Para o mercado de trabalho brasileiro superar a fase de demiss�es devido ao desaquecimento da economia ser�o necess�rias reformas nos �mbitos macro e microecon�mico de modo a promover ganho de produtividade, especialmente na ind�stria. Economistas ouvidos pelo Broadcast, servi�o em tempo real da Ag�ncia Estado, avaliam que o reaquecimento do mercado de trabalho deve come�ar pelo setor industrial e que o setor externo ter� um peso importante nesse processo, j� que, no �mbito interno, as fontes de crescimento pelo consumo se esgotaram no momento. Mudan�as na legisla��o trabalhista que facilitem a realiza��o dos ajustes do mercado necess�rios � oscila��o da economia tamb�m ser�o necess�rios, alertam.
Segundo Rodrigo Leandro de Moura, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Funda��o Getulio Vargas (FGV), a defasagem da curva de emprego em rela��o � economia se deve, em parte, devido � "uma legisla��o trabalhista muito r�gida e a um custo de ajustamento muito alto". Isso faz com que as empresas brasileiras pensem duas vezes antes de contratar ou demitir. Ele cita o exemplo dos Estados Unidos, onde o mercado de trabalho � flex�vel, os custos de admiss�o e dispensa s�o baixos e os sal�rios podem ser ajustados para mais ou para menos, dependendo do ciclo econ�mico. "No Brasil, tem a rigidez do ajuste para baixo", pondera, em refer�ncia � proibi��o de reduzir os rendimentos dos empregados. "Por aqui, tem que esperar a infla��o reduzir o sal�rio real para fazer o ajuste do custo do trabalho", detalhou.
Para Moura, o in�cio da recupera��o do mercado de trabalho em 2017 n�o deve se traduzir na queda substancial do desemprego. "Dependendo de quanto a economia crescer em 2016, pode ser que o desemprego cres�a em um ritmo menor, em 2017, menos de um ponto porcentual", estimou. Para ele, nos pr�ximos anos, o mercado de trabalho deve se afastar ainda mais do quadro de pleno emprego e vai ser dif�cil, sem crescimento econ�mico forte e reformas, que o desemprego diminua aos n�veis historicamente baixos registrados em 2014. "A flexibiliza��o � necess�ria. As contrata��es aumentam em um ambiente mais flex�vel", refor�ou.
Nesse sentido, o especialista do Ibre fala em reformas macro e microecon�micas com o objetivo de aumentar a produtividade do trabalho e defende tamb�m a regulamenta��o da terceiriza��o da m�o de obra no Pa�s. "Entendo como uma forma de flexibilizar o mercado de trabalho � legalizar, em parte, uma pr�tica j� existente". Para ele, a legisla��o trabalhista brasileira "� muito antiga e muito r�gida" e a mudan�a n�o deve se traduzir na precariza��o das condi��es dos trabalhadores. "Tem de se observar a atividade e a ocupa��o do terceirizado. Hoje, (o terceirizado) ganha menos por causa do ramo em que trabalha, n�o do v�nculo trabalhista", afirmou, contrapondo o argumento de centrais sindicais de que a terceiriza��o n�o beneficiar� os empregados porque atualmente a m�dia de sal�rios desse tipo de trabalhador � menor que a m�dia geral do mercado.
O in�cio do processo de retomada do mercado de trabalho se dar�, na avalia��o do diretor de pesquisa econ�mica da GO Associados, F�bio Silveira, a partir do crescimento do emprego na ind�stria. "A piora come�ou na ind�stria e contaminou os servi�os e o com�rcio. O c�rculo virtuoso vai come�ar pelo mercado de trabalho industrial", estimou. O especialista projetou ainda que, mesmo se n�o forem criadas condi��es para que as ind�strias comecem a recontratar, a retomada do mercado de trabalho pode levar ainda mais tempo. "O prazo passa de dois para quatro anos", projetou. Essa vari�vel � crucial, segundo o especialista da GO Associados, porque o mercado de trabalho dos demais setores n�o ter� capacidade de voltar a contratar t�o cedo. "N�o h� espa�o para iniciar o ciclo de crescimento via servi�os", afirmou.
Outro ponto desafiador destacado por Silveira � o mercado internacional, de onde pode vir a maior parte da recupera��o. "A retomada da economia n�o vir� pelo mercado dom�stico. Vir� pelo setor externo", projetou, destacando que "as fam�lias est�o endividadas e existe o ajuste fiscal". Com o mercado interno sem f�lego para investimentos e o esgotamento do consumo, resta melhorar o quadro de competitividade do Pa�s para buscar o mercado internacional. Para ele, tanto o aumento da competitividade da ind�stria brasileira como a redu��o do n�vel de endividamento das fam�lias s�o processos que levar�o cerca de um ano e meio a dois anos para se concretizarem.