S�o Paulo, 25 - A demanda dos grupos de educa��o por conte�do virtual tem obrigado as editoras de livros did�ticos a repensar seu modelo de neg�cios. Para sobreviver, elas precisam adaptar os livros impressos para conte�do digital. Mais do que um e-book, elas s�o cobradas para desenvolver materiais interativos e abastecer dispositivos tecnol�gicos, at� mesmo os rec�m-chegados ao mercado, como os �culos de realidade virtual.
O grupo espanhol Santillana, dono no Brasil da editora Moderna, de materiais did�ticos, lan�ou, no fim do ano passado, um servi�o de conte�do "on demand" para as escolas, batizado de "Smartlab". "� uma solu��o 'a la Netflix', que fornece t�tulos complementares ao livro did�tico produzidos por diferentes parceiros nacionais e internacionais e renovados periodicamente", explica Robson Lisboa, diretor de novos neg�cios do grupo Santillana.
Entre os parceiros est�o, por exemplo, a enciclop�dia Britannica e o Young Digital Planet. O custo da solu��o varia conforme o pacote, mas gira em torno de R$ 39,90 por aluno por m�s. "Se a escola comprasse o material separadamente teria de pagar de cinco a dez vezes mais", diz Lisboa. Segundo ele, o grupo administra o Smartlab como uma "startup" e um neg�cio separado da venda de livros did�ticos impressos.
Pressionada pela era digital, a centen�ria Editora FTD mudou sua marca e se apresenta desde o ano passado como uma fornecedora de solu��es para escolas - a FTD Educa��o. Al�m dos livros did�ticos, o grupo fornece os chamados sistemas de ensino - um servi�o de apoio did�tico com oferta de material did�tico e suporte tecnol�gico - para 400 escolas no Brasil. H� quatro anos a empresa tem um n�cleo de desenvolvimento de conte�do digital e fornece material online para as escolas que usam seus sistemas de ensino.
De acordo com o gerente de inova��o e novos neg�cios da FTD, Fernando Fonseca Junior, a solu��o digital � complementar ao material f�sico. "As escolas demandam conte�do digital em um pacote de ensino. Mas ele n�o se sustenta sozinho. As escolas ainda n�o compram esse material isoladamente", explica. Fonseca acredita que o modelo de neg�cios ter� de ser alterado com a digitaliza��o do conte�do. "Hoje temos um fluxo de pagamento atrelado � entrega de livros did�ticos, pode ser bimestral ou semestral. No futuro, vamos caminhar para um modelo de mensalidade. Mas o mercado precisa amadurecer antes", avalia.
Oportunidade
Em meio a esse movimento de digitaliza��o de conte�do, empresas de tecnologia enxergam um mercado no ramo de educa��o. O Google, por exemplo, tem um canal no YouTube com 13 mil horas de aula com curadoria da Funda��o Lemann; um sistema de buscas voltados para conte�do educacional; e uma ferramenta chamada de "Google para Educa��o", que permite que os professores criem salas de aulas virtuais e compartilhem materiais com os alunos.
De acordo com Rodrigo Pimentel, diretor da plataforma do Google para Educa��o na Am�rica Latina, as solu��es s�o gratuitas e o Google n�o pretende cobrar por elas. "A fun��o do Google � organizar a informa��o da internet e estamos fazendo o mesmo para educa��o", explica. A plataforma � integrada com outras solu��es do Google, como o Drive, de armazenamento de dados, e o computador de baixo custo Chromebook - que usa o sistema operacional do Google -, e geram receita para a empresa.
Em outubro, a gigante de tecnologia come�ou a apresentar para escolas brasileiras o programa "Expedi��es", que oferece um conte�do de realidade virtual atrav�s de um �culos feito de papel�o acoplado ao celular. Por meio dele, os alunos podem fazer uma visita virtual em diferentes museus e at� no interior de uma pir�mide eg�pcia.
Outra empresa de tecnologia que estuda aplica��es do seu neg�cio no ramo de educa��o � a Samsung. A companhia tem, por exemplo, aplicativos para organizar o conte�do educacional acessado pelos tablets da marca. Uma das principais aplica��es poss�veis para seus �culos de realidade virtual, o Gear VR, cujo �ltimo modelo chegou ao Brasil em dezembro, � na sala de aula, explica o gerente s�nior de Marketing de Produtos da Samsung, Renato Citrini. "O aluno poder� chegar a lugares que nunca imaginou com os �culos." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.