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Estado de Minas

Metade das fam�lias de classe m�dia vive 'enforcada'

Apesar de serem considerados mais arriscados pelo sistema financeiro, porque t�m renda inferior, os mais pobres se mostram bem mais organizados


postado em 18/05/2014 08:01 / atualizado em 18/05/2014 08:28

As classes C, D e E podem dividir a base da pir�mide, mas n�o lidam com quest�es financeiras da mesma maneira. Essa � outra constata��o da pesquisa realizada pela consultoria Plano CDE. Apesar de ter mais renda, a classe m�dia - aquela que puxou o consumo nos �ltimos anos - demonstra menos habilidade do que os mais pobres para lidar com as contas.

A Plano criou tr�s perfis de relacionamento de or�amento familiar. O organizado (faz a gest�o de ganhos e gastos, se priva e, quando consegue, poupa). O desorganizado (n�o sabe quanto ganha ou gasta e entra no vermelho regularmente). O orientado pela d�vida (que destina tudo que ganha ao pagamento das contas e vive com a corda no pesco�o).

Apesar de serem considerados mais arriscados pelo sistema financeiro, porque t�m renda inferior, os mais pobres se mostram bem mais organizados - 71% t�m controle rigoroso das finan�as. As fam�lias de classe m�dia que participaram da pesquisa tiveram um comportamento bem diferente - 22% se mostraram desorganizados e 28%, orientados pelas d�vidas. Ou seja: metade deste grupo teve problemas para pagar as contas.


"N�o podemos expandir o dado para o Brasil e dizer que metade da classe m�dia, que re�ne 98 milh�es de pessoas - incluindo os 64 milh�es de classe C - est�o nessa condi��o", diz Luciana Aguiar, s�cia diretora da Plano CDE. "Mas � poss�vel dizer que h� uma forte propens�o a esse comportamento."

Na avalia��o de Luciana, v�rios fatores contribuem para colocar a classe m�dia nessa situa��o, al�m do fato de a renda oscilar. A falta de instrumentos financeiros adequados � uma delas. A classe m�dia hoje recorre muito, por exemplo, ao cart�o de cr�dito. Integrantes da pesquisa tinham cinco, alguns at� dez cart�es, que funcionavam como cheque especial.

Essa inefici�ncia tamb�m foi percebida em outras pesquisas. O SPC Brasil, empresa de cadastro de cr�dito, identificou no final do ano passado que 47% dos inadimplentes eram da classe C e estranhou o dado. "Na nossa avalia��o, esse dado mostrou que a classe C n�o consegue se blindar com alternativas de cr�dito e rolagem de d�vidas, como as classes A e B", diz Luiza Rodrigues, economista do SPC.

D�vidas


H� tamb�m quest�es comportamentais. As fam�lias que participaram da pesquisa responderam a 1.107 entrevistas. Nesses momentos, muitas diziam n�o ter d�vidas. Mas, ao olhar em detalhe o or�amento nos di�rios financeiros, a Plano encontrava as d�vidas.

"Definitivamente a no��o de d�vida entre os mais pobres n�o � a mesma dos economistas", diz Luciana. "Para eles, d�vida � o que n�o conseguiram pagar - se renegociou ou parcelou um bem, n�o � d�vida. O pagamento pode estar at� atrasado, mas a pessoa s� considera d�vida quando decide que n�o vai pagar mesmo."

Essa classe tamb�m ampliou sua cesta de compras. Agora paga internet, TV por assinatura, plano de sa�de, colocou o filho na escola privada, comprou uma moto, mas o supermercado ainda � o item que mais pesa no or�amento - 27% dos gastos. Essa composi��o faz com que essas pessoas fiquem mais fragilizadas diante de oscila��es da economia. "� medida que avan�a, a camada mais baixa permanece sentindo a alta de pre�os dos produtos b�sicos, como alimentos, mas tamb�m passa a sentir parte da infla��o de servi�os. E sofre com as duas", diz o economista Andr� Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Getulio Vargas.

Nailda Santos do Nascimento, 49 anos, est� com dificuldades para lidar com os novos tempos. Ela tem carteira assinada e recebe por hora para cuidar da limpeza de um condom�nio. Com os descontos, s�o pouco mais de R$ 500 por m�s. Mas a sua principal fonte de renda � a pens�o como vi�va - R$ 1,6 mil. Com a renda de R$ 2,1 mil sustenta tr�s filhas, numa casa pr�pria em Carapicu�ba, regi�o metropolitana de S�o Paulo.

Em meados do ano passado, quando os gastos foram ficando maiores que os ganhos, come�ou a usar os cinco cart�es de cr�dito que recebeu de lojas e bancos sem pedir, mas guardara para emerg�ncias. A d�vida nos cart�es passa de R$ 6 mil - o triplo de sua renda. Primeiro usou para pagar presta��es atrasadas da faculdade da filha, depois para despesas pessoais e, por fim, os cart�es bancaram a reforma da casa, que teve a estrutura abalada por uma infiltra��o do im�vel vizinho. "Nunca tive o nome sujo porque, quando vejo que n�o vou conseguir pagar, renegocio, mas desta vez eu acho que n�o vou conseguir. Estou vivendo dos cart�es e n�o saio mais do vermelho."


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