(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas RIO S�O FRANCISCO

�gua em baixa eleva em 100% pre�o do surubim em um ano

Seca reduziu volume do Rio da Integra��o Nacional. Com hidrovia afetada, transporte por terra encarece produtos


postado em 31/08/2014 00:12 / atualizado em 31/08/2014 09:03

Ibia�, S�o Francisco e Pint�polis – “A redu��o do volume d’�gua deixou o pescado mais caro da nascente � foz do S�o Francisco. O quilo do surubim, que eu vendia por R$ 15 nessa mesma �poca de 2013, agora eu negocio por R$ 30”, comparou o barranqueiro e pescador Ezequias Rodrigues, de 64 anos, e morador da cidade hom�nima ao Velho Chico, no Norte de Minas. O expressivo aumento no valor da esp�cie, tamb�m conhecida como pintado, � apenas um dos exemplos de como a seca alimenta a infla��o nos munic�pios cortados pelo Rio da Integra��o Nacional.

Vale lembrar que o surubim, um dos s�mbolos do Velho Chico, � o peixe de �gua doce com o maior valor comercial no Brasil, pois sua carne, al�m da baixa quantidade de gordura, n�o tem espinhos intramusculares – o animal pode medir at� 1,5 metro e pesar 70 quilos. A alta de 100% no pre�o da esp�cie superou o �ndice de Pre�o ao Consumidor Amplo (IPCA), a infla��o oficial do pa�s, em mais de 10 vezes: de agosto de 2013 a julho de 2014, o indicador subiu 6,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). E o que levou � escalada do valor do peixe?
Quem explica � o pr�prio Ezequias: “Mo�o, ele � um bicho de �gua profunda e o rio est� raso. Ent�o o surubim se esconde nas ‘gaiadas’ do fundo. Fica l� por muito tempo. Est� dif�cil peg�-lo. Parece que a esp�cie est� em extin��o”. O pescador Edvaldo Alves da Silva, de 43, n�o pesca um pintado grande h� dias. “Est� dif�cil peg�-lo, como est� complicado buscar outras esp�cies no fundo do rio”, disse o homem enquanto jogava, em v�o, sua rede no leito.


A redu��o no volume do leito jogou o valor de outros peixes para cima, prejudicando n�o s� a dona de casa quanto donos de restaurantes e bares. “Em apenas tr�s meses, o quilo do dourado foi de R$ 12 para R$ 17 (alta de 41,6%). O do curumat�, passou de R$ 8 para R$ 10 (25%)”, reclamou Igna Pereira Souza, dona do restaurante Sabor de Minas, em Ibia�. Desolada, ela n�o tem como repassar as diferen�as � clientela.

Sem balsas Montes de areia surgiram como formigas em potes de a��car ao longo do S�o Francisco. Por mais que possa soar estranho, o assoreamento inflacionou o pre�o de mercadorias em cidades que dependem das balsas. � o caso da pacata Pint�polis, com cerca de 7,5 mil habitantes e � esquerda do leito. A economia do munic�pio � dependente do munic�pio de S�o Francisco, com aproximadamente 55 mil moradores e � direita do rio. A liga��o entre ambas � feita por uma balsa, cuja travessia foi suspensa, em julho, em raz�o dos bancos de areia.

A embarca��o ficou tr�s semanas ancorada no prec�rio porto. Resultado: os caminh�es que sa�ram de S�o Francisco para abastecer Pint�polis precisaram dar uma volta de mais de 100 quil�metros, o que encareceu o frete e, consequentemente, o pre�o das mercadorias. O saco de cimento, considerado um dos term�metros da economia de qualquer pa�s, ficou 8% mais caro de junho para julho. O percentual, embora pequeno, est� acima da infla��o no acumulado dos �ltimos 12 meses, encerrados em julho (6,55%).

Quem se deu mal com isso foi seu Francisco Barbosa, de 59. Ele est� reformando sua casa em Pint�polis: “Comprei 28 sacos de 50 quilos cada. Portanto, paguei R$ 56 a mais do que pagaria se a balsa n�o ficasse parada. Daria para adquirir dois sacos pelo valor antigo e sobraria um trocado”. Pint�polis n�o sofreu apenas com a alta de pre�os: houve desabastecimento de produtos, como o p�o, pois o trigo plantado do outro lado do rio n�o chegou nas padarias do lugarejo.

Tentativa A balsa que faz a travessia por aquelas bandas s� voltou a funcionar depois que a Prefeitura de S�o Francisco e de outras cidades vizinhas se uniram e dragaram parte dos bancos de areia. Mesmo assim, a embarca��o precisou alterar a rota e reduzir o n�mero de ve�culos transportados. Antes da estiagem, a balsa transportava quatro carretas carregadas; agora leva apenas duas. Resultado: uma longa fila de ve�culos se forma diariamente no porto. �nibus atrasam as viagens, motoristas de carros pequenos se irritam e caminhoneiros perdem a paci�ncia.

“Meu filho chegou no porto �s 18h e s� conseguiu fazer a travessia por volta da meia-noite”, conta L�cia Zombrano, que logo acrescenta: “A travessia est� dando dor de cabe�a na gente”. Se continuar assim, possivelmente os comprimidos para curar as dores de cabe�a ser�o os pr�ximos vil�es da infla��o por aquelas bandas.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)