
A m�xima de que o cliente tem sempre raz�o h� muito n�o guiava, como agora, as negocia��es de pre�os dos prestadores de servi�os com o contratante, hoje, disposto a barganhar o or�amento com todo vigor. “O cliente chora, e aquelas pessoas que nem pediam desconto tentam de toda forma negociar o valor que pagavam antes”, afirma o aut�nomo Pedro Arthur Rodrigues Monteiro, h� cinco anos no ramo de presta��o de servi�os de pintura, el�trica e hidr�ulica.
Guy Joel Ferchouli, que concentra os servi�os da Home Services em bairros da Zona Sul de BH, atende um universo maior de clientes empenhados em negociar a conta, dependendo do tipo de trabalho a ser feito. “H� casos em que o cliente tem desistido da reforma ideal e, quando se trata de pequenos reparos, ele mesmo d� um jeito de fazer”, observa. Para fugir dos elevados reajustes de material, Guy deixou de incluir o custo com o material, que passou a ser comprado pelo cliente.
Equipado em seu Dobl� adaptado para a presta��o de servi�os, Marcelo Sales diz que s� o deslocamento da casa onde mora, no Bairro S�o Lucas, na Regi�o Centro-Sul da cidade, at� a Pampulha leva R$ 20 do or�amento. O reajuste da gasolina puxou outras corre��es de pre�os, a exemplo da lata de tinta de 18 litros, que pode ser encontrada a at� R$ 160, frente aos R$ 139 anteriores. “No cen�rio atual, o cliente quer pagar pouco e escolhe os servi�os pelo pre�o. Ele n�o v� a qualidade”, diz.
Rumo incerto
� exce��o dos servi�os considerados essenciais, ser� muito complicado para os profissionais de manuten��o e reforma predial manter o ritmo de reajustes de pre�os, avalia F�bio Bentes, do Departamento de Economia da CNC. Esses profissionais n�o est�o livres, ainda, de enfrentar o risco de ter de sair, temporariamente que seja, do neg�cio, ou migrar de atividade, como j� estaria ocorrendo no com�rcio, segundo ind�cios captados por indicadores do setor analisados pela entidade.
Estudo feito pela CNC indicou queda de 5,6% nos �ltimos 12 meses at� julho do n�mero de empresas comerciais informantes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Minist�rio do Trabalho e Emprego no pa�s. “Trata-se de um ind�cio fort�ssimo de que essas empresas fecharam as portas ou partiram para a informalidade”, afirma Bentes. S�o, ao todo, 800 mil estabelecimentos informantes do Caged no com�rcio. Em Minas Gerais, a retra��o foi superior � m�dia nacional, de 7,8%.
As empresas comerciais informantes do Caged em Minas somam 84.700, cerca de um quarto das 346 mil classificadas no segmento, em 2014, pelo cadastro da Rela��o Anual de Informa��es Sociais (Rais), base do controle do setor do ponto de vista da legisla��o trabalhista. O levantamento de dados da CNC mostrou que a situa��o dos pequenos empreendimentos � mais grave e as taxas de encolhimento das empresas t�m afetado, em particular, o com�rcio varejista de material de constru��o (14%), o de equipamentos de inform�tica e comunica��o (13%) e aquele n�o especializado – que engloba lojas de departamento, utilidades dom�sticas e bazares.