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Estado de Minas LEITE SEM PASTO E RUMO

�gua escassa sacrifica a produ��o de leite em Minas

Estiagem prolongada secou cursos d%u2019�gua. Retra��o no consumo de produtos l�cteos e a eleva��o dos pre�os dos insumos agravam situa��o


postado em 01/11/2015 11:00 / atualizado em 01/11/2015 08:05

Em Abaeté, o Pecuarista Antônio Sobrinho contabiliza queda de mais de 50% No negócio, enquanto a remuneração de R$ 0,98 por litro NEM sequer cobre os custos de manter rebanho e equipamentos (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Em Abaet�, o Pecuarista Ant�nio Sobrinho contabiliza queda de mais de 50% No neg�cio, enquanto a remunera��o de R$ 0,98 por litro NEM sequer cobre os custos de manter rebanho e equipamentos (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Abaet�, Francisco S� e Montes Claros
– H� mais de 50 anos, Ant�nio Gon�alves Sobrinho � produtor de leite na regi�o de Abaet�, no Centro-Oeste do estado, como foi seu pai. O neg�cio � uma heran�a de fam�lia. Nesse �ltimo ano, Ant�nio est� mais preocupado com os custos e os resultados da atividade, que est�o fechando no vermelho. O terceiro ano consecutivo de estiagem prolongada na Fazenda Bicu� j� secou cursos d’�gua e n�o � o �nico desafio. A retra��o no consumo de produtos l�cteos e a eleva��o dos pre�os dos insumos, como ra��o, energia el�trica e combust�veis, pesam na conta e j� reduziram a produ��o de 4 mil litros por dia para 1,5 mil litros de leite diariamente. “O pasto acabou, mas �s vezes acho que a crise da economia est� pior que a crise da �gua”, arrisca o pecuarista.

A estiagem prolongada afeta duramente tamb�m a produ��o leiteira do Norte de Minas, regi�o que garante o sustento de centenas de pequenos agricultores. Dados da Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural de Minas Gerais (Emater-MG) mostram que a produ��o de leite da regi�o baixou de 500 mil litros por dia para 100 mil litros diariamente. “Considerando o valor de venda do leite pelo produtor a R$ 1 por litro, significa que a regi�o enfrenta preju�zo de R$ 400 mil por dia”, afirma Reinaldo Nunes de Oliveira, t�cnico do escrit�rio da Emater-MG em Montes Claros.

Na Fazenda Bicué, é difícil dizer se impacto da crise hÍdrIca supera ou não o da economia(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Na Fazenda Bicu�, � dif�cil dizer se impacto da crise h�drIca supera ou n�o o da economia (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Minas � l�der na produ��o de leite do pa�s. Com 9,5 bilh�es de litros produzidos no ano passado, det�m 26% do volume nacional. Na �ltima d�cada, o consumo do brasileiro de leite e derivados cresceu 50%, passando de 120 litros por habitante para 180 litros, alcan�ando a indica��o da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS). Em 2015, a ind�stria projeta a primeira desacelera��o para o mercado dos �ltimos 10 anos, o que pode alcan�ar 2% no estado, o equivalente a quase 2 milh�es de litros a menos.

Parece pouco, mas o percentual inverte um forte ciclo de alta. Na ponta do l�pis, o produtor Ant�nio Sobrinho sente o freio da cadeia produtiva. “Neste ano, o pre�o do leite est� p�ssimo. Estou recebendo, neste m�s, da ind�stria R$ 0,98 pelo litro em plena entressafra, o que n�o cobre o custo da produ��o. Quanto vale um litro de �gua?”, reclama Sobrinho.

Falante, o produtor, que completou 75 anos, anda r�pido pela propriedade, sem dar mostras de cansa�o. No curral, conhece cada animal do rebanho e lamenta que h� dois anos sua produ��o caiu para menos da metade. Apesar de  apresentar n�meros de uma produ��o de grande porte, ele aponta que a remunera��o n�o est� cobrindo os custos de produzir com investimentos em equipamentos e qualifica��o t�cnica.

Segundo o Centro de Estudos Avan�ados em Economia Aplicada (Cepea/USP), o pre�o m�dio do litro do leite pago ao produtor em setembro, de R$ 1,08, est� 6% abaixo da cota��o de setembro de 2013, quando o produtor era remunerado a R$ 1,15. O diretor de Pecu�ria Leiteira da Sociedade Rural de Montes Claros, Otaviano de Souza Pires Junior, ressalta que a irregularidade das chuvas se intensificou na regi�o nos �ltimos cinco anos, danificando as pastagens e capineiras, afetando o sustento de cerca de 2 mil pequenos produtores. Com a falta de �gua e de pasto e sem dinheiro para comprar ra��o, muitos produtores tiveram que vender suas reses. Houve queda do rebanho bovino da regi�o de mais de 60%.

Pierre Vilela, superintendente do Instituto Ant�nio Ernesto de Salvo (Inaes), ligado � Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg), explica que em Minas s�o cerca de 230 mil dedicados � atividade, sendo que 20% produzem 80% do leite. Para os 80% que ficam com a menor fatia, um grupo formado por m�dios e pequenos propriet�rios rurais – contingente pr�ximo a 180 mil produtores –, o peso da crise � maior.  “Vivemos o terceiro ano de estiagem prolongada at� novembro. Quem n�o tem preparo para enfrentar a seca, recorre ao mercado, e est� pagando mais caro pelos insumos”, aponta Vilela.

Aperto na ponta Estudo que acaba de ser conclu�do pelo Inaes mostra que � cr�tica a situa��o das pastagens de norte a sul do estado, o que afeta diretamente a pecu�ria de corte e de leite. Dos 20 milh�es de hectares plantados, 75% est�o degradados. “A situa��o mais grave est� no Jequitinhonha e Norte de Minas, seguidos da Regi�o Central e Noroeste. As pastagens em melhores condi��es est�o no Mucuri e no Sul de Minas.”

O freio no consumo das fam�lias, que j� reduzem a quantidade de itens no carrinho, e a alta dos pre�os dos insumos, somados � seca, que aumenta a necessidade de alimenta��o do gado com ra��o, pressionaram a baixa na produ��o de leite. “O mercado n�o est� permitindo repasse de pre�os, o que torna a atividade mais apertada para o produtor”, avalia Celso Moreira, diretor-executivo do Sindicato da Ind�stria de Latic�nios de Minas Gerais (Silemg). Segundo ele, caso o consumo permane�a est�vel em 2015, j� ser� um motivo de comemora��o para a ind�stria.

9,5

bilh�es de litros � a produ��o anual mineira de leite

2%

� a retra��o esperada para o mercado em 2015


No exterior

A boa not�cia para o setor � que as f�bricas n�o est�o superestocadas e o d�lar pode favorecer as exporta��es, mas n�o s�o esperados grandes resultados em 2015. “Para formar um contrato de exporta��o � preciso de tempo”, diz Celso Moreira, do Silemg. O principal mercado do Brasil � a Venezuela. Para dar uma ideia de como as exporta��es ficaram desestimuladas nos �ltimos anos, ele recorda que dos 506 estabelecimentos vinculados � ind�stria em Minas Gerais, somente 20 est�o habilitados a exportar. “Os contratos s�o de longo prazo e � preciso que sejam perenes”, observa.


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