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Estado de Minas

Em sete anos, custo do transporte de cargas no pa�s sobe tr�s vezes mais que infla��o

Infraestrutura, reajuste do diesel e nova legisla��o foram os vil�es


postado em 10/03/2014 06:00 / atualizado em 10/03/2014 10:05

BR-365, próxima a Patos de Minas: falta de investimento nas estradas, deixando rodovias esburacadas, onera custo do frete, que reflete em várias cadeias da economia(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press - 17/1/13)
BR-365, pr�xima a Patos de Minas: falta de investimento nas estradas, deixando rodovias esburacadas, onera custo do frete, que reflete em v�rias cadeias da economia (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press - 17/1/13)
Falta de investimento em infraestrutura, seguidos reajustes do combust�vel e entrada em vigor de legisla��es com o intuito de aumentar a seguran�a do tr�fego nas estradas. O somat�rio de medidas resultou em eleva��o do custo do frete mais de tr�s vezes superior � infla��o de 2007 a 2013, segundo levantamento feito pela Associa��o Nacional do Transporte de Cargas e Log�stica (NTC & Log�stica). No fim de fevereiro, a pesquisa indicava necessidade de alta de 14,06%. No per�odo, o valor do transporte subiu 131,9%, onerando o custo de importantes cadeias produtivas da economia brasileira.

Nos sete anos do levantamento, em tr�s deles, as empresas tiveram de reajustar a tabela duas vezes em um mesmo ano (2009, 2010 e 2013), devido a medidas econ�micas. Com isso, foram registradas 11 eleva��es no custo do frete de 2007 para c�, sendo oito acima de dois d�gitos (veja gr�fico).

Segundo c�lculo do Departamento de Custos Operacionais, Estudos T�cnicos e Econ�micos (Decope) da NTC & Log�stica, nos �ltimos 12 meses, verificou-se aumento do custo de 7,85% nas opera��es fracionadas de transporte de carga. Pelos n�meros, o �leo diesel � tido como vil�o do per�odo, com varia��o de 17,27% nas bombas. O reajuste salarial de motorista e ajudantes (10,2%) � o segundo na lista de insumos que mais elevaram o custo do frete, seguido por despesas administrativas (5,67%), sal�rios administrativos (10,12%), pneus (12,7%), ve�culos (6,87%), seguros (6,07%) e repacapagem (3,77%).

Como o frete n�o � tabelado, segundo a associa��o, n�o h� como medir quanto de fato foi repassado por transportador. As empresas afirmam que n�o conseguiram transferir para os contratos o valor integral dos novos pre�os devido � “diminui��o no ritmo da atividade econ�mica mundial”. Pesquisa feita pela NTC & Log�stica com 132 empresas do ramo mostra que mais da metade das transportadoras aumentaram em at� 5% o valor do frete no ano passado, sendo que 26 mantiveram os pre�os e 10 delas, em vez de reajustes, deram descontos para os clientes. Na outra ponta, apenas sete aumentaram os pre�os acima de 15%.

O diretor t�cnico-executivo da NTC & Log�stica, Neuto Gon�alves dos Reis, afirma que a entrada em vigor da Euro 5 (legisla��o do Conselho Nacional do Meio Ambiente que induz a redu��o da emiss�o de poluentes) e da Lei do Motorista, que imp�e limite de trabalho di�rio para os condutores, aliada aos reajustes do combust�vel, resultaram em forte impacto no valor do frete. Segundo ele, somente a limita��o do tempo de dire��o dos motoristas teve impacto entre 21% e 28% no custo operacional. E diz que as empresas absorveram parte do aumento, reduzindo, assim, os ganhos. “N�o h� facilidade para repassar este aumento. O lucro sobre o frete est� baixo. Antes se tinha lucro na casa de dois d�gitos, hoje est� muito menor, pr�ximo de 3%, 4%, se muito 7%”, afirma Reis.

Efeito Cascata

O presidente da Associa��o Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e ex-secret�rio de Agricultura de Minas Gerais, Alysson Paolinelli, critica a pol�tica de combust�vel do governo federal e justifica a alta do frete com os reajustes seguidos do �leo diesel. “O diesel � a mola mestra do pa�s. Mas o governo coloca a gasolina mais barata e o �leo diesel mais caro”, afirma Paolinelli. A consequ�ncia, segundo ele, � que o frete acaba por ser mais caro que o produto. A saca de 60 quilos do milho custa R$ 7,50, enquanto para embarc�-lo para o exterior o produtor rural do Centro-Oeste paga, em m�dia, R$ 17. O frete � mais que o dobro do valor da produ��o.

Apesar de o agroneg�cio brasileiro investir pesado em aumento de produtividade, acaba que a expans�o da safra, recorde nos �ltimos anos, fica engessada. “Chega a limitar o crescimento. Os Estados Unidos importaram milho do Brasil no ano passado, mas, quanto pior a conserva��o das estradas, mais alto o custo do frete”, diz o presidente da Abramilho.

O coordenador do N�cleo de Infraestrutura e Log�stica da Funda��o Dom Cabral, Paulo Tarso Resende, cita pesquisa feita pela institui��o em que se verifica que 6,5% do faturamento das empresas � usado para cobrir custos log�sticos. Nos Estados Unidos � a metade. Isso se deve � integra��o do sistema modal, inexistente no Brasil e bem estruturado na terra do Tio Sam. “Frete aqui � custo, l� � servi�o”, diz Resende.

O especialista recorda a frase “Em casa que falta p�o, ningu�m tem raz�o” para explicar que as condi��es prec�rias da infraestrutura acabam por estabelecer “um choror� de todos os lados: empres�rios, governantes e ind�stria”. E diz: “Tudo vira motivo para acobertar a especula��o. E ningu�m tem raz�o”.


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