
O governo quer segurar 13 milh�es de sacas de caf� – praticamente metade da safra mineira do gr�o – e com isso diminuir a oferta no mercado internacional e estimular a valoriza��o do produto. O plano foi destacado ontem pelo ministro da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento, Ant�nio Andrade, durante a abertura da Semana Internacional do Caf� e da reuni�o comemorativa dos 50 anos da Organiza��o Internacional do Caf� (OIC), no Expominas, em Belo Horizonte.
Segundo ele, os R$ 5,8 bilh�es em recursos que j� come�am a ser liberados para a cafeicultura ser�o suficientes para essa reten��o de estoque. “Esperamos recuperar os pre�os em curto tempo”, afirmou. Na composi��o dessa estrat�gia para a melhoria dos valores pagos aos produtores pelo caf� est�o os tr�s leil�es de contratos de op��es de venda – marcados para as tr�s pr�ximas sextas-feiras, dias 13, 20 e 27. Nos remates, os cafeicultores prometer�o as sacas de 60 quilos pelo pre�o firmado pelo governo, de R$ 343. Os contratos preveem a defini��o da entrega em 31 de mar�o de 2014.
Apesar de o “socorro” ser bem-vindo, em Minas – estado respons�vel por 54,4% da produ��o nacional da commodity – ele pode ter chegado tarde para muitos cafeicultores, sobretudo para os pequenos. Vale lembrar que a colheita j� terminou para a maioria e a cota��o m�dia da saca despencou de R$ 400 em 2012 para a m�dia atual de R$ 280. Nesse cen�rio, muitos j� venderam a maior parte da safra para pagar custos com insumos, m�o de obra e financiamentos banc�rios.
Lideran�as do agroneg�cio mineiro e cafeicultores do estado avaliaram que o “socorro” j� deveria ter ocorrido. “Quase 70% da safra j� foram colhidos. Se (os leil�es) sa�ssem antes, o resultado seria melhor. Por outro lado, � aquela coisa do velho ditado: antes tarde do que nunca”, avaliou Roberto Sim�es, presidente da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria de Minas (Faemg). “Poderia ter ocorrido antes. O custo de produ��o em algumas regi�es est� acima ou empatado com o pre�o de mercado”, afirmou Elmiro Nascimento, secret�rio de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento do estado, que tamb�m � cafeicultor.

Joaquim Luiz Neto, cafeicultor em Pedro Uni�o, no Sul do estado, tamb�m lamenta que os leil�es ocorram no fim da colheita: “Das 250 sacas, vendi 130. Oitenta est�o comprometidas para pagar o adubo e outros custos. O poder p�blico poderia ter se decidido pelos leil�es no primeiro trimestre”. Essa � a mesma opini�o de Alisson Bueno Rossi, de Muzambinho, outro munic�pio do Sul do estado: “Vendi 50% de minhas 400 sacas. Estou tentando segurar o restante, mas est� dif�cil”.
Da mesma forma opina Gilmar Baltar, fazendeiro em Vila Val�rio, no interior do Esp�rito Santo, segundo estado com a maior produ��o de caf� do pa�s (24% da safra): “J� vendi mais de 90% de minhas cerca de 3 mil sacas. Precisei quitar o empr�stimo no banco, pagar m�o de obra”.

O diretor-executivo da OIC, Rob�rio Silva, afirmou que os desafios do setor s�o gigantescos diante da crise de pre�os. E citou tamb�m as negocia��es para a busca de acordos com as quatro maiores torrefadoras de caf� do mundo para que as vendas do gr�o brasileiro beneficiado triplique nos pr�ximos anos. Ele acredita ser importante ter estrat�gias contra a instabilidade do mercado.
Safra recorde para ano de baixa
O Brasil vai colher 47,54 milh�es de sacas de caf� este ano, e Minas Gerais, 26,1 milh�es de sacas, segundo os dados divulgados ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) durante a Semana Internacional do Caf�. O volume da safra nacional � 6,46% menor do que a produ��o de 2012 (50,83 milh�es de sacas), mas o resultado permite duas leituras. A primeira: trata-se da maior safra nacional para um ano de baixa bienalidade. Vale lembrar que uma das caracter�sticas dessa cultura � ter alta produ��o num ano e baixa no seguinte. A segunda an�lise: a diferen�a entre a alta e a baixa bienalidade vem recuando.
Para ilustrar melhor o recorde da produ��o num ano de baixa bienalidade, basta recordar que a safra nacional em 2011 somou 43,48 milh�es de sacas. A de 2009, 39,47 milh�es. O aumento no confronto com 2013 e, conseguentemente a queda na diferan�a entre a alta e a baixa bienalidade, se devem a um conjunto de fatores, como a mecaniza��o. “Tamb�m �s inova��es tecnol�gicas, �s exig�ncias de mercado, � qualidade do produto e � boa gest�o da atividade”, esclareceu S�lvio Porto, diretor de Pol�tica Agr�cola e Informa��es da Conab, acrescentando que “para 2014, a safra n�o vai ultrapassar a do ano passado”. Um dos motivos � a redu��o do pre�o m�dio da saca de 60 quilos ao longo dos �ltimos meses.
O balan�o divulgado pela Conab revelou ainda que a �rea plantada soma pouco mais de 2,3 milh�es de hectares – recuo de 0,74% em rela��o � de 2012. A maior �rea est� concentrada em Minas (1,2 milh�o de hectares). Esse espa�o corresponde a 53,5% da �rea plantada no pa�s. (PHL)