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Estado de Minas

Economista avalia medidas de ajuste fiscal e aponta desafios de 2015

Tudo indica que a situa��o da economia ainda vai piorar, com aumento do desemprego e queda na renda dos trabalhadores, devido � infla��o alta


postado em 16/03/2015 00:12 / atualizado em 16/03/2015 07:19

Sem o regaste da confian�a, o pa�s n�o conseguir� retomar o crescimento econ�mico, avisa o economista-chefe do Banco Fator, Jos� Francisco de Lima Gon�alves. A reconstru��o da credibilidade vir�, no entender dele, da entrega do super�vit prim�rio de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). “O ajuste fiscal � important�ssimo para o pa�s. N�o podemos esquecer que, nos �ltimos anos, os erros na gest�o das contas p�blicas foram gritantes”, diz.

Para Gon�alves, tudo indica que a situa��o da economia ainda vai piorar, com aumento do desemprego e queda na renda dos trabalhadores, devido � infla��o alta. Ele ressalta que ainda n�o d� para projetar, de forma mais exata, qual ser� o tamanho da recess�o do Brasil em 2015, pois o risco de racionamento de energia, que n�o est� nas contas, � premente.

Nos c�lculos do economista, o PIB cair� 1,5% neste ano. Ser� o pior resultado da economia em pelo menos 25 anos. Ele acredita que ainda h� espa�o para novas altas do d�lar, que, num primeiro momento, n�o estimular� as exporta��es na velocidade desejada pelo governo. Confira a �ntegra da entrevista abaixo

Qual sua avalia��o do cen�rio econ�mico atual?
� dif�cil ver uma situa��o em que a conjuntura piora t�o r�pido, em tr�s meses, como ocorreu. Hoje, todo mundo acredita que o PIB vai cair. A diferen�a � quanto. A nossa proje��o aponta para retra��o de 1,5% da atividade. Tudo depende muito de cen�rios extremos. S�o coisas que n�o d�o para avaliar na conta, como o racionamento de energia. Estamos mais confort�veis de um lado e menos de outro em rela��o a 2001, quando houve racionamento. Naquele ano, a economia estava andando melhor do que hoje. Portanto, a atividade fraca significa que parte j� piorou.

Quando veremos recupera��o da atividade?
As fontes de recupera��o s�o v�rias. � melhor ir uma por uma. A economia anda quando as pessoas est�o consumindo. D� para imaginar que o consumo, que est� desacelerando, vai se recuperar sozinho? N�o d�. A inadimpl�ncia, se olharmos nos dados do Banco Central, ainda n�o est� ruim, mas, em algum momento, ficar�. A concess�o do cr�dito est� caindo. No m�s passado, cresceu 11%, mas o avan�o j� foi de 25%. O cr�dito est� crescendo mais devagar porque a incerteza para as fam�lias est� aumentando e, mesmo que n�o apare�a na inadimpl�ncia, fica o medo dela, por isso, as pessoas pedem menos empr�stimos. A incerteza do sistema financeiro tamb�m limita o cr�dito. H� um conservadorismo de um lado e de outro. O cr�dito poder� se reduzir ainda mais. Se o n�vel de atividade ficar est�vel ou uma queda de 1%, n�o podemos imaginar que o cr�dito continuar� crescendo 10%.

O que deu errado?
A insist�ncia em um modelo baseado no consumo, que se exauriu. As pessoas compraram autom�veis, geladeira, fog�o, televis�o. Mas n�o comprar�o isso de novo por pelo menos quatro anos. Esse ciclo, que est� associado com o n�vel de emprego e de cr�dito, se foi. � preciso ter outro ciclo, com outra melhora de emprego, de renda e de cr�dito. Mas eu n�o consigo enxergar isso.

A presidente Dilma Rousseff foi � TV pedir paci�ncia aos brasileiros. Mas tudo indica que a situa��o da economia ainda vai piorar, com aumento do desemprego?
Essa � a perspectiva do mercado. A oferta de emprego vai diminuir, assim como a renda, uma vez que a infla��o est� muito alta. Para fazer o ajuste fiscal, o governo est� aumentando impostos. A economia vai sofrer com isso.

Para piorar, o d�lar est� em disparada e pode subir mais. Falam em R$ 3,50 ou mesmo R$ 3,80.
S�o muitas as incertezas. Tantas que nem temos a garantia de que o lado bom da desvaloriza��o do real vir� na velocidade que o pa�s precisa: o aumento das exporta��es. O ideal seria que o d�lar estivesse mais forte entre 2004 e 2008, quando os pre�os das commodities (produtos b�sicos vendidos pelo pa�s) estavam subindo e as quantidades vendidas eram enormes, devido � demanda da China. Hoje n�o tem isso. A China est� crescendo mais devagar e as cota��es das commodities ca�ram. Certamente, um d�lar mais forte ajuda, mas n�o � como antes. De qualquer forma, � pelas exporta��es que o pa�s tem mais chance de crescer.

Muito da alta do d�lar decorre da fragilidade pol�tica do governo para aprovar o ajuste fiscal prometido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Como o senhor avalia isso?
O ajuste fiscal � important�ssimo para o pa�s. N�o podemos esquecer que, nos �ltimos anos, os erros na gest�o das contas p�blicas foram gritantes. E o maior deles, a desonera��o na folha de pagamento das empresas. O melhor teria sido o governo continuar cobrando impostos e destinando os recursos para a economia.

H� um temor generalizado dentro do governo de que a demora na aprova��o do ajuste fiscal pelo Congresso leve as ag�ncias de risco a rebaixarem o Brasil. Houve um voto de confian�a ao ministro da Fazenda. O prazo de validade est� vencendo?
Temos que ver bem o que o governo conseguir� fazer do ajuste e para onde ele aponta. Creio que o prazo de validade � din�mico. � importante deixar claro que pol�tica fiscal exige escolhas, sacrif�cios. Caso algumas das propostas n�o sejam aprovadas, ter� que se tirar de outro lado. E eu acho que tem de onde tirar. Sei que a discuss�o sobre um poss�vel rebaixamento do pa�s est� na mesa, mas n�o creio que estejamos prestes a perder o grau de investimento. No caso da Petrobras, que foi rebaixada, havia indicadores inequ�vocos para isso, a come�ar pela falta de balan�os trimestrais. N�o � o caso do Brasil. O pa�s est� longe disso.

Os percal�os para a aprova��o do ajuste s�o claros. O senhor est� confiante?
O importante � que o ministro da Fazenda est� tentando dar transpar�ncia para a situa��o das contas p�blicas. Est� adotando medidas que aumentam a arrecada��o e cortando despesas como, por exemplo, os benef�cios a vi�vas. � relevante que o ajuste fiscal seja feito para que o pa�s retome o crescimento econ�mico. As pessoas est�o contando muito com o cumprimento da meta de super�vit de 1,2% do PIB.

A falta de credibilidade do governo � grande, sobretudo entre o empresariado.
J� disse, em um reuni�o no Banco Central, que o esp�rito animal dos empres�rios est� mais para vegetal ou mineral. Para recuperar a disposi��o dos industriais de investir � preciso que o ajuste fiscal tenha sucesso. Com as contas p�blicas arrumadas, a confian�a voltar�. N�o podemos esquecer que o governo est� sem condi��es de gastar. At� as grandes estatais, como a Petrobras e a Eletrobras, est�o reduzindo investimentos.


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