
O Natal deste ano dever� ser pior que o do ano passado para o com�rcio brasileiro, de acordo com estimativas de entidades e especialistas do setor. A Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo (CNC), por exemplo, prev� que as vendas nesse per�odo caiam 4,1%. Segundo a CNC, ser� primeira queda desde o in�cio da s�rie hist�rica sobre vendas de com�rcio, em 2004.
A retra��o ser� acompanhada de queda de 2,3% no n�mero de vagas para contrata��o tempor�ria, acrescenta a CNC. “O emprego tempor�rio � uma aposta que o comerciante faz no Natal. Quanto maior o crescimento das vendas, maior o aumento das contrata��es”, explicou o economista da CNC F�bio Bentes. As contrata��es para o Natal costumam come�ar em setembro e se estendem at� novembro.
De acordo com a CNC, um dos segmentos mais afetados � o de m�veis e eletrodom�sticos, em raz�o da desvaloriza��o cambial, da alta da infla��o e, em especial, do encarecimento do cr�dito. A retra��o projetada este ano para as vendas do segmento atinge 16,3%. “A situa��o n�o deve melhorar at� o Natal”, afirmou Bentes. Como a taxa b�sica de juros (Selic) n�o deve cair at� o fim do ano, Bentes disse que isso consolida a taxa de juros recorde atual, o que afeta de forma negativa as vendas e, indiretamente, o emprego tempor�rio no setor.
O economista citou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), segundo os quais o com�rcio registrou redu��o das vendas de 2,4% de janeiro a julho deste ano, em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. No fim do ano, a previs�o da CNC � queda de 2,9%, piorando nas festas natalinas, quando as vendas devem cair 4,1%. Bentes lembrou que os produtos vendidos no Natal t�m maior rela��o com a varia��o do d�lar do que ao longo do ano. � o caso de alimentos importados, brinquedos e at� vestu�rio. “Com o d�lar em torno de R$ 4, isso coloca uma dificuldade muito grande. No Natal passado, o d�lar estava em R$ 2,65.”
Para o economista, o Natal ainda vai induzir o varejo a produzir n�meros mais negativos do que os apresentados at� agora, porque, al�m do cr�dito caro, h� o d�lar alto, e os dois fatores empurram as vendas para baixo. No ano passado, quando o cen�rio era diverso, tanto as vendas quanto as contrata��es tempor�rias no Natal subiram 1,8%.
Pessimismo
O presidente do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio), Aldo Gon�alves, lembrou que o pa�s est� passando por uma turbul�ncia e, com as implica��es pol�ticas e econ�micas, fica dif�cil fazer qualquer previs�o. “Com a infla��o alta, que corr�i o sal�rio do trabalhador, com os juros altos, que s�o ruins para o consumidor e o lojista, e com o desemprego crescente, mais o clima de incerteza, a expectativa � pessimista.”
Gon�alves disse que o faturamento baixo, somado �s incertezas, deve reduzir em 10% os contratos tempor�rios do com�rcio no final do ano. No Natal de 2014, o volume de vendas do com�rcio subiu 1,8%, resultado pior que o desempenho de 2013, quando o aumento atingiu 3%.
O professor de finan�as da Funda��o Getulio Vargas Luiz Eduardo Franco de Abreu disse que o consumidor dever� optar, no final do ano, por adquirir presentes de menor valor. “Talvez o n�mero de presentes diminua muito pouco, mas os valores devem diminuir mais”.
Comida
De acordo com Abreu, fen�meno semelhante j� come�ou a ocorrer na �rea de alimenta��o. Antes, com poder aquisitivo maior, a classe m�dia optava por restaurantes mais caros. Com isso, tais restaurantes registravam faturamento maior do que os demais segmentos da economia. Hoje est� havendo uma altera��o nesse quadro, ressaltou o professor, e a maioria dos consumidores prefere restaurantes que oferecem pre�os mais baixos.
Abreu recomendou que o trabalhador guarde uma parte do 13º sal�rio para n�o ficar aumentando as d�vidas. “O melhor presente que ele pode dar a si mesmo e � fam�lia � diminuir o endividamento.”
A economista-chefe do Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC Brasil), Marcela Kawauti, destacou que a atua��o do com�rcio no fim do ano depende do dinheiro que entra na economia. “Este ano, j� sabemos que o 13º vai ser menor. H� menos gente trabalhando, e quem continua trabalhando, em termos reais, est� ganhando menos. S� por isso, o 13º vai ser mais fraco.”
Pesquisa recente do SPC Brasil sobre m�o de obra tempor�ria mostra que nove em cada dez empres�rios afirmaram que n�o v�o contratar trabalhadores para o Natal. Por causa da infla��o, do aumento do desemprego e da piora na confian�a do consumidor, “o Natal deste ano vai ser pior do que em 2014”, prev� Marcela.
Para a Associa��o Brasileira do Trabalho Tempor�rio, o cen�rio desfavor�vel na economia brasileira afetar� as vendas de final de ano, devido �s altas taxas de juros, ao avan�o da infla��o e � restri��o de cr�ditos, fatores que prejudicam diretamente o consumo dos brasileiros.
A queda m�dia de 15% registrada no 1º semestre de 2015 nas contrata��es de trabalhadores tempor�rios, comparativamente ao mesmo per�odo de 2014, somada ao agravamento da crise econ�mica, indica que haver� queda de cerca de 20% nas admiss�es tempor�rias nos pr�ximos tr�s meses. A associa��o estima que, neste ano, o n�mero fique em torno de 107.800 contrata��es, contra 134.800 no Natal do ano passado.
Segundo a associa��o, quem mais contrata m�o de obra tempor�ria no setor � o com�rcio de rua, al�m de shopping centers e supermercados, A maioria dos trabalhadores contratados para o per�odo de fim de ano (65%) tem entre 18 e 40 anos.