A Bolsa de Valores de S�o Paulo registrou, no ano passado, queda de 15,5%, um dos piores desempenhos entre as grandes bolsas mundiais, o que trouxe algumas li��es para os reguladores do mercado. O Ibovespa, ap�s seguir por 45 anos a mesma metodologia precisava mudar, pois a��es com grande liquidez mas de empresas n�o t�o grandes assim, como as da OGX do empres�rio Eike Batista geraram grande distor��es no �ndice. Por causa disso, come�am a valer, nesta segunda-feira, 6, novas regras para definir o peso das a��es no indicador.
“Ap�s a empresa entrar no Ibovespa, o que definia o peso de cada a��o era, basicamente, a liquidez dela no mercado”, afirma o analista do home broker Rico, Andr� Moraes. Assim, grandes companhias como a Ambev tinham representa��o menor do que em outros indicadores, que levam em conta o valor de mercado da empresa.
Moraes compara o peso da Ambev na carteira anterior do Ibovespa, de 1,67%, contra a participa��o de 8% no IBrX (listagem que considera as 100 maiores empresas do mercado). Com a nova metodologia, a empresa deve ganhar espa�o e passar a representar 3,79% do Ibovespa, segundo a terceira pr�via do �ndice divulgada na �ltima sexta-feira, 3.
Efeito X
“Eventos negativos, como foi a crise da OGX, faziam com que as a��es passassem a ser mais negociadas e ganhassem peso. Ou seja, mesmo com as a��es sendo vendidas e a empresa perdendo valor de mercado, ela aumentava a participa��o no �ndice”, explica o administrador de carteiras, F�bio Colombo. Segundo ele, 2013 foi um ano ruim para investimento em renda vari�vel e o Ibovespa acabou n�o representando como gostaria o mercado. “Essas distor��es fazem com que ele acabe n�o refletindo a economia”, afirma o analista da Rico.
Segundo Moraes, as antigas regras faziam com que o indicador ficasse muito concentrado em empresas de commodities, que em 2013 n�o tiveram bom desempenho e ajudaram a pressionar ainda mais o Ibovespa. Tamanha distor��o fazia com que parte do mercado j� utilizasse como par�metro para os neg�cios o IBrX em vez do Ibovespa, pois o indicador considera o tamanho da empresa na pondera��o de sua listagem.
A expectativa � de que, com as novas regras, o Ibovespa se torne mais diversificado, o que acaba diminuindo o risco do investidor que tem uma carteira que segue o �ndice. Segundo a terceira pr�via do Ibovespa, dever�o entrar na listagem as a��es da BB Seguridade, da EcoRodovias, Est�cio Participa��es, Even, Qualicorp e Tractabel, totalizando 72 ativos de 68 empresas. De acordo com a pr�via, as maiores participa��es dever�o continuar nas m�os de grandes blue chips: Petrobr�s PN (8,15%), Vale PNA (8%), Ita� Unibanco PN (6,9%), Bradesco PN (5,3%) e Petrobr�s ON (4%).
Novas regras
A partir de hoje, come�a a valer a primeira parte da s�rie de regras que definir�o a carteira do Ibovespa. Os demais crit�rios ser�o implementados em uma segunda fase, na pr�xima carteira que passa a vigorar em maio.
Nessa primeira etapa, uma das mudan�as diz respeito � exclus�o de a��es conhecidas como “penny stock”, pap�is que tiveram cota��o m�dia abaixo de R$ 1 nos �ltimos quatro meses. Nestes casos, pequenas varia��es de pre�os ocasionam grande volatilidade no �ndice.
Outra regra que j� passa a valer a partir de agora � que para ser inclu�da na listagem a a��o deve ter tido presen�a em 95% dos preg�es no per�odo das tr�s carteiras anteriores. Tal crit�rio far� com que empresas que abriram capital recentemente n�o participem do Ibovespa.
Para entrar no �ndice, a a��o dever�, ainda, estar no conjunto dos ativos com maior �ndice de Negociabilidade. Os pap�is dever�o somar 85% do indicador. “Anteriormente o porcentual era de 80%”, compara Moraes.
Na carteira que vigora de janeiro a abril tamb�m j� come�a a ser levado em conta para o c�lculo de participa��o no Ibovespa o valor de mercado da empresa pelo �ndice “free float”, com pondera��o de 50%. O free float � a parcela das a��es da companhia que se encontram em circula��o. A partir de maio, a pondera��o seguir� 100% o valor das a��es em circula��o.
Para evitar que apenas uma empresa distor�a o Ibovespa, a participa��o de um ativo de uma companhia (considerando as a��es ordin�rias, preferenciais e units) n�o poder� ultrapassar 20%. “Assim, se a empresa � muito grande mas as a��es possuem pouca liquidez tamb�m haver� um teto para o peso no indicador”, explica Moraes. Segundo a BM&FBovespa, “caso isso ocorra, ser�o efetuados ajustes para adequar o peso do ativo da companhia a esse limite”.