu � entidade em 2001 e hoje � um dos membros mais ativos. Nesse per�odo, transformou-se no maior exportador e na segunda maior economia do mundo. Mas tamb�m viu uma prolifera��o de disputas contra as pr�ticas comerciais, acusadas de violar as regras internacionais.
N�o � segredo para ningu�m que a China, desde que entrou na OMC, buscou uma posi��o de influ�ncia. O atual diretor, o franc�s Pascal Lamy, n�o aceitou abrir espa�o na c�pula da entidade para um chin�s. No segundo mandato que termina neste ano, Lamy foi pressionado por Pequim para que um dos postos fosse reservado � China. Mas se recusou.
Os chineses n�o hesitaram em apoiar o nome de Azev�do e bancaram desde os primeiros dias o brasileiro. No melhor estilo, a diplomacia chinesa n�o deu declara��es de for�a e optou at� mesmo por pedir que a c�pula de Brasil, R�ssia, China, �ndia e �frica do Sul (Brics) n�o anunciasse um apoio formal ao brasileiro para n�o marc�-lo como um nome dos emergentes.
Outro “pagamento” que Azev�do far� � com a escolha de um diplomata da �frica Subsaariana para outro posto de vice-diretor. O continente teria assegurado cerca de 40 votos ao brasileiro e foi decisivo na elei��o. O governo norte-americano manter� um dos cargos de vice-diretor, posto que lhe � cativo desde a cria��o da organiza��o. Azev�do ter� um grande desafio: convencer a administra��o do presidente Barack Obama a voltar a dar aten��o � OMC. Entre os europeus, o embaixador tentar� escolher um nome de um dos pa�ses que o apoiaram. A Uni�o Europeia (UE) rachou na vota��o. Gr�-Bretanha e Holanda seriam dois pa�ses que n�o seriam atendidos.