O slogan "Governo novo, ideias novas" encampado na campanha � reelei��o de Dilma Rousseff (PT) foi incorporado por aliados da presidente antes mesmo da vit�ria no segundo turno. De acordo com o presidente executivo da Associa��o Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, membros da candidatura � reelei��o sinalizavam que o novo mandato da presidente promoveria mudan�as na rela��o com os setores produtivos.
"A campanha foi de mudan�as e nosso di�logo com a campanha foi bastante positivo", afirma Pedrosa, citando nominalmente o coordenador do programa de governo da candidata, Alessandro Teixeira. "Houve acolhimento por parte da campanha sobre as quest�es de energia e de produtividade", explica Pedrosa. A Abrace representa principalmente grandes ind�strias consumidoras de energia, casos de Vale, Usiminas, Braskem e Alcoa, entre outras.
Pedrosa acredita que o resultado da elei��o, com vit�ria apertada de Dilma sobre A�cio Neves (PSBD), mostra que grandes temas est�o na agenda de discuss�o do futuro do Brasil e que o foco nos ganhos sociais n�o pode excluir outras prioridades. "O fato de as regi�es onde est�o localizados os polos produtivos do Brasil n�o darem a ela uma vota��o t�o expressiva mostra as dificuldades enfrentadas pelo setor", analisa o presidente da Abrace. "Sem abrir m�o da distribui��o de renda, � preciso ter a vis�o de que tamb�m devemos olhar para outro ciclo, o do aumento da produtividade", complementa.
Um estudo feito a pedido da entidade, mas ainda n�o divulgado, mostra que um ter�o da desacelera��o da economia brasileira em 2014 teve origem no alto custo da energia para a produ��o. Outro levantamento da Abrace mostra que as ind�strias associadas � entidade podem ser obrigadas a arcar com um custo extraordin�rio da ordem de R$ 20 bilh�es na energia at� 2018. Apenas em 2015, o desembolso adicional com a compra de energia estaria estimado em cerca de R$ 5 bilh�es.
O custo mais elevado viria da assinatura de novos contratos de energia, em substitui��o em acordos j� em vigor, da eleva��o dos custos de transmiss�o e dos desembolsos com a Conta de Desenvolvimento Energ�tico (CDE). N�o est�o inclu�dos nesse valor poss�veis aumentos das despesas com os Encargos de Servi�os do Sistema (ESS) e com o fim do contrato de energia entre a Chesf e grandes ind�strias instaladas na regi�o Nordeste do Pa�s, as quais s�o atendidas em regime especial de fornecimento e pre�os.
Na vis�o de Pedrosa, o resultado das elei��es deste domingo mostra que � preciso manter os ganhos sociais alcan�ados pelo Brasil nos �ltimos anos, mas tamb�m recuperar a capacidade de produ��o do Pa�s. "A campanha de governo foi de mudan�as, e estamos mais pr�ximos de mitigar o desafio da inclus�o social e do combate � mis�ria. A quest�o da competitividade � um grande desafio", salienta o presidente da Abrace.
Ao estimular a recupera��o da competitividade produtiva no Brasil, a presidente Dilma Rousseff tamb�m pode contribuir para melhorar os indicadores sociais do pa�s, refor�a Pedrosa. O estudo in�dito da Abrace mostra que o efeito positivo de uma energia mais barata destinada � produ��o tem um impacto 16 vezes maior no resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do que quando a mesma energia � destinada ao consumo de pequenos clientes, caso das resid�ncias, por exemplo.
"Ao aumentarmos a produ��o, tamb�m h� aumento de renda na m�o da popula��o. E o di�logo com a campanha nos permitiu ter um alento para essa situa��o", diz Pedrosa, ap�s citar o custo da energia como um dos entraves a serem superados neste momento.
Outros dois pontos cuja discuss�o � considerada essencial pela Abrace para o pr�ximo mandato da presidente Dilma Rousseff s�o a redu��o das incertezas associadas a encargos, fator que igualmente pode elevar o custo da energia, e a elabora��o de uma pol�tica nacional que viabilize a oferta de g�s natural competitivo para as ind�strias e para a gera��o de energia.