A crise na avia��o civil fez as companhias a�reas brasileiras amargarem R$ 5 bilh�es de preju�zos nos �ltimos dois anos. As perdas se intensificaram em 2012 e somaram R$ 3,5 bilh�es, mais do que o dobro do ano anterior. Os dados s�o auditados e foram informados pelas empresas � Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil e divulgados na quarta-feira, 6, no Anu�rio do Transporte A�reo.
As l�deres de mercado TAM e Gol responderam por mais de 80% das perdas em 2012 -R$ 2,93 bilh�es, j� considerando o resultado da Webjet, que foi incorporada � Gol no ano passado. Do total de dez empresas listadas, apenas a Absa, cargueira controlada pela LAN e hoje incorporada � TAM Cargo, teve lucro no ano passado.
O anu�rio da avia��o civil, no entanto, mostra um cen�rio adverso tamb�m para as empresas menores. As perdas somadas de Azul e Trip, que est�o em processo de fus�o, atingiram R$ 380 milh�es em 2012, mais do que o dobro do registrado no ano anterior.
“As empresas correram para comprar avi�es e aumentar seu market share (participa��o de mercado) nos �ltimos anos. Fizeram guerra de tarifas e o pre�o da passagem caiu al�m do limite”, explica Jorge Leal, professor da USP e especialista em avia��o. “A conta chegou.”
Os n�meros comprovam a tese. A frota das companhias a�reas saltou de 416 aeronaves, em 2009, para 518, em 2012 - a maioria jatos de Boeing e Airbus. Para encher avi�es novos e maiores, as empresas reduziram o pre�o das passagens no per�odo, mesmo em cen�rio de alta do custo do combust�vel.
O valor m�dio de um bilhete a�reo caiu de R$ 383 para R$ 294 entre 2009 e 2012, segundo a Anac. No mesmo per�odo, o pre�o do barril de petr�leo, um dos principais fatores de precifica��o do querosene de avia��o, subiu de US$ 75 para US$ 100. Essa conta ficou ainda mais cara com a valoriza��o do d�lar frente ao real, que saltou da faixa de R$ 1,75, em 2009, para R$ 2, no ano passado.
“A deteriora��o do resultado das empresas � reflexo do aumento do combust�vel”, disse o consultor t�cnico da Associa��o Brasileira das Empresas A�reas (Abear), Adalberto Febeliano. Os dados da Anac apontam que o peso do combust�vel nos custos das empresas a�reas brasileiras saltou de 29,8% para 38,5% entre 2009 e 2012.
Ajustes
Depois de amargar preju�zos bilion�rios, a ind�stria de avia��o civil brasileira iniciou um ajuste de oferta e pre�o, em uma tentativa de recuperar a rentabilidade. Os pre�os das passagens a�reas voltaram a subir no segundo semestre do ano passado, ap�s sete semestres consecutivos de queda, segundo dados da Anac. Entre janeiro e junho deste ano, o pre�o m�dio das passagens a�reas nos voos nacionais foi de R$ 302,98, uma alta de 4,15% em rela��o aos valores praticados no mesmo per�odo de 2012.
Sem conseguir encher os avi�es com o pre�os maiores, as empresas cortaram voos menos rent�veis. O volume de passagens � venda em dezembro de 2012 era 7,4% abaixo do registrado um ano antes. E, em setembro deste ano, o �ltimo dado dispon�vel, a oferta se retraiu mais 2,94% em rela��o ao mesmo m�s de 2012.
O corte de voos refletiu tamb�m nos empregos. Depois de um ciclo de contrata��es expressivas, que elevaram em 25% o n�mero de trabalhadores do setor entre 2009 e 2011, o setor a�reo cortou vagas em 2012. O ano passado encerrou com 61.120 pessoas empregadas em companhias a�reas brasileiras, cerca de 600 a menos do que em 2011. Esse n�mero reflete o fim da Webjet e as demiss�es em massa na Gol, mas ainda n�o mostra o corte de vagas feito neste ano pela TAM.
Para o consultor da Abear, o emprego na avia��o passa por uma estabilidade. “O corte foi irris�rio perto do tamanho do preju�zo das empresas. � um setor altamente empregador”, disse Febeliano.
A expectativa dele � de que o ajuste de oferta e pre�o traga resultados melhores para o setor em 2013. “Espero preju�zos menores do que em 2012, mas n�o um retorno � lucratividade”, disse. Segundo ele, a desacelera��o da demanda e o aumento do d�lar mant�m um cen�rio adverso para a avia��o neste ano.