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Estado de Minas

Nova tributa��o da cerveja coloca em risco 200 mil postos de trabalho no Brasil

Abrasel vai discutir com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na ter�a-feira, a nova tributa��o, que pode elevar pre�os ao consumidor entre 10% e 12%


postado em 09/05/2014 06:00 / atualizado em 09/05/2014 07:09

Turma de amigos diz que saídas foram substituídas por reuniões em casa, com bebidas e petiscos comprados no supermercado (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Turma de amigos diz que sa�das foram substitu�das por reuni�es em casa, com bebidas e petiscos comprados no supermercado (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)

A amea�a de fechar 200 mil postos de trabalho no setor de alimenta��o fora de casa depois dos aumentos nos impostos sobre bebidas frias pode fazer o governo repensar a mudan�as na tabela de tributa��o. De acordo com o presidente da Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, na pr�xima ter�a-feira, 13, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve se reunir com representantes do setor e reabrir o di�logo sobre o assunto. A expectativa do presidente da Abrasel � que o aumento seja revisto e at� mesmo cancelado pelo governo.

A reuni�o foi agendada ontem, logo depois de a Abrasel anunciar, em entrevista coletiva, a preocupa��o com a queda no movimento e faturamento do setor, que pode levar a demiss�es de at� 200 mil pessoas e a fechamento de pontos de venda em todo o Brasil. A venda de bebidas, entre elas refrigerante, �gua, cerveja e suco, representa entre 40% e 60% do faturamento dos estabelecimentos e, com o aumento nos impostos, empres�rios temem o reajuste nos pre�os para o consumidor. No caso da cerveja, segundo a associa��o, a alta m�dia real na tributa��o ser� de 30%, o que vai impactar diretamente no pre�o cobrado nos card�pios e afugentar ainda mais o consumidor.

No dia 30 de abril, a Receita Federal anunciou o segundo reajuste na tributa��o das bebidas frias em menos de 30 dias e estimou que a alta no pre�o para o consumidor seria de, no m�ximo, 2,25%, �ndice contestado pela Abrasel. “O reajuste m�dio nos pre�os das bebidas nos bares, restaurantes e lanchonetes deve se concentrar entre 10% e 12%”, afirma Paulo Solmucci.

Em alguns �tens, o aumento dos tributos foi ainda maior. Chegou a 373%, no caso da cerveja Coruja, do Rio Grande do Sul, a 244% na cerveja alem� Schneider, e a 101% na Bohemia Escura. Sobre os refrigerantes, tamb�m foram mais altos os aumentos para o Xereta, de S�o Paulo, com 77%, a t�nica da Ant�rtica, com 61%, e o Guaran� Ant�rtica, com 23%.

O diretor-executivo da Abrasel Minas, Lucas P�go, explica que, para o consumidor final, o aumento repassado �, em m�dia, de um ter�o do percentual total. Os outros dois ter�os da alta, segundo ele, est�o sendo absorvidos pelos fabricantes, distribuidores e bares, restaurantes, casas noturnas e outras empresas do setor de alimenta��o fora do lar, que temem perder a clientela e reduzir o faturamento.

RETRA��O

Em pesquisa realizada pela Nielsen, provedora global de informa��es e insights sobre o que o consumidor assiste e compra, 63% dos consumidores afirmaram que est�o reduzindo gastos com alimenta��o na rua. O �ndice faz parte da pesquisa de Confian�a do Consumidor do 1º trimestre deste ano, que foi realizada entre 18 de fevereiro e 8 de mar�o, e entrevistou mais de 29 mil consumidores com acesso � internet. O engenheiro el�trico Alan F�bio de Bastos, que ontem estava acompanhado das amigas Tatiana Gon�alves Dias e Micheli Machado Bastos em um bar da capital, lamenta os pre�os altos e afirma que, nos �ltimos meses, teve que estabelecer prioridades no or�amento. “N�o tenho como deixar de almo�ar fora de casa, j� que moro longe do trabalho, mas as idas aos bares na noite t�m sido menos frequentes. Est� tudo muito caro”, diz.

A turma de amigos Camila Bougard, Nara Freire, Fl�vio Pires, Diogo Lago e Clarice Coutinho conta que diminuiu as idas aos bares e restaurantes nos �ltimos meses por conta da alta dos pre�os no card�pio. “Antes, a gente sa�a de tr�s a quatro vezes por semana. Agora, somente uma. Trocamos os bares pelas casas de amigos”, afirma Clarice, que completa dizendo que os itens como cerveja e tira-gosto para as reuni�es s�o comprados nos supermercados a um custo bem mais baixo.

Lucas P�go afirma que essa � mais uma preocupa��o dos bares e restaurantes, que t�m a carga tribut�ria muito mais elevada do que os supermercados. “Tivemos, recentemente, o movimento BH $urreal, mas reiteramos que n�o estamos satisfeitos com esses pre�os e que sempre evitamos repassar esses aumentos para os consumidores”, afirma.

A associa��o diz ainda que, no ano passado, houve queda dr�stica nas vendas de bebidas frias. O principal motivo do recuo foi justamente o aumento da carga tribut�ria sobre as bebidas em outubro de 2012. Naquela ocasi�o, os reajustes foram da ordem de 13% para cervejas e 26% para refrigerantes.

Os empres�rios do setor reclamam ainda de outro fator que colaborou para a queda no faturamento: a Lei Seca, que entrou em vigor em janeiro de 2013. “Tivemos uma queda de 30% no movimento e at� hoje n�o conseguimos recuperar”, ressalta Pedro Martins da Costa, s�cio da Rede Gourmet BH. Pedro ressalta ainda que ser� dif�cil absorver mais uma alta de tributos. Segundo ele, no in�cio do ano foi repassada para o card�pio uma alta de 10% por conta do reajuste de sal�rio dos funcion�rios, infla��o nos insumos e alta na carga tribut�ria. “Os 10% que foram repassados n�o s�o nem um ter�o do aumento que tivemos, mas fomos obrigados a reduzir nossa margem de lucro para n�o perder o fregu�s”, completa.

O setor de alimenta��o fora de casa representa 2,7% do PIB nacional e j� vem sob alta press�o de custos nos �ltimos anos, com as seguidas altas nos pre�os dos insumos. Segundo o presidente da Abrasel, empres�rios n�o conseguir�o absorver mais um reajuste.

Alta viria com a Copa


Os propriet�rios de bares e restaurantes n�o querem vistos como vil�es pelos consumidores, uma vez que o aumento da tributa��o sobre bebidas frias entra em vigor em 1º de junho, 11 dias antes do in�cio da Copa do Mundo. “Todo o mercado de alimenta��o fora de casa est� apreensivo. N�o podemos ser vistos como vil�es pelo consumidor, j� que somos os principais prejudicados. O governo faz com que a gente tamb�m reajuste o pre�o, levando o consumidor a pensar que estamos aproveitando a alta da demanda na Copa, enquanto eles criticam setores de hotelaria e avia��o por aumentarem os pre�os na �poca da competi��o”, afirma o presidente da Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci.

Ainda de acordo com ele, os 2 milh�es de micro e pequenos empreendedores do setor ainda n�o sabem se conseguir�o manter o neg�cio operando sem cortes com esse aumento. Acredita-se que, no curto prazo, ser�o fechados v�rios estabelecimentos, aumentando o �ndice de desemprego no setor. �nica atividade econ�mica presente em todos os munic�pios e distritos do pa�s, o setor estava concentrado em se preparar para receber os torcedores durante a Copa do Mundo. “Nossa esperan�a para salva��o dos neg�cios � a alta nas vendas durante o Mundial. O problema � saber o que fazer depois da competi��o, quando o movimento entrar em queda”, afirma o s�cio da Rede Gourmet BH, Pedro Matins da Costa. Ele conta que, atualmente, mant�m cerca 50 funcion�rios em cada um dos 11 restaurantes da rede, n�mero que deve cair entre 10 e 20% depois da competi��o.

O diretor-executivo da Abrasel Minas, Lucas P�go, ressalta que um em cada 12 brasileiros da popula��o economicamente ativa trabalha em um bar, restaurante, lanchonete e ou estabelecimentos similares. O n�mero representa cerca de 8% dos empregados do Brasil. “Se n�o repassarmos o aumento, n�o aguentamos manter os estabelecimentos. Se repassamos, o movimento cai e, ent�o, temos que dispensar m�o de obra, reduzindo os postos de trabalho”, completa. (FM)


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