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Estado de Minas

Infla��o corr�i a renda da classe m�dia

Apesar de a infla��o oficial ficar em 6,28% em 12 meses, servi�os pesam mais e alta das despesas fica em cerca de 10%


postado em 13/05/2014 06:00 / atualizado em 13/05/2014 07:29

Bras�lia – N�o s�o s� os alimentos que t�m tirado o sono do brasileiro. Principalmente entre as fam�lias da classe m�dia, entre as quais a alimenta��o dentro de casa representa apenas 30% do or�amento dom�stico, s�o os pre�os mais salgados dos servi�os que t�m pesado no bolso. Em um ano, despesas com o sal�o de beleza, o col�gio das crian�as, o estacionamento do shopping ou com o curso de idiomas ficaram, em m�dia, 10% mais altas.

Em diversos itens, os reajustes foram bem mais pesados. � o caso das passagens a�reas, 24% mais caras, e dos ingressos para jogos, cujo valor m�dio aumentou quase 12% nos �ltimos 12 meses at� abril, refletindo, n�o por acaso, a venda antecipada de t�quetes para os jogos da Copa do Mundo de Futebol. Os n�meros constam de levantamento feito a pedido da reportagem pela Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC), e refletem uma situa��o que tem incomodado muito as fam�lias de classe m�dia.

Por mais que o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), o par�metro oficial da infla��o no pa�s, tente medir o padr�o de consumo de fam�lias com renda mensal entre um e 40 sal�rios m�nimos, para diversos especialistas, o indicador n�o consegue retratar com exatid�o de que forma os pre�os afetam a vida de quem est� no estrato m�dio da popula��o. No acumulado de 12 meses at� abril o IPCA medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) ficou em 6,28%.

O IPCA n�o reflete a realidade da classe m�dia porque alimentos e bebidas t�m peso maior dentro do �ndice, de 23%. Por�m, entre a classe m�dia, os servi�os respondem por quase 70% dos gastos no m�s, conforme c�lculos de especialistas. “� por isso que, para a classe m�dia, pesa muito mais a conta do restaurante do que a do supermercado”, diz o economista Bruno Fernandes, da CNC. Em 12 meses at� abril, comer fora de casa ficou, em m�dia, 10% mais caro.

� uma conta que atinge at� mesmo quem n�o tem renda familiar alta, mas que, por trabalhar fora, acaba sendo obrigado a comer fora de casa. Funcion�rio terceirizado de uma empresa que est� prestes a quebrar, a PH, o secret�rio Iranildo da Silva Santos, de 37 anos, tem encontrado dificuldades para acomodar gastos com alimenta��o num or�amento mensal de apenas R$ 1,4 mil. “Com um sal�rio pequeno desses, a gente luta para sobreviver. Mas com a infla��o batendo pesado, fica cada vez mais dif�cil”, diz.

Iranildo n�o recebe bolsa do governo, cursa faculdade particular de noite e paga pens�o a uma filha de 18 anos. As contas no fim do m�s s� fecham depois de muito malabarismo, ensina o piauiense radicado h� 19 anos em Bras�lia. “Me viro como posso. Fa�o bicos de gar�om e de seguran�a no fim de semana e, quando a festa acaba, eu come�o a juntar latinhas de cerveja e de refrigerante para levantar um trocado a mais no fim do m�s”, ensina.

SEM GANHOS

Pelas estat�sticas oficiais do governo, Iranildo faz parte da nova classe m�dia brasileira, composta por fam�lias com renda mensal total entre R$ 1.064 e R$ 4.561, conforme defini��o da Secretaria de Assuntos Econ�micos (SAE) da Presid�ncia da Rep�blica. A economista Monica Baumgarten de Bolle lembra que s�o justamente as pessoas que ascenderam socialmente nos �ltimos anos que mais t�m sofrido com a alta dos pre�os.

“A infla��o � um imposto indireto, que apesar de afetar com mais for�a os pobres tamb�m pesa bastante sobre a renda da classe m�dia. Nesse contexto, quem s� recentemente deixou de ser pobre e que, portanto, n�o t�m mais direito a receber nenhum programa social do governo, acaba ficando mais exposto”, observa a professora da Pont�ficia Universidade Cat�lica do Rio de Janeiro (PUC-RIO).

Entre janeiro de 2003 e fevereiro, o sal�rio m�nimo cresceu 362%, passando de R$ 200 para R$ 724. No mesmo per�odo, a massa de rendimentos de todos os trabalhadores do Brasil, que reflete os ganhos da classe m�dia, avan�ou quase tr�s vezes menos, de R$ 1.572 para R$ 2.046. “� aquela hist�ria. A pessoa est� ganhando mais, mas ainda n�o o bastante para ter uma vida melhor. Porque ao levar em conta os pre�os de alimentos e tamb�m servi�os, mesmo o sujeito que recebeu mais reajustes, ao ganhar um sal�rio m�nimo, tudo o que ele conseguiu foi sobreviver. De uma certa forma, a infla��o e os impostos s�o uma esp�cie de sequestro da renda das fam�lias”, observa o economista Samy Dana, professor da economia e Finan�as da Funda��o Getulio Vargas (FGV) de S�o Paulo.


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