Os brasileiros pretendem consumir mais alimentos em casa do que em bares e restaurantes durante a Copa do Mundo, de acordo com pesquisa da Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo (CNC), divulgada hoje (9). Segundo o economista da entidade, F�bio Bentes, a inten��o � maior entre as fam�lias com renda at� dez sal�rios m�nimos (56,1%). “A principal raz�o para isso � o comportamento dos pre�os. Dentro do domic�lio a gente tem uma infla��o na ordem de 7,6% nos �ltimos 12 meses, fora do domic�lio � de 11,2%. � bem mais salgado se alimentar fora de casa. O turista n�o tem muito o que fazer, mas o brasileiro vai priorizar a alimenta��o em casa. Sai mais barato”, explicou em entrevista � Ag�ncia Brasil.
A pesquisa para apurar a inten��o de consumo das fam�lias brasileiras em rela��o � Copa do Mundo foi feita no m�s de maio, relativa a 18 mil question�rios de entrevistas presenciais em 26 capitais e/ou regi�es metropolitanas do pa�s, incluindo o Distrito Federal. Os itens pesquisados se relacionam aos gastos no consumo de bens, servi�os de lazer, meios de hospedagem e de transporte. De acordo com a CNC, a mostra representa 39,1% da estimativa populacional de 2013. “Em n�meros de hoje d� em torno de 80 milh�es de pessoas”, indicou o economista.
Os question�rios foram respondidos por fam�lias de diferentes n�veis de renda, com separa��o para an�lise t�cnica sobre as fam�lias com renda at� dez sal�rios m�nimos. Na avalia��o de Bentes, nesse corte n�o chega a ser surpreendente o fato das fam�lias de renda maior estarem mais predispostas a gastar no consumo de bens e servi�os no per�odo da Copa.
Entre as regi�es do pa�s, a Norte mostrou mais inten��o de consumo. “Dos 20 itens pesquisados, a Regi�o Norte lidera em 14. Basicamente, a explica��o para essa maior inten��o de consumo est� no fato de o sal�rio m�dioda regi�o estar crescendo acima da m�dia nacional. Se for considerar os primeiros quatro meses deste ano, houve aumento de 1,8% no sal�rio m�dio do pa�s no mercado formal de trabalho. Na Regi�o Norte o aumento � de 5,3%. Est� tendo, de fato, um efeito renda por tr�s, n�o � s� empolga��o com a Copa do Mundo”, disse, acrescentando que dos 20 itens pesquisados nas cidades-sede, 11 sinalizam maior inten��o de consumo.
A pesquisa apontou ainda que de cada grupo de quatro brasileiros, tr�s v�o ver a Copa em casa. Para o economista, a infla��o alta explica a decis�o. “Seria melhor que a Copa fosse [tivesse sido] aqui em 2010, quando o pa�s estava crescendo mais e a infla��o estava mais baixa. Agora, com a infla��o mais alta, com cr�dito mais caro, fica mais dif�cil viajar mesmo. Ainda assim uma movimenta��o na ordem de 20 milh�es de pessoas � bastante significativa, e vai representar para o setor de servi�os um segundo semestre bem melhor do que foi o primeiro. Vai ajudar o setor a recuperar parte da receita que n�o aconteceu no primeiro trimestre do ano”, avaliou.
Bentes ponderou, no entanto, que � dif�cil colocar em reais o impacto que isso vai provocar no setor, porque falta uma pesquisa mensal do setor de servi�os em turismo, que possa dimensionar em valores, mas completou que uma estimativa com base em n�meros de passageiros de aeroportos indica que o aumento de receita do setor de servi�os em turismo deve demandar, aproximadamente, 48 mil trabalhadores tempor�rios. Isso, segundo ele, constitui-se em “bom term�metro, porque o setor de servi�os usa muita m�o de obra. Se vai ter um aumento de 60% no n�mero de trabalhadores, em rela��o ao ano passado, a gente n�o pode dizer que a receita vai crescer tanto assim, mas vai ter aumento significativo”, informou.
Outro fator de destaque da pesquisa � a inten��o, entre as fam�lias mais pobres, de comprar televisores. “A origem disso n�o � fen�meno de pre�o, porque a infla��o dos ricos e dos pobres � parecida no que se refere a televisor, mas parece que o que est� por tr�s disso � um resqu�cio de consumo n�o realizado pela nova classe m�dia, no per�odo que foi at� 2012, 2013. Muitas pessoas que n�o tinham este tipo de equipamento passaram a querer. Parece que ficou um resqu�cio disso para a Copa do Mundo, no sentido de que as fam�lias mais pobres est�o mais predispostas a comprar televisores do que as fam�lias mais ricas”, contou.