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Estado de Minas CRISE E CASTIGO

Seca prolongada traz preju�zos para agropecu�ria, ind�stria e servi�os

Crise h�drica agrava perdas geradas pela recess�o econ�mica no pa�s


postado em 01/11/2015 11:00 / atualizado em 01/11/2015 11:12

Terceiro ano de estiagem compromete produção de café, principal produto da pauta de exportação agrícola de Minas. em Machado, no Sul, produtores decepam plantações e colhem frustação(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Terceiro ano de estiagem compromete produ��o de caf�, principal produto da pauta de exporta��o agr�cola de Minas. em Machado, no Sul, produtores decepam planta��es e colhem frusta��o (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Que a �gua � essencial � vida ningu�m duvida, mas a crise h�drica pela qual atravessa Minas Gerais tem mostrado como ela tamb�m � vital � economia. Do turismo � ind�stria, a estiagem corta o estado de norte a sul e, somada � recess�o que o pa�s enfrenta, est� secando o bolso de empres�rios, produtores rurais e comerciantes. Caf�, leite, peixes, hortali�as, mineradoras, tecelagens, metal�rgicas, usinas de a��car, entre outros setores. Dif�cil escapar dos efeitos da falta da �gua, que n�o escolhe setor. No terceiro ano consecutivo com chuvas abaixo da m�dia hist�rica, produtividade, investimentos e, consequentemente, o faturamento das empresas e a renda das fam�lias tamb�m ficam abaixo do esperado. Para mostrar essa situa��o, rep�rteres do Estado de Minas percorreram munic�pios em v�rias regi�es do estado, como Machado, Varginha, Abaet�, Tr�s Marias, Morada Nova de Minas, Montes Claros e Franciso S�. A realidade da estiagem nesses lugares � contada na s�rie de reportagens “Seca + crise”, que o EM publica a partir de hoje.

Falta de chuva seca rios, como o canal no Sucuri, que deságua no lago de Três Marias e deixa rastro de mortandade de peixes(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Falta de chuva seca rios, como o canal no Sucuri, que des�gua no lago de Tr�s Marias e deixa rastro de mortandade de peixes (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
A estiagem elevou o custo da energia em at� 50% para alguns segmentos da ind�stria, que paralisaram cerca de 80% da produ��o, como os produtores de ferroligas do Norte do estado. Eletricidade e a alta do d�lar pressionam os insumos. A seca coincide ainda com a pouca disposi��o da popula��o para o consumo. Como efeito do encolhimento da demanda no mercado interno, os investimentos retra�ram das pequenas at� as grandes f�bricas. Al�m de reduzir a produ��o, as ind�strias mineiras j� est�o sendo orientadas para considerar nos seus planos a perspectiva de racionamento de �gua como uma realidade e n�o mais apenas uma possibilidade. E o fantasma do desemprego ronda o setor.

Gado na Fazenda Bicué, em Abaeté. Com estiagem, pasto seca e produção cai 50%, agravando os efeitos da crise econômica (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Gado na Fazenda Bicu�, em Abaet�. Com estiagem, pasto seca e produ��o cai 50%, agravando os efeitos da crise econ�mica (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
A agropecu�ria, que sofre os efeitos diretos das mudan�as clim�ticas, � um dos primeiros setores a sentir o baque da falta de chuva. O caf� e o leite, dois dos principais esteios da economia do estado, se curvaram � seca. Maior produtor de caf� do mundo, Minas Gerais registra quebra de pelo menos 30% na produ��o no estado em rela��o ao esperado, de acordo com o Centro de Com�rcio de Caf� do Estado de Minas Gerais (CCCMG). Se considerado os �ltimos dois anos, a queda na produ��o supera os 20%. Este ano, a produ��o foi de 21,9 milh�es de sacas, contra 27,7 milh�es em 2013. A estiagem � tanta que o Sul de Minas, regi�o prop�cia para o cultivo do gr�o e onde est�o os maiores cafeicultores mineiros, come�a a conviver com problemas t�picos do Norte do estado.

Em Furnas, hotéis, como o Lagamar, fecham as portas com a falta de clientes pela escassez de água e pela recessão no país(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Em Furnas, hot�is, como o Lagamar, fecham as portas com a falta de clientes pela escassez de �gua e pela recess�o no pa�s (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
A pastagem prejudicada e a desacelera��o da demanda impactam a produ��o de leite em Minas, maior bacia do pa�s. Com a produ��o de 9,5 bilh�es de litros (26% do percentual nacional), depois de uma d�cada de crescimento cont�nuo, a expectativa da ind�stria leiteira � de uma retra��o de at� 2% em 2015. Parece pouco, mas a queda reverte um forte ciclo de alta, que nos �ltimos 10 anos viu o consumo de leite e derivados avan�ar 50% entre os brasileiros. No Norte de Minas, as perdas na atividade leiteira somam R$ 400 mil por dia. Se considerada a agricultura, as estiagens dos �ltimos tr�s anos na regi�o acumulam preju�zos de R$ 2 bilh�es, segundo estimativa da Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural (Emater-MG), em Montes Claros.

Pescado m�ngua e turistas somem

Do pasto e da lavoura para os rios e lagos, a seca atingiu diretamente a piscicultura. Maior produtor de pescados no lago de Tr�s Marias, no munic�pio de Morada Nova de Minas, a mortalidade dos peixes � medida em toneladas. Na ponte sobre o Rio Sucuri, onde est� um bra�o da represa, a �gua deixou de correr por completo, s� ficou a terra seca. A estiagem transformou os piscicultores em n�mades, realidade tamb�m presente no Lago de Furnas, que banha 34 munic�pios mineiros. De tempos em tempos, eles s�o for�ados a migrar com seus tanques em busca dos pontos mais profundos da represa.

A estiagem aliada ao crescimento do desemprego afeta tamb�m o turismo. No tradicional Lago de Tr�s Marias, no Rio S�o Francisco, as lanchas e jet skis sumiram. O movimento do turismo caiu 40%. No Lago de Furnas, tamb�m conhecido como o “Mar de Minas”, h� lugares que est�o mais para sert�o. Em cidades do Sul do estado banhadas pela represa, o turismo despencou 50%. No Norte de Minas, at� as lagoas em �reas de clubes secaram completamente. (Com Luiz Ribeiro e Marta Vieira)

80%
� o corte na produ��o dos fabricantes de ferroligas no Norte do estado, afetados pela estiagem que elevou o custo da energia el�trica em at� 50% este ano e pela recess�o econ�mica

An�lise da not�cia

Urg�ncia e sabedoria


Pedro Lobato

Em meio � recess�o que vem frustrando a retomada da atividade econ�mica no pa�s (o Produto Interno Bruto deve recuar 3% este ano e pelo menos 1% em 2016), tudo o que a economia mineira n�o precisava em 2015 � de uma seca. E, desta vez, n�o se trata de uma estiagem qualquer, daquelas que costumam frequentar o Norte do estado. A reportagem mostra que a falta d'�gua afeta tamb�m o Sul de Minas e impede a cafeicultura – tradicionalmente poderosa em Minas – de ganhar com alta do d�lar. Depois de elevar o custo da energia, a seca promete mais estragos e sugere que ind�strias e agroneg�cio n�o descartem, em seus planos, a hip�tese do racionamento. A combina��o crise seca certamente n�o poupar� o emprego, fazendo desse o seu lado mais perverso. Por isso mesmo, tem de ser enfrentada com urg�ncia, mas com sabedoria. A precipita��o que desmonta ativos n�o � boa conselheira.


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