Rio, 01 - O brasileiro nascido em 2014 tem expectativa de vida de 75, 2 anos, o que corresponde a tr�s meses e 18 dias a mais do que aquele que nasceu em 2013. O dado, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) e publicado nessa ter�a, na pesquisa T�bua Completa de Mortalidade, � um dos par�metros utilizados para compor o fator previdenci�rio. O aumento da esperan�a de vida significa que ser� necess�rio trabalhar mais para que n�o haja redu��o no valor da aposentadoria.
A esperan�a de vida ao nascer do homem aumentou 3 meses e 25 dias em rela��o a 2013 - passou de 71,3 para 71,6 anos. Para as mulheres, o ganho foi pouco menor, de 3 meses e 11 dias. A expectativa de vida para elas � de 78,8 anos; era de 78,6. Em 1940, a expectativa dos homens era de 42,9 anos e das as mulheres, 48,3 anos.
"No ranking das Na��es Unidas, de 182 pa�ses para os quais se calculam esse indicador, o Brasil est� em 64º lugar. Estamos distantes de pa�ses como o Jap�o, em que a expectativa � de 83,7 anos", disse Fernando Albuquerque, t�cnico do IBGE respons�vel pela T�bua da Mortalidade.
O aumento da expectativa de vida impacta o c�lculo da Previd�ncia. O brasileiro ter� de trabalhar 60 dias a mais para receber o mesmo benef�cio a que tinha direito em 2013, afirma o advogado Plauto Holtz, especialista em direito previdenci�rio. De acordo com c�lculos feitos por Holtz para o jornal O Estado de S.Paulo, a aposentadoria de um homem de 55 anos que tenha contribu�do por 35 anos, seria de R$ 3.264,62, 0,85% a menos do que teria direito em 2013. J� o benef�cio de uma mulher de 55 anos e 35 de contribui��o, seria 0,67% menor, em rela��o ao ano anterior, de R$ 2.774,93.
Holtz esclarece que esses exemplos tomam por base idade m�dia que d� direito � aposentadoria por tempo de contribui��o e em que a incid�ncia do fator previdenci�rio � obrigat�ria. Na aposentadoria por idade, o fator s� � usado para beneficiar o trabalhador.
"Se comparado com as tabelas anteriores, essa diferen�a est� menos acentuada, em virtude dos reajustes do teto de contribui��o (R$ 4.663,75, hoje). Com o passar dos anos, fica mais n�tido que uma aposentadoria precoce com rela��o � idade significa grande perda financeira quando do recebimento do benef�cio", afirma.
A atualiza��o da expectativa de vida n�o tem efeito sobre a f�rmula 85/95, que leva em considera��o a soma da idade ao tempo de contribui��o (85 para as mulheres e 95 para homens). "Usar a f�rmula ainda � compensat�ria. A ideia �, sempre quanto mais idade e mais tempo de contribui��o, melhor o benef�cio. O que acontece � que o INSS quer que se receba por benef�cio por menor tempo poss�vel. Por isso, se o contribuinte demorar para requerer, ele melhora."
A pesquisa do IBGE tamb�m mostra acentuada queda na mortalidade infantil - redu��o de 90,2% desde 1940, quando ocorriam 146 mortes por mil nascidos vivos. Em 2014, houve registros de 14,4 �bitos por mil. "Com esse interc�mbio entre as na��es com o p�s-guerra, os programas de sa�de p�blica, a vacina��o em massa, come�aram a ser inserido nos pa�ses menos desenvolvidos, como o Brasil. Os mais beneficiados com esse tipo de programa s�o as crian�as. Se considerar esse per�odo entre 1940 a 2014, quer dizer que deixaram de morrer 133 crian�as menores de um ano a cada mil. Vidas est�o sendo salvas", afirmou Albuquerque.
O especialista lembra que fatores como aumento da renda e da escolaridade materna e a melhora do saneamento b�sico foram fundamentais para a redu��o da mortalidade das crian�as. "Todos os grupos foram beneficiados com a redu��o da mortalidade infantil. A expectativa de vida aos 60 anos, em 2014, foi de 22 anos. Esse indiv�duo vai viver em m�dia at� os 82 anos. Em 1940, essa expectativa de vida era de mais 13 anos. A popula��o envelhece r�pido. At� a transi��o epidemiol�gica, a maioria das mortes eram por doen�as infecciosas, respirat�rias e parasit�rias. Esse grupo de causa come�a a perder import�ncia e aparecem doen�as relacionadas � degenera��o do organismo pelo envelhecimento, como c�ncer e doen�as card�acas."
Diferen�as regionais - Santa Catarina � a unidade da Federa��o com maior expectativa de vida, m�dia de 78,4 anos para ambos os sexos. Tamb�m � o Estado com a maior esperan�a de vida para homens (75,1 anos) e mulheres (81,8 anos). Na outra ponta est� o Maranh�o, com esperan�a de vida de 70 anos para homens e mulheres. Roraima � o Estado em que as mulheres que nasceram em 2014 t�m a menor expectativa, 73,7 anos. Os homens de Alagoas s�o os que t�m menor esperan�a de vida do Pa�s, 66,2 anos. Tamb�m � o Estado com maior discrep�ncia entre os sexos: mulheres vivem quase uma d�cada a mais.
"As quest�es sociais influenciam. Mas alguns Estados se sobressaem mais em fun��o dos �bitos violentos. Na realidade, a expectativa de vida da popula��o masculina poderia ser maior ainda se s� tivessem as causas naturais. Com certeza � um fator de impedimento para o aumento da popula��o masculina," afirmou.
