
A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econ�mico e a Prefeitura de Belo Horizonte devem entregar no m�s que vem � Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportu�ria (Infraero) o plano de desenvolvimento que deve direcionar os rumos do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade, na Pampulha, pelos pr�ximos anos. A proposta � permitir que ele foque na avia��o executiva e regional, deixando para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, os voos interestaduais e internacionais. O estudo, elaborado pela empresa de consultoria KED Consultantes, � usado como argumento do governo estadual para incentivar as empresas a participar do leil�o de privatiza��o de Confins. Elas estariam receosas por n�o saber ao certo o que seria feito do terminal da Pampulha.
Pelo estudo, o aeroporto teria capacidade para receber mais de 300 jatos executivos, fortalecendo a avia��o executiva, inclusive com a cria��o de uma aduana para controle da entrada e sa�da de mercadorias de voos internacionais. Segundo estimativa, somente o setor de manuten��o de aeronaves seria capaz de gerar aproximadamente 3 mil vagas de emprego. “Queremos estimular fortemente a avia��o executiva. � um projeto para fortalecer a nova centralidade do contorno da Pampulha”, afirma o subsecret�rio de Investimentos Estrat�gicos da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econ�mico, Luiz Ant�nio Athayde.
O governo estadual quer ainda que a Pampulha funcione como um terminal complementar ao aeroporto de Confins para permitir que at� 2016 sejam 30 cidades mineiras com voos regulares para a capital. O masterplan para o aeroporto inclui tamb�m o que est� previsto para o desenvolvimento da regi�o situada a at� 10 minutos do terminal. O planejamento assemelha-se ao que � feito pelo governo estadual na forma��o da aerotr�polis (cidade-aeroporto), tendo Confins como eixo principal.
A destina��o do aeroporto � um dos questionamentos apresentados pelas empresas interessadas na concess�o do aer�dromo internacional. As poss�veis concession�rias temem que a Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac) revogue a portaria que desde 2007 limita as opera��es a aeronaves de at� 75 lugares. Caso isso ocorra, a Pampulha poderia atrair voos dom�sticos, o que afetaria o fluxo em Confins e, por consequ�ncia, alteraria a taxa de retorno. Em entrevistas recentes, o chefe da Secretaria de Avia��o Civil (SAC) da Presid�ncia da Rep�blica, ministro Moreira Franco, afirmou que Belo Horizonte teria um aer�dromo voltado para a avia��o executiva, repetindo os projetos do Rio de Janeiro e de S�o Paulo, onde as unidades ser�o privadas.
NOVOS RUMOS Nas audi�ncias p�blicas presenciais para discutir a minuta do edital de concess�o de Confins e do Gale�o, os representantes da Secretaria de Avia��o Civil da Presid�ncia da Rep�blica foram incisivos em afirmar que o contrato n�o pode determinar os rumos da Pampulha e de outros terminais. “O estudo influencia fortemente o Aeroporto Internacional Tancredo Neves para mostrar que n�o h� concorr�ncia com a Pampulha. N�o h� uma concorr�ncia predat�ria entre ambos”, afirma o subsecret�rio.
Antes de terem sido estabelecidas as restri��es, o Aeroporto Carlos Drummond de Andrade tinha fluxo bem superior. Em 2004, foram 3,2 milh�es de passageiros, enquanto no ano passado o n�mero de passageiros representou menos de um quarto desse total: 774,88 mil. J� no aeroporto de Confins os n�meros foram inversos: sa�ram de 388,58 mil em 2004 para 10,39 milh�es de passageiros transportados em 2012.
Segundo a Infraero, atualmente, o aeroporto da Pampulha tem 62 voos por dia de segunda a sexta-feira; 27 aos s�bados e 26 aos domingos. Do total, 17 s�o para cidades em estados vizinhos (Cabo Frio, no Rio de Janeiro; Guarulhos, Campinas e Ribeir�o Preto, em S�o Paulo). Al�m disso, s�o sete liga��es com cidades mineiras (Arax�, Governador Valadares, Ipatinga, Uberl�ndia, Uberaba, Montes Claros e Patos de Minas).
Passageiros apreensivos com mudan�a prevista
Entre os consumidores, a maioria com neg�cios – ou fam�lia – na Regi�o Central de Belo Horizonte prefere fazer voos pelo aeroporto da Pampulha. “O aeroporto da Pampulha deveria ter mais op��es de voos para S�o Paulo e Rio de Janeiro. Se tirar os voos interestaduais de l� vai ser muito ruim, vai complicar para a gente”, afirma Robson Pinheiro, terapeuta e autor de livros. Ele e o consultor William Martins viajam semanalmente para outros estados, como S�o Paulo, e para as regi�es Nordeste e Sul do pa�s.
Eles costumam viajar da Pampulha para Guarulhos (SP). Mas a volta � feita via aeroporto de Confins. “S� voltamos por Confins porque n�o h� outra op��o. Mas n�o d� para ficar ref�m do aeroporto, que � muito longe, falta vaga no estacionamento e o t�xi custa entre R$ 100 e R$ 120 at� o Centro da capital”, ressalta Pinheiro.
O empres�rio Ricardo C�sar Menossi mora em S�o Paulo e vem a Belo Horizonte a cada duas semanas de avi�o. Ele s� usa o aeroporto da Pampulha nos voos para Campinas (SP). “J� usei o aeroporto de Confins, mas l� � muito longe. Aqui fica perto das empresas que tenho que visitar”, diz. Se os voos interestaduais sa�rem da Pampulha, diz, sua log�stica vai complicar. “De Campinas eu vou para o interior de S�o Paulo. Acho o contr�rio, que deveria ter mais voos da Pampulha direto para S�o Paulo”, diz.

Saiba mais...
O setor da avia��o em Minas mant�m a pol�mica dos voos h� quase 10 anos, quando o aeroporto da Pampulha foi fechado para voos com aeronaves com capacidade acima de 50 assentos. Com a limita��o, grandes companhias a�reas concentraram suas opera��es em Confins, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), dividindo a opini�o da popula��o entre a comodidade de um aeroporto distante apenas oito quil�metros do Centro da cidade, por�m insuportavelmente cheio (na �poca), e a viagem de 40 quil�metros at� um aeroporto em outro munic�pio, que apesar de bem mais distante, oferece mais conforto e seguran�a aos usu�rios. O terminal da capital j� passava por grandes problemas desde o fechamento, por quest�es meteorol�gicas, como alagamentos em per�odos de chuvas. Enquanto isso, o aeroporto de Confins estava praticamente deserto e era conhecido como um “elefante branco”.