Desde que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tomou posse, a discord�ncia dentro da institui��o nunca foi t�o latente. O desgaste com o mercado e com a sociedade, sobretudo depois que os �ndices de custo de vida estouraram o teto da meta de infla��o, e a submiss�o da institui��o ao Pal�cio do Planalto e ao Minist�rio da Fazenda levaram o diretor de Pol�tica Econ�mica, Carlos Hamilton Ara�jo, a pedir demiss�o duas vezes. A primeira, conforme integrantes do governo, quando a presidente Dilma Rousseff estava na �frica do Sul, no fim de mar�o. A segunda durante a �ltima reuni�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom), em maio.
Os relatos sobre os pedidos de demiss�o de Hamilton foram colhidos com integrantes da equipe econ�mica e economista do mercado que teriam ouvido a hist�ria de diretores do BC. Segundo eles, a tens�o se instalou de vez no BC em 27 de mar�o, quando Dilma afirmou, em Durban, na �frica do Sul, n�o acreditar em "pol�ticas de combate � infla��o que olhem a redu��o do crescimento econ�mico".
A declara��o de Dilma soou como amea�a e Ara�jo, o maior defensor do arrocho para conter os reajustes disseminados de pre�os, achou que deveria pular fora do barco. S� concordou em ficar depois dos fortes apelos de Tombini e de colegas do BC. Sua sa�da poderia abrir uma enorme crise no governo. � �poca, ele rebateu publicamente a afirma��o da presidente na �frica do Sul. “A experi�ncia internacional e a teoria econ�mica apontam infla��o baixa e est�vel como pr�condi��o para o crescimento sustent�vel."
Os argumentos de Carlos Hamilton, � �poca, causaram como��o no mercado, e o BC logo tratou de difundir que o discurso havia sido combinado com Tombini, tentando encobrir os sinais claros de diverg�ncias no comando da institui��o. O presidente do BC come�ou a dar indica��es de que se alinharia ao subordinado apenas em 15 de maio, depois que pesquisas internas do Planalto passaram a indicar que a presidente tinha perdido sete pontos nas inten��es de votos para 2014 por causa da disparada da infla��o. Em 29 de maio, o Copom elevou, por unanimidade, a Selic em 0,5 ponto percentual, para 8% ao ano, o dobro do ajuste feito 45 dias antes. Nesse mesmo dia, Hamilton voltou a pedir demiss�o, por entender que o aperto monet�rio foi mais pol�tico do que t�cnico. Mais uma vez foi convencido a ficar para n�o abrir crise no governo.
Procurado pela reportagem, o BC negou, por meio de nota, que Carlos Hamilton tenha pedido demiss�o. "A assessoria de imprensa do Banco Central desmente, categoricamente, a informa��o de que o diretor de Pol�tica Econ�mica do Banco Central, Carlos Hamilton Ara�jo, esteja demission�rio ou mesmo que tenha chegado a pedir demiss�o.”