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Estado de Minas RIO S�O FRANCISCO

Rio S�o Francisco agoniza com a seca; vendas na orla apresentam queda de at� 90%

S�rie do Estado de Minas mostra drama nos munic�pios, com demiss�es em massa e perdas na economia


postado em 31/08/2014 00:12 / atualizado em 31/08/2014 10:25

Banco de areia sobre ponte em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, altera a paisagem do rio, que recuou com a escassez das chuvas(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Banco de areia sobre ponte em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, altera a paisagem do rio, que recuou com a escassez das chuvas (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Tr�s Marias (MG), Pirapora (MG) e Bom Jesus da Lapa (BA) – Os olhos de dona Alice Maria Santos marejam toda vez que ela vai � margem do Rio S�o Francisco medir o volume do leito: “Fa�o isso diariamente. Em janeiro �ltimo, as �guas atingiram a marca de 5,74 metros dessa r�gua fixada na margem. Na quinta-feira passada, 41 cent�metros. � estado de calamidade. Surgiram bancos de areia e rochas que eu nunca havia visto em meus 69 anos de idade”. A estiagem que castiga todo o pa�s mudou a paisagem do Velho Chico, o maior curso d’�gua exclusivamente brasileiro, com 2,7 mil quil�metros de extens�o e chamado desde a �poca do imp�rio de Rio da Integra��o Nacional por cortar cinco estados: Minas, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

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Os ribeirinhos garantem que essa � a pior seca a castigar o Velho Chico nos �ltimos 100 anos. A nova paisagem n�o causa danos apenas ao meio ambiente. A economia nacional sofre com o leito baixo: empres�rios que dependem do S�o Francisco veem os neg�cios naufragar, investimentos privados foram suspensos e milhares de pessoas perderam o emprego. Esses s�o alguns dos temas da s�rie “A sede do rio”, que o Estado de Minas publica a partir de hoje.
A estiagem afetou a pesca, a agricultura, a pecu�ria, o com�rcio, a presta��o de servi�os, o turismo e a ind�stria ao longo de todo o percurso. Nem empresas tradicionais escapam da escassez de �gua. A Icofort, a �ltima grande empresa que explorava a hidrovia do Velho Chico, transportando caro�os de algod�o da represa de Sobradinho (BA) a Juazeiro (BA), suspendeu as atividades em julho. Resultado: a mercadoria passou a ser escoada por via terrestre, onerando o pre�o final em torno de 30% e aumentando o risco de acidentes nas estradas.


“Cinquenta pessoas foram demitidas”, lamentou o presidente do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio S�o Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda. Mas ele destaca que o epicentro da crise est� em Minas: “Da represa de Tr�s Marias ao encontro do Velho Chico com o Rio das Velhas”. (Em Barra do Guaicu�, distrito de V�rzea da Palma). O lago da represa est� com menos de 10% da capacidade m�xima, o que obrigou a Cemig a reduzir a vaz�o para 170 metros c�bicos por segundo. No in�cio do ano, eram 500 metros c�bicos por segundo. A pouca �gua na represa, apelidada de Praia de Minas, afugentou os turistas.
Seu Nativo Barbosa de Lima, que deixou a Para�ba na d�cada de 1970, atra�do pela pujan�a econ�mica no entorno do lago de Tr�s Marias, est� angustiado: “Alugo a di�ria dessa lancha por R$ 200 para pescadores. Ela n�o entra na �gua h� cinco meses. Perdi dinheiro e o rapaz que a pilotava ficou sem servi�o”. No mesmo lugar, Maria das Dores de Lima, dona de um quiosque, precisou dispensar a ajudante: “Sem �gua, o turista n�o vem. Eu vendia 12 fardos de cerveja aos s�bados. Hoje n�o saem nem dois”.

O vapor n�o viaja mais


O cen�rio � mais desolador em Pirapora, onde na semana passada a Marinha proibiu oficialmente o Benjamim Guimar�es, o �nico vapor em atividade no mundo, de navegar at� que o leito volte ao normal. Constru�do inicialmente para subir e descer o Mississipi (Estados Unidos), o gaiola atra�a uma multid�o de turistas � cidade. “O barco tem capacidade para levar 170 passageiros. Se chover, volta a funcionar em novembro. Do contr�rio, n�o sei”, disse o comandante, Manoel Mariano Cunha. A afli��o dele e da tripula��o � a mesma sentida por empres�rios do munic�pio.

 

Donos de hot�is viram o n�mero de h�spedes cair e o propriet�rios de bares e restaurantes, sobretudo os que funcionam na orla, onde se concentra boa parte dos turistas, contabilizam expressiva queda no movimento. “Quando inaugurei o empreendimento, h� menos de um ano, vendia cerca de R$ 2,5 mil por dia. Atualmente, n�o consigo R$ 300”, calculou Jos� dos Reis, s�cio do quiosque T� a toa. A queda no turismo tamb�m afetou os neg�cios dos artes�os, que transformam troncos de sucupira, favela e imburana em carrancas e imagens de S�o Francisco, o santo que d� nome ao rio.

 

Ant�nio Ramos, um dos artes�os mais respeitados por aquelas bandas, apurou queda de 80% nos neg�cios. Suas pe�as, dependendo do tamanho, custam R$ 450. “Enquanto a seca persistir, os turistas n�o vir�o. � gente de Belo Horizonte, de outras partes de Minas, de fora do estado e do estrangeiro. Vamos torcer para chover”, deseja. Seu colega de oficina Wanderson Pereira � outro artes�o que clama por chuva. “Eu vendia quase que diariamente pelo menos cinco carrancas pequenas, a R$ 20 cada. Agora, estou h� uma semana sem negociar nenhuma.”

 

 


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