"L� fora sou admirado(...) No Brasil, eu tenho apanhado bastante", desabafou. Eike, que j� foi o s�timo homem mais rico do mundo, diz ter hoje um patrim�nio negativo de US$ 1 bilh�o e receber um pr�-labore do fundo soberano de Abu Dabi Mubadala, que tem participa��o no grupo X.
Sobre ainda ter o sonho de ser um dos homens mais ricos do mundo, Eike afirma que foi educado como um garoto de classe m�dia. "Diz o ditado que, quando voc� nasceu na Tijuca, n�o sai da Tijuca. Sempre fui classe m�dia e isso n�o sai de voc�. Por isso que eu trabalho hoje como sempre trabalhei", afirmou.
Questionado sobre se teria se sentido abandonado pelo fato de o grupo X ter estado muito pr�ximo do governo, mas ter perdido, com a crise, o apoio financeiro do BNDES, Eike disse preferir afirmar que a falha mesmo foi apostar tantas fichas em um neg�cio de risco, a OGX. "Como ela criou uma desconfian�a grande, depois pedir ajuda (do governo) n�o fazia sentido. Sempre fui muito independente. As pessoas atribuem uma liga��o com o governo Dilma que n�o teve. Meus projetos beneficiam o Brasil sim, por isso o BNDES botou dinheiro", disse.
Quanto ao sentimento de, talvez, sentir-se injusti�ado, Eike respondeu que seus projetos n�o s�o "power point", s�o de grande import�ncia para a infraestrutura do Brasil. Sustentou que v�rios j� est�o operando e outros v�o come�ar a operar, como o Porto do A�u e as t�rmicas da MPX. "Acho que devo estar fazendo alguma coisa para ajudar o Brasil. N�o sei como algu�m pode falar que n�o � um legado. Algum investidor abre um cheque de US$ 600 milh�es para um power point (em refer�ncia ao investimento da americana EIG no Porto do A�u)? ", questiona ele.
Em rela��o ao pedido da Justi�a de bloqueio de US$ 1,5 bilh�o de suas contas e ao valor, hoje, de seu patrim�nio, Eike contou que seu patrim�nio atual � menos US$ 1 bilh�o. Informa que tem, atualmente, uma casa no Jardim Bot�nico, outra de um dos dois filhos ao lado, uma doa��o que fez para a Fl�via (Sampaio, esposa), sua casa e uma lancha em Angra dos Reis. "Eu me tornei um funcion�rio dessa massa de d�vida", disse.
Credores
Sobre a possibilidade de conseguir pagar todos os credores, Eike responde que a determina��o � pagar todas as suas d�vidas. Conta que abriu m�o do controle e hoje � minorit�rio da maior parte das empresas. Disse que essas participa��es minorit�rias est�o dadas em garantia com os bancos: Mubadala, Bradesco, Ita�. "Tenho acordo em que o Mubadala (fundo soberano de Abu Dabi) paga minha estrutura, para pagar minhas contas, e espero em cinco anos fazer acontecer a cria��o de valor (dos projetos) e voltar a ficar positivo. O A�u vale hoje de US$ 800 milh�es a US$ 1 bilh�o, mas pode valer US$ 10 bilh�es. Vai sobrar alguma coisa pra mim. Recebo um pr�-labore para tocar isso a�: sou literalmente um gestor s�cio de ativos."
E quanto ao sonho de ser o homem mais rico do mundo? "Fui educado como um garoto de classe m�dia. J� diz o ditado que, quando voc� nasceu na Tijuca, n�o sai da Tijuca. Sempre fui classe m�dia e isso n�o sai de voc�. Por isso que eu trabalho hoje como sempre trabalhei, talvez de forma mais estressante no �ltimo ano e meio. Mas cumpri minhas obriga��es e isso que importa. Tenho orgulho de ter constru�do isso porque serve o Brasil", respondeu.
Quando perguntado sobre se haveria resist�ncia dos investidores em vincular seu nome aos projetos, sua resposta soa como um lamento: "Olha que tristeza: l� fora eu sou admirado, algu�m que coloca projetos desse porte em p�. Entendem que � normal ter um fracasso e eu tive um fracasso grande por causa da minha empresa de petr�leo... Mas eles admiram o que eu fiz e, inclusive, sabem que sou um cara que vai fazer de novo. Inclusive me oferecem recursos. No Brasil eu tenho apanhado muito."
O ex-milion�rio afirma que, em sua avalia��o, n�o fez nada de errado, ao ser questionado sobre o fato de estar sendo acusado pelo Minist�rio P�blico de manipular o mercado e usar informa��o privilegiada. Mas n�o respondeu se teme ser preso. "A Justi�a anda seu caminho e assim seja".
Eike nega ter usado, em algum momento, informa��o privilegiada para fazer neg�cios. Diz que isso n�o faz sentido. "Sabe por que n�o faz sentido? Eu n�o vendi minhas a��es. Por que eu n�o me beneficiei de nada? Isso � que n�o bate. Quem � o maior prejudicado dessa hist�ria?, contesta. Mas n�o responde � reportagem se sabia ou n�o da inviabilidade econ�mica dos campos da OGX.
Equipe
A reportagem quer saber se existe algum processo dele contra algu�m de sua antiga equipe da OGX. Eike diz que ningu�m. "Poxa, eles estavam na boa-f� deles achando que era assim mesmo. Enquanto os resultados n�o vinham..."
Quanto � sua afirma��o de que teria sido 'um pouco' enganado pelos executivos, Eike responde simplesmente que as pessoas eram competentes, que as parcerias que foram feitas comprovam isso. E que sempre havia gente l� fora dizendo 'seu pessoal � fant�stico'. Voc� n�o vai acreditar?, pergunta ele. Conta que os pr�prios s�cios da Mubadala auditaram tudo. E volta a questionar: "Algu�m entende mais de petr�leo que eles?"
Ent�o, quem seria o respons�vel no caso da OGX?, quer saber a reportagem. "Desculpa, o setor tem isso. A explora��o de petr�leo � uma atividade de risco em qualquer lugar do mundo. Eu tinha ganho �reas na Bacia de Campos que � a mais promissora do Pa�s. Me deram um pasto para pastar com grama verde e eu como vaquinha achava que ia ter o mesmo sucesso de 60% de taxa de acerto que a Petrobras, j� que eram �reas adjacentes. Mas tudo se resume na produtividade: o petr�leo est� l� (nos campos da OGX) mas ele n�o sai.", justifica.
Recha�a a afirma��o do Minist�rio P�blico Federal de que teria 'iludido' os investidores dizendo que ele pr�prio comprou a��es da companhia e que tem elas at� o final, nas as vendeu. E vai al�m quando questionado sobre a f�ria dos acionistas minorit�rios: "Poxa, se o minorit�rio tivesse ganhado dinheiro, ningu�m ia vir aqui dividir comigo. Ele investe em um setor de risco."
E o que Eike Batista faria de diferente se pudesse voltar atr�s? "Talvez n�o tocasse tantas companhias em paralelo, porque voc� tem mais tempo.", responde. E qual o motivo do sil�ncio t�o longo nesse momento de crise?. O ex-milion�rio diz ter perdido a credibilidade. "Tinha de trazer novos parceiros. Por isso nesse um ano e meio, talvez erroneamente, parei de falar. Mas o investidor novo n�o gosta que a gente fale o que est� fazendo. Agora d� para falar porque o grosso (da reestrutura��o) est� encaminhado. As pessoas n�o t�m no��o que botei tanta grana minha nos projetos. Houve um erro de jogar 60% das fichas em uma empresa petrol�fera. Virou uma �ncora muito pesada.
Eike Batista vai voltar ao mundo dos neg�cios? "Brasileiro n�o desiste nunca. Mas estou focado na reestrutura��o do grupo", afirma.