A evolu��o do mercado de trabalho, o ritmo de alta dos pre�os e as decis�es sobre a taxa b�sica de juros, a Selic, continuam preocupando o consumidor, de acordo com a sondagem realizada pela Funda��o Get�lio Vargas (FGV) em janeiro. Segundo a economista Viviane Seda, coordenadora da pesquisa, essa inseguran�a tem sido um fator de peso para a deteriora��o da confian�a, que retrocedeu a patamares de julho de 2009, mais pr�ximo � crise financeira.
A expectativa em termos de emprego, que antes tinha forte correla��o com a taxa de desocupa��o apontada pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, se descolou ap�s as manifesta��es de junho. "Depois das manifesta��es, o consumidor se mostrou ainda mais insatisfeito com o mercado de trabalho", disse Viviane. De l� para c�, contudo, a taxa de desemprego recuou at� os 4,6% verificados em novembro de 2013 - �ltimo dado dispon�vel o menor patamar da s�rie hist�rica.
"Isso tem a ver com o medo de n�o acontecer a mesma evolu��o do mercado de trabalho que ocorreu nos �ltimos anos. Ele j� v� desacelera��o na contrata��o de m�o de obra, ent�o a expectativa futura est� mais pessimista", explica Viviane. Em janeiro, a avalia��o sobre o emprego atual subiu 0,3% sobre dezembro, enquanto o indicador futuro caiu 0,7% na mesma compara��o. Os resultados s�o considerados est�veis, mas a tend�ncia � de queda, afirma a economista.
Infla��o e juros
A expectativa dos consumidores para a infla��o mostrou arrefecimento na passagem do m�s. A proje��o, que era de alta de 7,0% em dezembro, recuou para 6,8% em janeiro (taxa em 12 meses). Nos dados do relat�rio Focus, compilados pela FGV, as expectativas sa�ram de 6,2% para 6,1%. Segundo Viviane, a percep��o das fam�lias segue a tend�ncia da an�lise dos especialistas, ainda que esteja sempre em patamares superiores.
"Existem estudos que provam que as expectativas dos consumidores est�o sistematicamente acima dos especialistas, mas a tend�ncia � a mesma", explica Viviane. "Normalmente, o consumidor vai usar os pre�os com que ele lida no dia a dia, a infla��o particular dele. Ent�o, a infla��o pessoal do consumidor acaba sendo um pouco mais elevada do que a m�dia", acrescenta.
A perspectiva para a taxa de juros tamb�m est� em linha com o que diz grande parte do mercado: de que o ciclo de alta da Selic terminar� em breve. Com isso, o indicador que mede a expectativas dos consumidores para os juros nos pr�ximos meses teve alta de 5,5%. "Diminuiu a parcela dos que acreditam que os juros v�o subir, que � o que os pr�prios analistas est�o sugerindo", destaca a economista. Na sondagem de janeiro, 63,7% dos consumidores apostaram em nova alta de juros, contra 66,3% em dezembro.
"N�o h� uma grande mudan�a no cen�rio econ�mico que sugerisse que o Banco Central poderia diminuir o ritmo de alta de juros, mas essa expectativa parece estar sendo absorvida pelos consumidores", diz Viviane.