Os servi�os de quarta gera��o (4G) de telefonia m�vel entram em funcionamento no Brasil em um momento em que a tecnologia anterior, o 3G, ainda n�o est� consolidada no mercado. Isso traz um desafio adicional �s operadoras, que precisam instalar a rede de 4G sem deixar de lado os aportes na melhoria da qualidade da problem�tica terceira gera��o. A aposta do setor � de que o 4G possa descongestionar o 3G.
A expectativa, por�m, � de que essa transi��o de usu�rios da terceira para a quarta gera��o ganhe corpo apenas em cinco ou seis anos, diz o s�cio-diretor da Pezco Microanalysis, Cleveland Teixeira. “N�o d� para vender a ilus�o de que tudo vai funcionar at� a Copa do Mundo”, afirma. Segundo ele, a falsa impress�o de que o servi�o estar� dispon�vel pode desgastar ainda mais a rela��o entre os consumidores e as empresas de telefonia. “Talvez fosse melhor resolver o problema do 3G em vez de obrigar as empresas a investir no 4G”, avalia.
Enquanto se discute a implanta��o da quarta gera��o de telefonia, o uso da rede 3G vem avan�ando rapidamente, aumentando os riscos de congestionamentos do servi�o. Em junho, a banda larga m�vel 3G chegou a 77,4 milh�es de usu�rios, correspondentes a 29,1% da base de telefonia do Pa�s. Enquanto os acessos via 3G cresceram 43% nos �ltimos 12 meses, os realizados por meio da tecnologia GSM (2G) recuaram 7,5%, para 180,6 milh�es. Ou seja, 15 milh�es de acessos da segunda gera��o foram desconectados em um ano.
O diretor executivo do sindicato das operadoras de telecomunica��o (Sinditelebrasil), Eduardo Levy, admite que os servi�os 3G enfrentam problemas. Para ele, a falta de uma legisla��o espec�fica para a instala��o de novas antenas � uma das causas. “Vivemos um situa��o injusta: de um lado temos uma lei que nos impede de instalar novas antenas de celular, e, por outro lado, a Anatel nos cobrando por melhores servi�os”, diz. Em um ano, as instala��es de antenas subiram 40%, para cerca de 15 por dia. “Mas precisar�amos de 25 por dia, ainda mais pelo 4G”, conclui Levy.
Na avalia��o do diretor da �rea de consultoria para telecomunica��o da Deloitte, Rog�rio Roman, as teles convivem com o desafio de trazer rentabilidade � sua base de usu�rios usando as diversas tecnologias. “� preciso investir para garantir cobertura e qualidade, mas sem abrir m�o de novas receitas (como os ganhos futuros em 4G)”, diz Roman, acrescentando que a receita com produtos tradicionais, como de voz ou mensagem de texto, trafegados numa rede de 2G, vem caindo.
Para Vinicius Dalben, diretor de opera��es da Huawei, empresa que fornece equipamentos �s teles, a amplia��o da cobertura 3G � essencial para a redu��o das zonas sem sinal da cobertura de quarta gera��o. Ele observa que as operadoras t�m revisado para cima seus planos de expans�o das redes destinados a dar uma maior abrang�ncia de cobertura ao 3G. “Est� havendo um aumento entre todas as classes de consumidores de internet m�vel, obrigando as empresas a ampliar o foco na infraestrutura da terceira gera��o.”
A presidente do Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Servi�os em Telecomunica��es (Sinstal), Vivien Suruagy, tamb�m demonstra preocupa��o com o lan�amento do 4G, uma vez que ainda faltam avan�os no 3G. “O 4G brasileiro pode acabar sendo para ingl�s ver. Est� sendo constru�da uma casa sem funda��o”, compara.
Obriga��es
A inten��o do governo e da Ag�ncia Nacional de Telecomunica��es (Anatel) � usar a licita��o de uma nova faixa de frequ�ncia destinada ao 4G, de 700 megahertz (MHz), prevista para abril de 2014, como contrapartida � antecipa��o da universaliza��o da cobertura 3G, de 2018 para 2017 ou at� mesmo 2016. Segundo o presidente da Anatel, Jo�o Rezende, seria poss�vel antecipar, nos pr�ximos tr�s anos, a cobertura 3G em 1,5 mil munic�pios. Segundo levantamento da consultoria Teleco, em junho, a Vivo operava 3G em 3,1 mil cidades, Claro em 1,1 mil, TIM em 898 e a Oi em 864.
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