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Estado de Minas

Pelas lentes do com�rcio, o Brasil que busca sa�das

Para driblar a turbul�ncia, lojistas e prestadores de servi�os da Avenida Brasil, que resume o drama vivido no pa�s, cortam custos, inovam, negociam com o cliente e d�o descontos


postado em 14/03/2016 06:00 / atualizado em 14/03/2016 08:19

Trabalhando há 25 anos na região, Norma e Francisco Melo se ajustam ao ritmo de clientes forçados a reduzir gastos (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Trabalhando h� 25 anos na regi�o, Norma e Francisco Melo se ajustam ao ritmo de clientes for�ados a reduzir gastos (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Distante do circuito privilegiado dos analistas de bancos e corretoras que, a todo momento, criam cen�rios anunciados dos rumos da economia, o com�rcio e as empresas prestadoras de servi�os abrem e fecham as portas todo dia � procura de solu��es para vencer a crise no mundo real das vendas. Assim tem sido na Avenida Brasil, uma das vias mais importantes de Belo Horizonte, que corta os bairros Funcion�rios e Santa Efig�nia, retratando as dificuldades enfrentadas pelo pa�s, como o Estado de Minas mostrou em reportagem especial publicada ontem. Ao longo de seu percurso, podem ser vistos exemplos dessa dif�cil tarefa de preparar o neg�cio para resistir � tormenta.

Acreditar em dias melhores � quase uma ordem geral, com todo o esfor�o dos empreendedores da avenida para driblar os tempos ruins. Oferecer descontos e, para isso, cortar custos, negociar no limite para n�o perder o cliente, investir na inova��o de produtos e servi�os t�m sido as sa�das mais exploradas. Na profus�o de empreendimentos no pa�s, a via re�ne de segmentos tradicionais a novos neg�cios em v�rias �reas.

Em meio � grande concorr�ncia no com�rcio de �culos e lentes, um neg�cio caracter�stico na Avenida Brasil e que cresceu estimulado pela alta concentra��o de servi�os prestados por oftalmologistas e m�dicos na regi�o cortada pela via, Denise Carneiro Soares assumiu m�ltiplas fun��es na �ticas Brasil, aberta h� menos de um ano no n�mero 1.126. Ela vende o produto, administra a empresa, fecha o caixa e limpa a loja.

Do outro lado do balc�o, a crise bateu forte no bolso dos clientes. Para n�o cair na inadimpl�ncia, quem precisa dos �culos com lentes multifocais, por exemplo, s� vem encomendando o grau para enxergar de perto, e assim economizar suados R$ 1 mil, pelo menos. Denise, por sua vez, se esmera no atendimento, concede descontos de at� 30% em arma��es e n�o foge da negocia��o com o consumidor. “Encaramos a batalha de abrir a loja durante a crise com vontade de crescer. Se n�o acreditasse que a situa��o v� melhorar, fecharia as portas”, afirma. Ela e o irm�o, S�rgio Ant�nio Camargo, dirigem a loja com a experi�ncia adquirida numa outra unidade, instalada na Rua Rio Grande do Norte, na vizinhan�a da Avenida Brasil.

Com incerteza, falta perspectiva de crescimento, segundo Eliane Costa(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Pres)
Com incerteza, falta perspectiva de crescimento, segundo Eliane Costa (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Pres)

O neg�cio das �ticas – 18 lojas tomam conta do come�o ao fim da via – n�o � um teste para quem tem medo de concorrentes. Veterano no segmento, no qual atua por meio da rede Centro Vis�o, com 19 lojas em BH, o comerciante Davidson Luiz Cardoso diz que o ponto vital da crise � a falta de confian�a da popula��o para consumir, sob o risco do desemprego e da queda de renda. “A crise pol�tica provoca a instabilidade da economia, agravando a situa��o”, afirma.

Outro problema para os lojistas do setor est� na alta tributa��o sobre a mercadoria, que chega a abocanhar 40% do pre�o final. H� 17 anos na avenida, Davidson Cardoso, vice-presidente da C�mara de Dirigentes Lojistas de BH (CDL/BH), afirma que a maioria das �ticas locais � de pequenas lojas em que o propriet�rio fica no balc�o. Na via, elas se beneficiam de um grande fluxo de pessoas que precisa de tratamento e optam pela regi�o devido ao f�cil acesso e � possibilidade de fazer dois ou tr�s or�amentos em pouco tempo, o que permite uma compra mais assertiva.

 

ATR�S DOS CLIENTES A crise, contudo, n�o afeta todos da mesma forma. Um dos setores que desaceleraram empurrados pelo desemprego foi o segmento de planos e seguros de sa�de. Depois de uma d�cada de crescimento, parou de crescer e no ano passado perdeu no Brasil 404,8 mil usu�rios, queda de 1,2% em rela��o a 2014. A queda se reflete nos consult�rios e cl�nicas. A fisioterapeuta V�nia Ferreira, h� 20 anos � frente da Fisiar na Avenida Brasil, se viu for�ada a deixar o pr�dio onde atendia os clientes, transferindo a cl�nica para uma casa. A inten��o � ter mais visibilidade.

Trabalhando com modalidades como fisioterapia, pilates e treinos funcionais, V�nia diz que sentiu uma queda leve na procura dos pacientes que t�m planos de sa�de, no entanto, ela tem conseguido manter sem queda sua carteira de pacientes particulares, que j� est� consolidada. Segundo ela, a estrat�gia para enfrentar a crise tem sido aplicar reajustes abaixo da infla��o. “Estamos, tamb�m, fazendo promo��es, cobrando pre�os mais baratos em hor�rios de menor movimento”, diz ela.

Norma de Melo, 68 anos, e o contador Francisco Melo, 66, moram no entorno da Avenida Brasil e trabalham no local h� 25 anos. Eles t�m feito um esfor�o em casa para reduzir gastos, como na conta de energia e quando v�o ao supermercado. Francisco Melo diz perceber alguma queda de faturamento em praticamente todas as empresas que atende. J� Norma avalia que tem uma carteira j� consolidada de clientes que frequentam seu consult�rio na Avenida Brasil, ainda assim, alguns pacientes t�m reduzido a frequ�ncia n o tratamento em fun��o do atual momento da economia.

 

Ajuste impera

�talo Hugued, 54 anos, � dono do restaurante Noa Noa. Ele calcula queda no movimento de 30% e decidiu cortar em 50% o quadro de pessoal da casa. �s voltas com os encargos sociais e impostos, ele diz que est� disposto a deixar Belo Horizonte e se mudar para Palmas, no estado do Tocantins, em busca de novas oportunidades. Como no pa�s, onde os investimentos ca�ram no ano passado, ele afirma que a Avenida Brasil � carente de eventos que chamem a popula��o para as ruas.

O Rei do Omelete, na Avenida Brasil, 123, no entanto, aposta na tradi��o e nos clientes fi�is para manter firme o seu movimento. “Tivemos uma leve queda e agora estabilizamos”, diz o s�cio-propriet�rio, Carlos Alberto Pedrosa, 49 anos. Ele conta que a equipe de oito funcion�rios foi mantida, enquanto ele e o s�cio aumentaram a carga de trabalho. “Durante essa crise, estamos trabalhando entre 12 e 14 horas por dia.”

Renata Andrade, gerente geral da Casa Rio Verde, especializada na venda de bebidas, explica que, para enfrentar a crise, uma das estrat�gias � realizar promo��es, como o Clube do Vinho. A empresa tem uma de suas lojas, instalada na Avenida Brasil, que conseguiu elevar as vendas em 5% no ano passado. Segundo ela, o cliente n�o parou de consumir, mas tem buscado, entre os vinhos importados, produtos mais baratos, “de melhor custo/benef�cio”, diz Renata. A procura por r�tulos importados oferecidos a pre�os entre R$ 40 e R$ 50 tem crescido.


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