
A crise que assola a Petrobras tem forte impacto na opera��o de empresas do setor de metalmec�nica do Vale do A�o de Minas Gerais, parte delas fornecedoras de pe�as de navios para estaleiros. Depois de uma onda de projetos e promessas de abocanhar uma parcela dos bilh�es a serem investidos pela estatal do petr�leo para viabilizar a extra��o em �guas profundas, o atraso no recebimento de contratos com estaleiros por at� tr�s meses, associado � incerteza da continuidade dos aportes no setor naval e de petr�leo e g�s, for�a as primeiras empresas a cortar empregos.
Na CMI, de Ipatinga, as dispensas atingiram quase 30% dos trabalhadores. Mais de 40 vagas foram fechadas nos �ltimos meses. Segundo o presidente da empresa, Ailton Duarte, dois clientes est�o com pagamentos em atraso – um deles por tr�s meses e outro, inadimplente h� 30 dias. “N�o conhe�o cliente do setor naval que n�o est� atrasando pagamento”, afirma. A CMI era uma das fornecedoras para a constru��o de plataformas e de casco de navio, mas deixou de firmar novos neg�cios com o setor devido ao alto custo para produzir. O acesso ao cr�dito, antes facilitado, agora de t�o burocr�tico tornou-se quase invi�vel. A sa�da, segundo Duarte, � tentar diversificar a carteira de neg�cios para al�m das encomendas da ind�stria naval. Entre outras op��es, ele v� possibilidade de neg�cios no ramo aliment�cio e de infraestrutura rodovi�ria e de usinas hidrel�tricas.
Situa��o semelhante se repete com a Viga Caldeiraria. A empresa empregava 210 empregados, mas, com a crise, restam 150. Novos cortes est�o em pauta. Os contratos relacionados aos servi�os contratados pelos estaleiros que atendem � Petrobras representavam entre 30% e 35% do faturamento mensal. O diretor-presidente da empresa, Flaviano Gaggiato, ressalta n�o estar trabalhando com estaleiros investigados pela Opera��o Lava-Jato. No entanto, com o atraso nos repasses da estatal, os atrasos nos pagamentos t�m sido frequentes, superiores a dois meses. “Chega o dia do vencimento e as empresas informam que n�o receberam”, afirma. E acrescenta: “O reflexo � violento. A situa��o do setor metal-mec�nico � sombria. Vamos ter que cortar � no osso”.
Levantamento da Associa��o Brasileira de M�quinas e Equipamentos (Abimaq) aponta d�bito superior a R$ 300 milh�es das empreiteiras com fornecedores e prestadores de servi�os relacionados � Petrobras. Ao todo, 60 empresas j� relataram atraso, mas a entidade estima que outras 60 tenham valores a receber. Cr�tica comum tem sido quanto � incerteza dos investimentos nos pr�ximos anos.
Ipatinga foi o �nico munic�pio do interior do pa�s a formar um arranjo produtivo local (APL) para atender � demanda da ind�stria naval e de petr�leo e g�s, de olho principalmente na demanda da explora��o do pr�-sal. As outras quatro (Itabora�, no Rio; Maragojipe, na Bahia; Ipujoca, em Pernambuco; e S�o Jos� do Norte, no Rio Grande do Sul) est�o no litoral. Ao todo, 30 empresas integram o projeto, que faz parte do Plano Brasil Maior.
O presidente da regional do Vale do A�o da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Luciano Ara�jo, afirma ter havido investimento dos empres�rios da regi�o para receber as encomendas do pr�-sal. Tanto � que o setor tornou-se chave na produ��o industrial local, sendo o mais relevante, se exclu�dos os contratos com as empresas �ncoras da economia regional (as sider�rgicas Usiminas e Aperam e a Cenibra, fabricante de celulose branqueada de eucalipto). “Alguns estaleiros suspenderam os contratos e isso afeta bastante a regi�o”, relata.
A Fiemg dever� fazer um levantamento de quantas demiss�es j� foram efetivadas e quais os impactos na economia. Ara�jo acrescenta que o impacto extrapola as empresas de m�dio porte que forneciam diretamente para os estaleiros. “Junto delas v�rias outras pequenas foram afetadas”. No caso do Vale do A�o, o impacto � ainda mais forte se considerado o momento de outros setores essenciais para a economia da regi�o, como o sider�rgico e a minera��o.