A constata��o de uma economia em marcha-r� reduz, por ora, as apostas de fortes altas na taxa b�sica de juros (Selic). Com a infla��o em torno dos 8% em 12 meses, esperava-se ajuste total de 0,75 ponto percentual nas duas pr�ximas reuni�es do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom). Mas o IBC-Br levou analistas a acreditarem em ritmo menor. “A perspectiva de fevereiro � negativa e refor�a o vi�s recessivo”, sustenta o economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho.
Com a economia andando para tr�s, o aumento do desemprego se torna uma amea�a concreta. Na semana passada, os n�meros da Pnad Cont�nua, anunciados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), mostraram o avan�o da taxa de desocupa��o na virada do ano, cen�rio esperado e que deve ficar ainda mais claro nos pr�ximos meses.
Para o economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Jos� Luis Oreiro, n�o h� como reverter esse ambiente desfavor�vel nem no curto nem no m�dio prazo. “As vendas no com�rcio despencaram, o desemprego vai crescer: � vis�vel que a economia brasileira parou. N�o se trata de o quadro recessivo estar se aproximando: a verdade � que ele j� chegou”, analisa.
As medidas fiscais anunciadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tamb�m contribuir�o de maneira significativa para reduzir o crescimento, destaca Carlos Reis, um dos fundadores da Prime Corretora e do Banco Prime de Investimento. “Aperto � aperto: n�o ter� outro jeito. Teremos de encarar uns dois anos de muita dificuldade para arrumar a casa”, diz. “Os desgastes pol�ticos entre representantes do Executivo e do Congresso Nacional acentuam as incertezas em rela��o � economia, o que leva a uma diminui��o do volume de investimentos”, emenda o economista Jos� Luis Oreiro. “H� muitos fatores conspirando para tornar a recess�o algo inevit�vel”, afirma ele, que alerta para os riscos da demora na concretiza��o do arrocho.
O impacto do esc�ndalo de corrup��o na Petrobras, incluindo os efeitos da redu��o dos investimentos da companhia e os rompimentos de contratos, poder� ter um impacto de at� 0,5 ponto percentual no PIB deste ano. N�o � toa, a cada semana os analistas consultados pelo BC para o Boletim Focus intensificam as apostas de um ano bastante ruim para a economia.
Peso no bolso Os n�meros divulgados ontem revelam piora para a infla��o, PIB e pre�os administrados, entre outros. Quanto ao PIB, os especialistas de 100 institui��es financeiras ouvidos pelo BC para comp�r o boletim, consideram que o tombo deve chegar aos -0,78%. Foi a 11ª queda consecutiva. Na semana anterior, a previs�o era de retra��o de 0,66%. Mas h� quem aposte em baixa ainda mais forte. Andr� Perfeito, economista-chefe da Gradual Corretora, � um dos analistas que acredita que pode ter boas, mas tamb�m mais m�s not�cias ainda por vir e a queda pode ser maior do que o esperado. “Considero uma retra��o de 1% este ano e um crescimento de 1,5% em 2016, por causa da baixa base de compara��o”, revelou. A consultoria Tend�ncias vai al�m: prev� -1,2%. “J� trabalhamos com esse n�mero h� algum tempo devido � queda no consumo, ao aperto fiscal, aos reflexos da opera��o Lava-Jato nos investimentos da Petrobras e empreiteiras”, listou. J� a Selic prevista pelo Focus foi mantida em 13% para 2015. � a mesma proje��o da semana anterior.
De acordo com o Focus, depois da carestia extrapolar as expectativas, os especialista reviram as proje��es para o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA): passaram de 7,77%, na semana, passada para 7,93%, ontem. Um m�s atr�s eram de 7,27%. E o cen�rio fica pior quando se olha a an�lise de m�dio prazo feita pelos Top 5, que � o grupo de economistas que mais acertam as previs�es. Pulam de 7,97% para 8,33%. Tamb�m foi a 11ª semana consecutiva em que h� alta das previs�es para o IPCA. No quesito pre�os administrados, os especialistas aumentaram de 11,18%, na semana passada, para 12% nesta semana. O BC explicou que a proje��o leva em conta o aumento de 8% da gasolina, de 3,2% no g�s de buj�o e alta de 38,3% dos pre�os de energia el�trica, devido aos repasses �s tarifas do custo de opera��es de financiamento, contratadas em 2014, da Conta de Desenvolvimento Energ�tico (CDE).