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Estado de Minas

Mercado da sa�de: cl�nicas particulares surfam na onda do pre�o popular

Ancorados por investidores, estabelecimentos m�dicos independentes crescem em v�rias regi�es de BH, com tabelas mais acess�veis a clientes que perderam o plano de sa�de ou usu�rios do SUS


postado em 28/02/2016 08:00 / atualizado em 28/02/2016 08:42

O nefrologista Fernando Assunção (D), ao lado do geriatra Estevão Valle, diz que uma das metas é resgatar o conceito de médico de referência (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
O nefrologista Fernando Assun��o (D), ao lado do geriatra Estev�o Valle, diz que uma das metas � resgatar o conceito de m�dico de refer�ncia (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


Nem as longas filas da sa�de p�blica, nem as altas mensalidades dos planos. As chamadas cl�nicas populares se expandem no v�cuo deixado pelos dois sistemas de sa�de, o p�blico e o privado. Cobrando valores que come�am em R$ 50 pela consulta m�dica e R$ 20 por exames, a exemplo do raio X, o neg�cio tem atra�do novos investidores e se propaga por todas as regi�es de Belo Horizonte. Com o espa�o ocupado no ca�tico setor da sa�de, elas j� surgem at� mesmo preparadas para prestar atendimento especializado em um s� segmento, como a geriatria.

 

As consultas chegam a custar um ter�o do praticado, na m�dia, pelo mercado, e para os exames, as diferen�as s�o de pelo menos 20% a menor, dependendo da especialidade. Da regi�o Centro-Sul ao Norte da capital, cresce a oferta dos servi�os. Em �reas populosas da capital, como Venda Nova, mais de 10 cl�nicas abriram as portas no modelo popular. O p�blico-alvo s�o clientes que perderam o plano de sa�de, ou usu�rios do SUS que decidiram encurtar o caminho at� o m�dico, pagando em dinheiro ou no cart�o pelo atendimento particular.
Na �ltima semana, com investimentos de R$ 2 milh�es (contabilizando o im�vel), a Unicl�nica Venda Nova abriu as portas na Rua das Gabirobas. S�o 700 metros quadrados de �rea constru�da, divididos entre recep��o, 10 consult�rios e espa�o para exames. Um dos propriet�rios do empreendimento, o m�dico nutr�logo e cl�nico geral Octaviano Cruz, aponta que apesar da crise econ�mica o grupo espera o retorno da maior parte do investimento em dois anos.

 

As consultas na cl�nica custam entre R$ 70 e R$ 90. Os exames come�am a partir de R$ 4, pre�o cobrado pelo hemograma, R$ 40 a mamografia e alcan�am R$ 250, para uma endoscopia. “N�o gostamos de dizer que nosso atendimento � s� para as classes C e D, porque hoje, com o aumento do desemprego, percebemos que mesmo pessoas das classes B e A est�o buscando alternativas mais baratas para cuidar da sa�de”, diz Octaviano. Segundo ele, em uma regi�o de grande concentra��o de resid�ncias, como Venda Nova, s�o mais de 1 milh�o de poss�veis usu�rios.

 

Desanimada, com dores que ela desconfiava serem provenientes de uma dengue, a vendedora Ludmila Jardim, de 31 anos, procurou a cl�nica popular atra�da pelo pre�o. “Fui no SUS dois dias seguidos e esperei por 10 horas, mas n�o consegui atendimento. Decidi pagar R$ 70 para saber o que eu tenho e ver se melhoro”, afirmou. Ela conta que tem duas filhas e quando precisa de atendimento m�dico costuma levar as crian�as em cl�nicas populares. Ludmila diz ter gostado do resultado.
Vanessa Andrade, de 25, era cliente de um conv�nio m�dico que fechou as portas no fim do ano passado. Desde ent�o, ela vem usando o SUS. Na �ltima semana, Vanessa, que � cuidadora de idosos, precisou fazer um ultrassom abdominal de urg�ncia. Pelo SUS, precisaria esperar mais duas semanas. “Estava aflita demais e decidi fazer o ultrassom particular. Fiz uma pesquisa de pre�os e consegui o exame por R$ 80”, contou.

 


A aposentada Sonja de Oliveira prefere pagar por acondimento mais ágil que esperar pelo SUS(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A aposentada Sonja de Oliveira prefere pagar por acondimento mais �gil que esperar pelo SUS (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
 

No Bairro Santo Agostinho, em Belo Horizonte, a +60 Sa�de foi inaugurada por tr�s m�dicos h� um ano. A empresa, com espa�os bem montados de atendimento, � focada na aten��o integral ao idoso. Al�m da geriatria, inclui um card�pio de servi�os contemplando praticamente todas as especialidades m�dicas de maior procura pela popula��o.  N�o falta atendimento de fisioterapeutas, nutricionistas e fonoaudi�logos.

 

Os s�cios Fernando Assun��o, nefrologista, e Estev�o Valle, geriatra, explicam que a ideia ganhou impulso depois que a cl�nica foi escolhida por uma institui��o aceleradora de neg�cios sociais. O modelo recebeu aporte inicial de investimentos da ordem de R$ 150 mil. Ao todo, contando tamb�m os recursos pr�prios dos empreendedores do neg�cio, foram investidos cerca de R$ 800 mil.

 

Na +60 Sa�de, as consultas com especialistas custam cerca de R$ 150. “Queremos trazer de volta para os pacientes o m�dico de refer�ncia, que tem uma demanda reprimida entre a popula��o”, diz Fernando Assun��o. A cl�nica tamb�m ocupa o espa�o deixado pelo sistema de sa�de. Jair Nunes, de 61, metal�rgico, � um dos pacientes que frequentam o local. “Prefiro pagar, o SUS demora muito. Como consulto a cada tr�s meses, acho que vale a pena.Gosto do m�dico.” A aposentada Sonja de Oliveira, de 62, tem a mesma opini�o. “O SUS � bom, mas demora. Aqui o pre�o � mais baixo.”

 

H� 15 anos no Centro da capital mineira, a cl�nica Prime Solid�ria cobra R$ 50 pela consulta com hora marcada e tamb�m faz exames. A diretora-geral, Rose Norberto, diz que a estrutura � sustent�vel, j� que existe uma parceria com os m�dicos para a realiza��o de trabalho social.

CUSTOS DILU�DOS NAS EMPRESAS
Na defesa do consumidor, a coordenadora do Procon Municipal, Maria L�cia Scarpeli, considera que a consulta m�dica de qualidade e bom custo representa uma op��o a mais para a popula��o. “� poss�vel ter  atendimento com pre�o mais baixo e de qualidade.” Na Associa��o M�dica de Minas Gerais, M�rcio Fortini, diretor de defesa do exerc�cio profissional, explica que a cobran�a � uma liberalidade do m�dico e refor�a que todo atendimento deve ser feito dentro da �tica m�dica, com qualidade e por profissionais capacitados. Segundo ele, a classifica��o de procedimentos m�dicos (CBHPM) traz como refer�ncia para consultas valores entre R$ 70 e R$ 100.

“Nosso objetivo � prestar atendimento classe A com pre�o D”, diz Octaviano Cruz , da Unicl�nica. Segundo ele, o trabalho traz retorno aos m�dicos, j� que os custos s�o dilu�dos pela estrutura da cl�nica e os valores populares s�o parecidos ou at� melhores que a remunera��o dos conv�nios.

Estev�o Valle lembra que a popula��o brasileira envelhece rapidamente e os cuidados preventivos ser�o mais demandados. Segundo ele, a meta da cl�nica, que atende tamb�m planos de sa�de, com o pagamento feito por tratamento, e n�o por consulta, � abrir, a partir de 2017, unidades para idosos.


Enquanto isso...
… Aten��o gratuita

Na Igreja Nossa Senhora do Carmo, na Regi�o Sul de BH, o ambulat�rio m�dico funciona desde a d�cada de 1950. Segundo o p�roco Miguel Guzzo Coutinho, s�o feitas no local 18 mil consultas por ano, em diversas especialidades m�dicas: ortopedia, ginecologia, cl�nica geral, odontologia e dermatologia, entre outras. O servi�os s�o prestados a pacientes de baixa renda, que devem comprovar essa condi��o. � cobrada uma taxa de R$ 20 e encaminhamentos para exames, por exemplo, s�o feitos ao SUS. “Pedimos comprova��o de renda porque nossa demanda � muito grande, temos filas de espera. Como os m�dicos s�o �timos, at� mesmo pacientes que t�m planos de sa�de querem se consultar na par�quia”, afirma o padre. Ainda que contando com o trabalho volunt�rio dos profissionais da sa�de na obra social da igreja, o ambulat�rio � deficit�rio, o que, entretanto, n�o impede que o atendimento continue firme, h� mais de 60 anos, de segunda a sexta-feira, das 7h �s 17h.

'Prestar atendimento classe A com preço D' é o objetivo, segundo o médico clínico Octaviano Cruz(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
'Prestar atendimento classe A com pre�o D' � o objetivo, segundo o m�dico cl�nico Octaviano Cruz (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)


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