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Estado de Minas

Renda da nova classe m�dia muda todo m�s, diz pesquisa

A pesquisa foi feita com 120 fam�lias, de 64 comunidades de centro urbanos em quatro capitais - Salvador, na Bahia, Recife, em Pernambuco, S�o Paulo e Rio Janeiro


postado em 18/05/2014 08:01 / atualizado em 18/05/2014 08:26

Um estudo detalhado sobre os ganhos e os gastos das classes C, D e E trouxe um dado novo sobre a classe C, considerada a nova classe m�dia do Pa�s: a renda dessa parcela da popula��o n�o � t�o est�vel quanto se pensa. Na verdade, tanto o valor quanto as fontes de rendimento tendem a mudar, �s vezes drasticamente, m�s a m�s. "Podemos dizer que a classe C � classe m�dia quando d�", diz Luciana Aguiar, s�cia diretora da Plano CDE, consultoria especializada em baixa renda, respons�vel pelo estudo.

A pesquisa foi feita com 120 fam�lias, de 64 comunidades de centro urbanos em quatro capitais - Salvador, na Bahia, Recife, em Pernambuco, S�o Paulo e Rio Janeiro. O estudo foi encomendado e pago pelo CGAP (sigla em ingl�s de Consultative Group to Assist the Poor), um organismo internacional, baseado no Banco Mundial. Como a Plano CDE realizou todo o levantamento, pode divulgar parte dos dados financeiros, aos quais o Estado teve acesso.

Di�rios financeiros


Por causa do n�mero reduzido de entrevistados, a pesquisa n�o tem valor estat�stico. O seu grande diferencial � a profundidade. Os pesquisadores tiveram acesso irrestrito � contabilidade das fam�lias por seis meses, o que faz com que os resultados tracem uma radiografia fidedigna dos padr�es de comportamento dessa parcela da popula��o.


"A pesquisa � baseada no que se chama de Di�rios Financeiros, que acompanham as fontes de receita e os gastos", diz Luciana. "� um tipo raro de acompanhamento, que permite uma investiga��o do or�amento familiar e de como as pessoas lidam com o dinheiro e as d�vidas."

O or�amento de todas as fam�lias pesquisadas variou ao longo dos seis meses. Uma delas atravessou quase todas as classes. Foi pobre, vulner�vel, passou tr�s vezes pela classe C e, por fim, entrou na B.

Segundo Luciana, isso ocorre porque apenas uma parte da renda � certa - e nem sempre por causa de um emprego com carteira assinada. Aposentadoria, pens�o, bolsa fam�lia, bolsa carioca e outros benef�cios sociais, muitas vezes, s�o a �nica parcela fixa da renda. O restante - que n�o raro responde pela maior parcela do ganho - � coberto por bicos e atividades paralelas, como venda de cosm�ticos ou fazer salgados para fora.

Mobilidade mensal

Cristiano Ipaves Lacrose, 36 anos, de Itaquera, na zona leste da capital paulista, convive com essa flexibilidade desde que come�ou a ajudar o pai, aos dez anos. Microempreendedor, ganha por m�s, como ele mesmo diz, "algo entre nada e R$ 5 mil".

Para garantir nem que seja um m�nimo, aprendeu a fazer de tudo - servi�os hidr�ulicos, el�tricos, marcenaria, pintura. Sua mais recente atividade � ser chaveiro em domic�lio. "N�o d� para adivinhar quando e quanto vai entrar", diz Lacrose. "H� um ano, ganhava bem sempre, mas, desde o fim do ano passado, os clientes ficaram mais inseguros e as coisas, imprevis�veis."

Em casa, quem tem renda certa � a esposa. S�o R$ 900 como auxiliar de servi�os. � dela a conta banc�ria, que garantiu o empr�stimo para os documentos da moto e os dois cart�es de cr�dito, que ele utiliza como fonte de capital de giro.

Quando Lacrose tem um bom m�s, a renda familiar passa de R$ 6 mil. Pelos padr�es de ganho no Pa�s, a fam�lia, com uma filha, vai ao topo da pir�mide. Encosta na classe A, alta renda. Em um m�s ruim, por�m, os R$ 900 da esposa os colocam no piso da classe C. Por pouco n�o escorrega para a D. Como a renda muda, a fam�lia Lacrose transita entre as classes C, B e A.

"Essa camada da popula��o � mais vulner�vel do que parece e precisa de apoio para se consolidar", diz Luciana. "Apenas a renda n�o � capaz de lhe garantir estabilidade." No longo prazo, a nova classe m�dia precisa acumular ativos - educa��o, qualifica��o profissional, acesso ao sistema financeiro, um espa�o para empreender, j� que a maioria n�o tem trabalho formal. "A quest�o que se coloca � como ajud�-la nessa transi��o."


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