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Estado de Minas ESQUECIDA PELAS AUTORIDADES

Baiminas reflete a falta de investimentos em transporte mais competitivo

Abandono dos trilhos encarece a vida no Brasil


postado em 06/08/2015 00:12 / atualizado em 06/08/2015 07:28

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Nanuque (MG), Serra dos Aimor�s (MG), Mucuri (BA) e Ponta de Areia (BA) –
Um dos maiores custos da madeireira Carvalho � o frete com as carretas que levam os eucaliptos das florestas do Vale do Jequitinhonha, onde funciona a sede da empresa, para a unidade em Nanuque, no Vale do Mucuri. “Se as viagens fossem feitas pelos trilhos, seria muito mais barato”, conclui J�nio Lemes Carvalho, gerente da firma.


A afirma��o dele � confirmada por uma pesquisa do Instituto de Log�stica e Supply Chain (Ilos). O custo m�dio da movimenta��o de carga por ferrovia, segundo o estudo, � seis vezes menor que pelo modal rodovi�rio. Em 2012, quando o levantamento foi elaborado, cada tonelada por quil�metro �til (TKU) transportada por ferrovia custava R$ 43. Pelo asfalto, valia R$ 259. Apesar da disparidade de pre�os, o poder p�blico investiu pouco na malha ferrovi�ria nas �ltimas d�cadas.

De 1997, quando ocorreu a desestatiza��o dos caminhos de ferro, a 2013, por exemplo, a Uni�o aplicou R$ 1,59 bilh�o no setor. J� as empresas privadas aportaram R$ 39,7 bilh�es. Os dados s�o da Associa��o Nacional dos Transportadores Ferrovi�rios (ANTF) e serviram como base para uma lista de propostas que a entidade apresentou aos candidatos � presid�ncia da Rep�blica no pleito de 2014.


Em junho passado, o governo federal anunciou investimentos de R$ 86,4 bilh�es na malha f�rrea. Trata-se da segunda fase do Programa de Investimento em Log�stica (PIL). O problema � que, em 2012, a presidente Dilma Rousseff lan�ou, com pompa, propostas de aporte de R$ 99 bilh�es para ferrovias e tr�s anos depois as obras ainda n�o sa�ram do papel. A neglig�ncia do poder p�blico com as ferrovias � o tema da �ltima reportagem da s�rie que o EM e o em.com.br publicam desde domingo, sobre a Ferrovia Bahia-Minas.

Os 578 quil�metros da linha erguida em 1881 e desativada em 1966 ligaram o sert�o mineiro ao mar, de Ara�ua� a Ponta de Areia (BA). A ferrovia levou o milagre econ�mico por onde passou, mas, depois que os trilhos foram arrancados, n�o se viu mais o progresso em cidades e lugarejos fundados pela pr�pria Baiminas, como a ferrovia � conhecida. Em Nanuque, onde J�nio gerencia a madeireira, n�o h� mais a prosperidade do tempo da ferrovia.

A rodovia que corta a cidade recebe, diariamente, dezenas de caminh�es carregados de eucaliptos. Troncos de madeira eram um dos principais produtos transportados pelos vag�es da Baimina. Com o fim da linha, J�nio faz um lamento que � seguido por v�rios empres�rios do ramo na regi�o. “Pago R$ 1,5 mil pelo frete de um caminh�o. Com o trem, ent�o, pagaria bem menos”.

A quantidade de carretas abarrotadas de eucaliptos na regi�o levam moradores a se perguntarem se a demanda n�o justificaria o retorno da Baiminas. “A gente at� perde a conta de quantos caminh�es com madeira passam por aqui”, destaca Marcos Rocha Ribeiro, dono de um bar em Pedro Versiani, distrito de Te�filo Otoni. O com�rcio dele foi erguido a menos de 10 metros de onde os trilhos foram arrancados e a menos de 100 metros de onde hoje � a rodovia que recebe as carretas com eucaliptos.

Por isso, o nome do microempreendimento dele homenageia a extinta ferrovia – Bar Bahia-Minas. Marcos tem 50 anos de idade, por coincid�ncia, tempo que vai completar em maio do ano que vem a �ltima viagem da locomotiva na ferrovia. Durante o vaiv�m de vag�es, a estrada de ferro levou o progresso a um peda�o do Sul da Bahia e ao Vale do Jequitinhonha.

“Agora falta emprego”, reclama S�lvio Matos da Silva. A situa��o dele � um caso a parte na hist�ria da ferrovia. Casado com Marciele Santos Gon�alves, ele mora num im�vel que abrigou a esta��o da ferrovia. Na mesma constru��o, tamb�m residem Giovani dos Santos e a sobrinha dele, Josiele. Metade da esta��o foi erguida em Serra dos Aimor�s (MG), onde mora o casal. A outra metade foi constru�da em Mucuri (BA), onde vivem Giovani e a sobrinha.

A antiga esta��o pertence ao poder p�blico, mas, enquanto a constru��o n�o volta ao dom�nio do governo, as duas fam�lias levam a vida no local. “A energia el�trica � a base de gato mesmo, porque, como n�o pertence a n�s, a companhia n�o coloca luz pra gente”, confidencia S�lvio. A situa��o atual da esta��o resume bem a hist�ria da Baiminas, hoje esquecida pelo poder p�blico.

 

DE UMA PONTA A OUTRA

 

O descaso que incomoda

 

Te�filo Otoni e (MG) e Ponta de Areia (BA) – A maria-fuma�a exposta numa pra�a em Te�filo Otoni (foto) chama aten��o de turistas. A m�quina de ferro, embora protegida do sol forte e da chuva por uma cobertura, necessita de reforma, pois a ferrugem tomou conta de parte da estrutura da m�quina. Pior situa��o � a do porto de Ponta de Areia, onde navios ancoravam para abastecer os vag�es de carga. O local, hoje, se resume a alguns troncos de madeira (foto abaixo) cuja maior parte foi engolida pela �gua. O piso n�o existe mais. Deu lugar a um mangue, onde ex-ferrovi�rios agora ganham a vida � procura de siris.

 

De Ara�ua� A Ponta de Areia

A s�rie Ferrovia Bahia-Minas – 50 anos depois do ponto final, que o Estado de Minas encerra hoje, mostrou desde domingo os reflexos ainda presentes da desativa��o, em 1966, da linha f�rrea que gerou crescimento de emprego, renda e neg�cios em munic�pios dos vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Sul da Bahia. A reportagem visitou v�rias cidades, identificou dramas pessoais e a determina��o de gente que ainda espera a volta dos trilhos. Al�m da escassez de oportunidades de trabalho, falta infraestrutura b�sica e o descaso com a estrada de ferro � um problema vivido em todo o pa�s.


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