O apetite dos chineses pela carne bovina poder� ser parcialmente saciado pelos mineiros. Cinco frigor�ficos do estado ser�o auditados pelo Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento (Mapa), no pr�ximo m�s, com o objetivo de verificar se cumprem as exig�ncias e podem vender para a China. Na ter�a-feira, durante a assinatura de acordos comerciais que dever�o movimentar mais de US$ 53 bilh�es (cerca de R$ 161 bilh�es) em neg�cios entre o Brasil e o pa�s asi�tico, a presidente da Rep�blica, Dilma Rousseff, disse que oito frigor�ficos j� seriam habilitados � venda para os chineses imediatamente e que outros nove estariam � espera de autoriza��o. Os mineiros entrariam nessa disputa pela aprova��o.
De acordo com o secret�rio estadual de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento, Jo�o Cruz Reis Filho, o interesse pela carne de Minas demonstra a import�ncia do estado na produ��o nacional. Ele lembra que o segundo maior rebanho do pa�s � o mineiro, com 24 milh�es de cabe�as de gado. E quase 10% dos abates nacionais sob inspe��o s�o feitos no estado. O secret�rio, no entanto, n�o adianta quais s�o os frigor�ficos na mira dos chineses.
Para o presidente da Associa��o de Frigor�ficos de Minas Gerais, Esp�rito Santo e Distrito Federal (Afrig), S�lvio Silveira, alguns candidatos em potencial seriam: as plantas do JBS de Ituiutaba e Iturama (Tri�ngulo Mineiro), o Mataboi de Araguari (tamb�m no Tri�ngulo e adquirido em dezembro pela JBJ Agropecu�ria no fim de 2014) e o Maxi Beef de Carlos Chagas (Vale do Jequitinhonha/Mucuri). “S�o exportadores, mas n�o d� para afirmar que ser�o eles”, afirma. Em sua opini�o, � importante que o estado, que tem mais de 60 frigor�ficos, entre na disputa pela clientela chinesa: “O mercado interno est� ruim. Temos que apostar nas exporta��es”. Ele, que tamb�m � propriet�rio do Serrad�o, de Betim, na Grande BH, diz que as vendas ca�ram de 30% a 40% entre janeiro e este m�s. “O povo est� sem dinheiro e para de comprar carne.”
O pre�o da arroba do boi no estado tem variado de R$ 130 a R$ 140. Silveira explica que neste mesmo per�odo do ano passado a arroba era cotada entre R$ 100 e R$ 110. “Melhorou o pre�o, mas foi um ajuste, porque o mercado ficou parado por anos. N�o acredito que v� faltar carne para o mercado interno”, afirma. A coordenadora da assessoria t�cnica da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, tamb�m n�o acredita em risco de desabastecimento. Para ela, a abertura do mercado de carnes para a China “tem grande potencial”. Ela observa que os chineses compram 1,5 milh�o de tonelada de carne bovina por ano e pretendem chegar a 5 milh�es de toneladas em 10 anos. Para se ter ideia, de janeiro a abril, o Brasil exportou 413,33 toneladas.
Os criadores de gado est�o apreensivos. O pecuarista Pedro Pieroni, da Fazenda Coqueiros, em Formiga, no Centro-Oeste do estado, tem boa expectativa. “Mas, se fosse pra agora, a gente n�o ia ter boi para entregar”, observa. Em sua opini�o, ser� necess�rio est�mulo para a produ��o de matrizes e expans�o da pecu�ria: “Tem que ter motiva��o para n�o faltar carne”. O pecuarista lembra que s�o necess�rios cerca de 22 meses para um boi passar das 20 arrobas e ficar pronto para o abate.