Tr�s meses depois de o Aeroporto Regional Presidente Itamar Franco, em Goian�, ficar sem voos comerciais regulares, o governo de Minas prepara licita��o para conced�-lo � iniciativa privada assim que terminar o contrato com a Multiterminais Alfandegados do Brasil. A proposta � firmar uma parceria p�blico-privada para a explora��o, administra��o, opera��o e manuten��o da unidade pelos pr�ximos 25 anos. Ao todo, pelo escopo do edital, devem ser investidos R$ 188 milh�es no per�odo. Os aeroportos de Pouso Alegre e Varginha, ambos no Sul de Minas, tamb�m devem entrar no programa estadual de concess�o de aeroportos.
A Secretaria Estadual de Transportes e Obras P�blicas abriu consulta p�blica da minuta do edital no s�bado. O documento est� dispon�vel para que todos os interessados possam fazer sugest�es e reclama��es at� 9 de outubro. Depois disso, � publicado um caderno com as respostas e parte delas podem ser incorporadas ao edital. Antes da abertura do processo licitat�rio � feita uma audi�ncia p�blica para apresentar a vers�o final do documento. Com isso, o leil�o deve ser realizado ao t�rmino da parceria com a atual gestora, em julho do ano que vem. A concess�o, segundo a Secretaria Estadual de Transportes e Obras P�blicas (Setop), � a primeira de uma s�rie de aeroportos regionais que devem ser administrados pela iniciativa privada, seguindo o mesmo que ser� adotado no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportu�ria (Jnfraero).
O foco log�stico do aeroporto de Goian� � parte da concep��o inicial do terminal, estabelecida no mandato do ex-governador Itamar Franco. � �poca, segundo o presidente da regional Zona da Mata da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Francisco Campolina, a ideia era formar ali um entreposto da Zona Franca de Manaus, permitindo que os produtos feitos l� fossem transportados para o aeroporto e, de l�, distribu�dos. Sem sair do papel, a unidade acabou vingando em Uberl�ndia. Em 2011, depois de investimento estadual, o terminal ficou pronto, mas detalhes como dificuldade de acesso e um morro na cabeceira da pista impediram que o projeto log�stico decolasse de vez. Com isso, em junho, a companhia a�rea Azul suspendeu opera��es no terminal, encerrando os voos para Guarulhos e Pampulha e transferindo para Juiz de Fora o voo rumo a Viracopos.
DESENVOLVIMENTO Recentemente, a atual administradora do terminal fez a retirada do morro que limitava o uso de parte da pista, garantindo a amplia��o da pista. Resta somente a Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac) homologar a pista para que o terminal volte a receber voos comerciais. Trata-se da segunda maior pista de pouso do estado, com 2,5 mil metros de extens�o. A administradora construiu tamb�m um terminal de cargas, inclusive com setor refrigerado, o que facilita a exporta��o de perec�veis. H� cerca de 60 dias foi conclu�do o posto alfandeg�rio, j� homologado pela Receita Federal. Outro obst�culo, a obra do contorno vi�rio de Juiz de For a, est� contratada pela Setop e vai facilitar a conex�o com a BR-040.
De acordo com a minuta do edital, o aeroporto ser� ampliado ao longo do contrato. Onze estudos obrigat�rias devem ser elaborados at� o terceiro ano de contrato. Entre eles, um para amplia��o da pista de pouso em 500 metros; pista de t�xi a�reo categorias C, D e E; novos p�tio e terminal de cargas. A revitaliza��o de 1 mil metros da rodovia de acesso tamb�m faz parte da lista. Outras 17 a��es est�o previstas a partir do d�cimo ano, desde que se atinja n�vel operacional que necessite das interven��es.
Ponte para o exterior
A Zona da Mata pode voltar a crescer em ritmo acelerado, caso o projeto do aeroporto de Goian� finalmente decole. A proposta do governo estadual � de que o terminal funcione de forma semelhante ao que � esperado do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, influenciando o crescimento de munic�pios pr�ximos. Na lista de produtos que podem ser beneficiados est�o rosas, frutas e l�cteos, incluindo o queijo.
Segundo o presidente da regional de Juiz de Fora da Fiemg, Francisco Campolina, a cidade est� apta a se tornar o principal polo log�stico do estado, capaz de concorrer at� mesmo com Viracopos e Cabo Frio no transporte de carga. O empres�rio aponta a proximidade do porto do Rio de Janeiro; a liga��o via BR-040 (com duplica��o prevista at� Bras�lia) e o eixo ferrovi�rio da MRS Log�stica como tr�s eixos fundamentais para impulsionar a economia da Zona da Mata. O presidente regional da Fiemg cita a f�brica da Mercedes-Benz como importante cliente. “Sessenta por cento das pe�as dos caminh�es s�o importadas. Em 2015, ser�o 30%. Mas isso j� gera uma demanda absurda”, afirma, ressaltando que a concession�ria ficar� respons�vel por atrair novos voos de carga.
Distante pouco mais de 100 quil�metros do aeroporto, os produtores de rosas de Barbacena podem ser beneficiados com o projeto. Desde 2008, o n�vel de exporta��o do produto caiu, devido, principalmente da crise internacional e do custo log�stico de um bem de baixo valor agregado. Atualmente, s� Portugal recebe as flores da regi�o. “Temos que avaliar o custo. Mas seria bem bacana”, diz a presidente da Associa��o Barbacenense dos Produtores de Rosas e Flores (Abarflores), Scheila Brand�o Loschi. Hoje o produto vai at� o Rio de Janeiro pela BR-040 – 300 quil�metros –, al�m de enfrentar o tr�nsito urbano da capital fluminense. A produtora vislumbra a possibilidade de sucesso semelhante ao das d�cadas de 1970 e 1980, quando as rosas mineiras iam para a Alemanha e eram distribu�das para o resto do continente europeu. � �poca, o mercado externo era o principal do neg�cio. (PRF)