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Estado de Minas

Mistura de �lcool e voltante custa caro para os cofres p�blicos

Um em cada quatro brasileiros dirige embriagado, muitos s�o caminhoneiros. Na constru��o, empresas adotam medidas


postado em 22/01/2015 06:00 / atualizado em 22/01/2015 07:19

Bras�lia – A insist�ncia de motoristas em beber e dirigir sustenta o poder do alcoolismo de matar milhares de pessoas todos os anos nas estradas do pa�s. Mesmo com a Lei Seca, em vigor desde 2008, e as sucessivas investidas desde ent�o para fechar o cerco contra quem pega o volante embriagado, um em cada quatro brasileiros ainda assume dirigir depois de ter consumido bebida alco�lica. No caso dos homens, a incid�ncia � maior, de 27,4%, segundo dados do Minist�rio da Sa�de.

A teimosia custa caro. Em unidades hospitalares de emerg�ncia nas capitais e no Distrito Federal, 21,2% dos atendimentos de v�timas de acidentes de tr�nsito guardam rela��o com o �lcool. O condutor do ve�culo costuma ser a principal v�tima (22,3%), seguido de pedestres (21,4%) e passageiros (17,7%). “N�o � mais admiss�vel que algu�m tenha coragem de beber e dirigir”, diz o diretor do Departamento de Pol�ticas de Sa�de e Seguran�a Ocupacional do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Marco Ant�nio Gomes P�rez.

O efeito devastador da bebida nas estradas fica claro nas mortes e nos gastos com reabilita��o de quem sobrevive aos acidentes. Mas pode ser medido tamb�m pela dor e pela improdutividade de familiares que tiveram a vida arrasada pela combina��o entre �lcool e dire��o. Apesar dos avan�os ap�s um maior rigor das normas – incluindo a proibi��o da venda de bebidas �s margens de rodovias –, as tr�gicas hist�rias regadas pela embriaguez ao volante n�o cessam.

Entre caminhoneiros, os impactos do alcoolismo reverberam em cascata na economia brasileira. Quase 70% da produ��o do pa�s passa pelas estradas, e tudo o que acontece nelas influencia no Produto Interno Bruto (PIB). “Quando n�o provoca acidentes, o motorista embriagado atrasa a entrega da carga, perde parte da mercadoria, al�m de gerar multas para as empresas”, enumera o presidente da Associa��o Nacional dos Caminhoneiros (Antrac), Benedito Pantalh�o.

Desculpas


As doses de pinga e os copos de cerveja s�o consumidos no meio do caminho ou nas paradas para descanso. “Nossa carga hor�ria � pesada e estressante, somos muito judiados pela profiss�o e temos pouco reconhecimento. Mas isso n�o pode dar ao caminhoneiro o direito de beber”, comenta Pantalh�o, que lembra de 10 hist�rias de companheiros demitidos por conta da bebida somente em 2014. “A pessoa que bebe precisa de tratamento. � uma quest�o econ�mica e de sa�de p�blica, que afeta todo mundo se n�o for tratada com seriedade”, completa.

Em postos de combust�veis da BR-020 – rodovia que corta cinco unidades da Federa��o –, caminhoneiros assumem beber antes de chegar ao destino. Quando se entregam ao h�bito, reconhecem que o rendimento ao volante cai, pelo menos, 40%. “Rodo, em m�dia, mil quil�metros por dia. Mas quando estou de ressaca, n�o consigo dirigir metade disso. Fico parando para cochilar a cada duas horas”, conta o motorista de 41 anos, que leva carv�o do Distrito Federal para Minas Gerais. “Mas tem gente pior do que eu, que n�o consegue nem subir no caminh�o.”

O �lcool � mais comum nas estradas do que o pr�prio rebite, o comprimido de anfetamina usado indiscriminadamente para espantar o sono. “Tem cara que se sente bem dirigindo b�bado, sabia? Diz at� que dirige melhor”, comenta um caminhoneiro com 20 anos de estrada. O amigo dele, com cinco anos a mais de experi�ncia, retruca: “Isso n�o existe. Quando voc� est� b�bado e algu�m buzina, parece que passa um trem do seu lado. A cabe�a pesa, fica dif�cil de fazer curvas”. (Colaborou Adriana Bernardes)

 

Procura por “rem�dio”

 

Antes das 7h, um carro estacionado embaixo de uma �rvore, com a porta do bagageiro levantada, se transforma em boteco improvisado pr�ximo aos canteiros de obra. Um dos dezenas de oper�rios que chegam para o trabalho se aproxima perguntando do “rem�dio”. Ele se refere � dose de cacha�a alambicada, armazenada em garrafas pet de dois litros. O copinho custa R$ 0,50. Na hora do almo�o, cenas como essa se repetem.

O setor da constru��o civil, que emprega aproximadamente 3 milh�es de pessoas no Brasil, est� entre os que mais sofrem os reflexos do alcoolismo. N�o h� d�vidas quanto � contribui��o da bebida para os in�meros acidentes de trabalho. “Essa � uma associa��o �bvia, ainda que seja dif�cil de contabiliz�-la. Mas imagine subir em um andaime sem o equil�brio necess�rio, mesmo com equipamentos de seguran�a?”, instiga o presidente licenciado do Sindicato da Ind�stria da Constru��o Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), Julio Peres.

Nos �ltimos anos, as grandes construtoras declararam uma verdadeira cruzada contra o �lcool. Al�m da quest�o da seguran�a e de aumentar a rotatividade da equipe, o alcoolismo diminui a produtividade nos canteiros, em m�dia, em 40%, o que atrasa as obras e afeta a qualidade das edifica��es.

Para inibir o consumo de bebida pelos oper�rios, os patr�es passaram a adotar estrat�gias, como o fim de qualquer pagamento em dinheiro e a instala��o de restaurantes comunit�rios dentro dos canteiros, evitando que os funcion�rios saiam do ambiente de trabalho. A maior rigidez passa por aconselhamentos e puni��es a quem � flagrado b�bado ou ingerindo �lcool durante o expediente. (DA)


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