Na passagem de janeiro para fevereiro, o desemprego avan�ou de 7,6% para 8,2% nas seis principais regi�es metropolitanas do pa�s, segundo dados da Pesquisa Mensal do Emprego (PME), divulgada nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).
Segundo Natalia Cotarelli, economista do banco ABC Brasil, a queda cada vez mais forte na atividade econ�mica � a respons�vel pelo maior n�mero de cortes de empregados. Em fevereiro, a popula��o ocupada caiu 3,6% na compara��o com igual m�s de 2015, um tombo recorde. "Isso mostra que a recess�o deve impactar o emprego neste ano de forma muito mais negativa do que aconteceu no ano passado", estima Nat�lia.
Por tr�s do aumento nas demiss�es, est� a desacelera��o mais intensa no setor de servi�os. Por ser intensivo em m�o de obra, a deteriora��o deste segmento acarretar� no fechamento ainda maior de vagas nos pr�ximos meses. O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, considera que esta � uma mudan�a no perfil do ajuste que o mercado de trabalho atravessa, j� que ao longo de 2015, a alta na taxa de desocupa��o foi resultado, principalmente, da maior quantidade de pessoas procurando emprego, expandido a Popula��o Economicamente Ativa (PEA).
Para Vieira, as demiss�es devem crescer nos pr�ximos meses devido ao cen�rio de forte incerteza ligado �s indefini��es dos rumos pol�ticos do Pa�s. Rafael Le�o, economista-chefe da Parallaxis Consultoria, concorda e considera que o ajuste no emprego seguir� "a pleno vapor" ao longo do primeiro semestre e afetar� a renda dos brasileiros ainda com mais for�a. "Em fevereiro, todos os oito segmentos da atividade registraram queda na renda m�dia na compara��o anual", destacou.
De acordo com o IBGE, o rendimento m�dio dos trabalhadores recuou 1,5% na margem e despencou 7,5% na compara��o com fevereiro de 2015. J� a massa de rendimento m�dio real habitual dos ocupados foi estimada em R$ 50,8 bilh�es em fevereiro, n�mero 11,2% inferior ao do mesmo m�s do ano passado. "Isso representa cerca de R$ 7 bilh�es a menos circulando nas seis capitais pesquisadas pela PME", calcula o economista-chefe da Parallaxis. A pesquisa abrange as regi�es metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, S�o Paulo e Recife.
Nat�lia, do banco ABC Brasil, considera que o recuo na renda refor�a a percep��o de que a situa��o do brasileiro � "bastante complicada", mesmo para aqueles que continuam empregados. A especialista, pondera, no entanto, que a queda da renda tem sido mais intensa nas metr�poles que no interior. Em contraste com a retra��o de 7,5% na compara��o interanual revelada pela PME, a Pesquisa Nacional de Amostra por Domic�lio (Pnad) Cont�nua mostrou uma diminui��o de 2,0% na renda m�dia no trimestre encerrado em dezembro de 2015, o �ltimo dado dispon�vel, ante igual per�odo de 2014.
A partir do pr�ximo m�s n�o ser� mais poss�vel comparar a situa��o do mercado de trabalho das metr�poles com a do Pa�s como um todo. As informa��es de fevereiro foram as �ltimas divulgadas da PME, que passa a ser substitu�da pela Pnad Cont�nua, que conta com informa��es de 3,5 mil cidades do Pa�s. O desemprego medido por este levantamento ficou em 9,0% no quarto trimestre de 2015. Rafael Le�o, da Parallaxis, estima que a taxa deve atingir o pico de 12,0% em novembro deste ano e se estabilizar em um n�vel elevado no segundo trimestre do ano que vem.