A economia brasileira, a s�tima do mundo, sofreu uma contra��o de 1,7% no terceiro trimestre do ano em rela��o ao trimestre anterior, mais que o esperado pelo mercado e aprofundando a recess�o iniciada este ano.
O Produto Interno Bruto (PIB) tamb�m se contraiu de julho a setembro, 4,5%, em rela��o ao terceiro trimestre de 2014, o maior retrocesso desde que come�ou a s�rie hist�rica, em 1996, afirmou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).
Economistas consultados pelo jornal Valor esperavam uma queda de 1,3% no terceiro trimestre em rela��o ao segundo e de 4,2% em compara��o ao mesmo per�odo de 2014. No primeiro e no segundo trimestre do ano, a economia brasileira teve uma contra��o de 0,8% e 2,1% respectivamente em rela��o ao trimestre anterior, segundo dados revisados e divulgados nesta ter�a-feira.
Obitu�rio
Em recess�o desde o segundo trimestre de 2015, a maior economia da Am�rica Latina vai de mal a pior: de janeiro a setembro, o PIB acumula uma queda de 3,2% em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado, tamb�m a maior queda acumulada desde o in�cio da s�rie em 1996.
No acumulado dos �ltimos quatro trimestres, a contra��o do PIB � de 2,5%. "A primeira leitura dos dados do 3º trimestre lembram um obitu�rio", observou Andr� Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos em S�o Paulo, que estima que os n�meros podem piorar "pelo menos at� meados do ano que vem".
O mercado projeta um retrocesso do PIB de 3,19% este ano e de 2,04% em 2016. Se forem confirmados os dois anos consecutivos de recess�o, ser� a primeira vez que isto ocorrer� em 85 anos, desde 1930-31.
A presidente Dilma Rousseff enfrenta um complexo cen�rio, que une contra��o da atividade econ�mica, da atividade, d�ficit fiscal, uma infla��o de quase dois d�gitos e um desemprego crescente. Sua popularidade est� em apenas 10%, a oposi��o pede seu impeachment e o Congresso demora a aprovar o plano de austeridade proposto pelo governo.
O esc�ndalo de corrup��o na Petrobras, que abalou a economia e levou grandes empres�rios, banqueiros e figuras do Partido dos Trabalhadores (PT) � pris�o, somou-se � decis�o da ag�ncia Standard and Poor's de retirar o grau de investimento do pa�s.
Outras duas grandes ag�ncias, a Moody's e a Fitch, rebaixaram a nota do Brasil ao �ltimo escal�o, deixando o pa�s na imin�ncia de perder o certificado de bom pagador. "O que me preocupa bastante � a queda dos investimentos. Isso sugere que n�o vai haver incentivos no futuro", lamentou Andr� Perfeito.
Perfeito explicou que a economia do pa�s est� em processo de ajuste recessivo, composto por tr�s aspectos: uma forte alta das taxas de juros (14,25% anual), um ajuste fiscal e um pessimismo gerado por uma crise pol�tica muito severa.
"O ajuste demorou muito tempo para se concretizar, e isso gerou uma situa��o de agonia prolongada. � um processo que deve ser r�pido, mas est� sendo muito dif�cil, devido � crise pol�tica e �s manobras de obstru��o ao corte de gasto pelo presidente da C�mara dos Deputados, Eduardo Cunha, arquirrival de Dilma Rousseff", explicou Perfeito.
Como a Gr�ciaO governo de Dilma precisa com urg�ncia que o Congresso aprove a meta fiscal de 2015, v�rias vezes at� transformar-se em d�ficit, pois caso o contr�rio estar� violando a lei de responsabilidade fiscal.
Para 2016, espera melhorar as contas e poder gerar um super�vit fiscal prim�rio (sem considerar o pagamento dos juros da d�vida) de 0,7%, meta que parece ambiciosa considerando-se os n�meros atuais.
"Ter um super�vit m�nimo no ano que vem � essencial. Sen�o, a gente fica que nem a Gr�cia, um pa�s com problemas estruturais e que n�o consegue poupar nada para pagar a d�vida", advertiu o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em entrevista ao jornal O Globo publicada na segunda-feira.
"Nesse cen�rio ningu�m iria investir e o emprego despencaria", acrescentou. "� claro que o Brasil, com 200 milh�es de habitantes, toda a riqueza, a ind�stria e a agricultura que tem, n�o � para ser a Gr�cia dos �ltimos anos. Portanto, a gente tem que se organizar, ter a disposi��o de tomar as medidas necess�rias".