Em campo, F�bio e Lucas Pratto duelam nos jogos entre Cruzeiro e Atl�tico. Fora dos gramados, a concorr�ncia dos dois se d� no �mbito dos neg�cios. O goleiro cruzeirense e o atacante argentino s�o donos de academias de gin�stica em Belo Horizonte. Detalhe: a disputa � ainda maior se considerada a localiza��o das empresas, a dist�ncia entre as duas � de menos de dois quil�metros. Assim como os dois jogadores, muitos outros aproveitam os sal�rios estrelares para p�r em pr�tica o lado empreendedor. Os investimentos v�o desde im�veis at� o aluguel de limusines.
A academia F1 Fitness, marca associada ao nome do goleiro e ao n�mero de sua camisa, foi aberta em abril do ano passado, o que d� vantagem ao goleiro. A unidade, no Bairro Cidade Nova, j� tem 1 mil alunos. E o goleiro j� planeja abrir outras duas. “Sempre tive o sonho de investir em uma coisa de que eu gostasse. Fiquei com esse pensamento e Deus foi direcionando”, afirma F�bio. Al�m da academia, o jogador tem outros neg�cios, como uma fazenda de eucalipto e um apart-hotel. “Sempre observo coisas concretas, n�o s� aventuras no mercado”, diz.
Perto dali, no Bairro Cachoeirinha, o atacante atleticano d� nome a um empreendimento criado em parceria com outros s�cios. Na cerim�nia de inaugura��o da academia, 10 dias atr�s, o argentino disse ser preciso diversificar os neg�cios por causa da curta dura��o da carreira de atleta. N�o sabemos o que pode acontecer amanh�. Ainda tenho quatro anos de contrato. O importante � que estamos felizes”, disse na ocasi�o. O atleta investiu R$ 3 milh�es na primeira das unidades e j� projeta outras. O investimento em academias de muscula��o por jogadores remete ao goleiro Dida, que, ainda no Cruzeiro, montou uma unidade em um shopping de BH na d�cada de 1990.
A proximidade da hora da aposentadoria instiga muitos jogadores a empreender para ter uma ocupa��o com o fim da carreira futebol�stica. O volante Leandro Guerreiro, ex-Cruzeiro e, atualmente, no Am�rica, reconhece a curta dura��o da carreira de jogador de futebol. “N�s paramos no auge. � a idade que um m�dico est� come�ando a ter reconhecimento”, diz ele, aos 37 anos. De olho nisso, ele e a esposa enxergam uma poss�vel oportunidade de investimento no mercado de aluguel de limusines. Os carr�es j� circulavam por outras capitais brasileiras, mas Belo Horizonte, onde ele mora h� cinco anos, n�o havia ningu�m explorando o nicho. “Minha filha tinha visto os carros rodando no Rio. Quando viemos para BH, pediu uma festa em uma limusine. A� nos perguntamos por que aqui n�o tinha e come�amos a pesquisar”, recorda o jogador.
Inicialmente, o casal, em parceria com um amigo dos tempos de Rio de Janeiro, adquiriu dois carros. Mas, como o maior deles era rosa, o aluguel para meninos ficava restrito. Isso somado � demanda crescente fez com que ampliassem os investimentos, comprando um terceiro carro para a BH Limousines. “N�o tinha mais agenda”, diz Leandro. Hoje, quase dois anos depois do come�o do servi�o, dois ter�os dos passeios s�o encomendados para festas infantis. O restante � destinado a p�blico diversificado, de casamentos a festas para senhoras com mais de 80 anos. Por enquanto, o neg�cio � tocado principalmente pela mulher e o s�cio, mas o atleta j� projeta maior participa��o com a aposentadoria. “Penso nisso. E a empresa caiu como uma luva. Qual homem n�o gosta de mexer com carro?”, afirma.
O lado empreendedor do atacante Rafael Moura tamb�m falou mais alto ao associar-se com amigos nerds de inf�ncia para montar uma empresa desenvolvedora de sites que vendem produtos. O carro-chefe � o site Futebolaria, no qual s�o vendidos produtos voltados para torcidas de futebol. Exemplo: s�o elaboradas camisas com frases cantaroladas nas arquibancadas. E mais: os pr�prios clientes t�m a possibilidade de criar estampas e os produtos ficam � venda no site. Em troca, ele recebe 5% pela autoria. “Teve um torcedor que ganhou R$ 2 mil em tr�s dias. Ele vendeu 10 mil produtos com a frase que ele criou”, afirma.
“Estou curtindo essa diversifica��o dos investimentos”, afirma o jogador, formado nas categorias de base do Atl�tico e hoje no Internacional. Ele ainda tem outros neg�cios mais tradicionais (im�veis, lojas etc.). “Tudo � bem diferente do meu meio. Em outras coisas est� s� meu dinheiro. Isso eu gosto de trabalhar”, afirma. Morando em Porto Alegre, Moura d� seus pitacos nos neg�cios da empresa pela internet e �s vezes participa de reuni�es em BH.
Im�veis
Apesar de a maioria dos atletas-empres�rios buscar tem�ticas ligadas ao esporte, o jogador Gilberto Silva, com passagens por Am�rica e Atl�tico e campe�o do mundo com a Sele��o Brasileira, decidiu abrir uma construtora. De tanto ouvir que era um dos investimentos mais seguros, inicialmente o dinheiro que recebia era investido em im�veis, at� que, em 2011, abriu a empresa. De l� para c�, sete pr�dios j� foram constru�dos. Hoje, com o mercado em baixa, busca outras oportunidades dentro do setor. “Fui bem autodidata ao buscar conhecimento e em querer empreender”, afirma.
Assim como outros jogadores, Gilberto vem de fam�lia mais pobre e o futebol foi uma sa�da para a falta de oportunidades. Com os primeiros sal�rios no Galo ele p�de juntar uma parte dos rendimentos at� um dia conseguir realizar o sonho de comprar uma casa melhor para os pais. Com a construtora, diz ter se emocionado ao entregar as chaves para um casal de garis. “Foi superemocionante. Remete ao meu passado, ao primeiro im�vel que meu pai conseguiu comprar depois que foi mandado embora da empresa onde trabalhava”, afirma.
E � da inf�ncia e da adolesc�ncia, quando trabalhou como servente de pedreiro e em uma f�brica de caramelos, que aprendeu a lidar com o dinheiro. “Essas experi�ncias me deram consci�ncia, zelo na hora de administrar as quest�es financeiras”, diz o jogador, recuperado de uma les�o no joelho, mas ainda sem clube.