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Estado de Minas

Crise adia solu��o para 10 milh�es de desempregados

Recorde de desempregados no Brasil retrata taxa de desocupa��o de 10,2%, a primeira contendo dois d�gitos desde 2012. Situa��o se complica com pessimismo de empres�rios


postado em 21/04/2016 06:00 / atualizado em 21/04/2016 07:37

O vigia Evanilson Resende procura emprego há um ano e vê dificuldades crescentes na peregrinação nas agências de seleção de pessoal (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
O vigia Evanilson Resende procura emprego h� um ano e v� dificuldades crescentes na peregrina��o nas ag�ncias de sele��o de pessoal (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Sem perspectiva de solu��o no curto prazo da crise pol�tica, que turbina as dificuldades na economia brasileira, o desemprego no pa�s ultrapassou no trimestre terminado em fevereiro a barreira de 10 milh�es de pessoas afetadas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios – Cont�nua (Pnad Cont�nua), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Na s�rie hist�rica do levantamento de dados, iniciada em 2012, pela primeira vez a taxa de desocupa��o atingiu dois d�gitos, chegando a 10,2%. O universo de 10,4 milh�es de desempregados cresceu 13,8% (mais 1,3 milh�o) em rela��o ao trimestre de setembro a novembro de 2015 e 40,1% em um ano, o que corresponde a mais de 3 milh�es de trabalhadores nessa condi��o.

“Esse n�mero (10,371 milh�es de brasileiros) � um recorde; � a maior estimativa j� vista na Pnad at� hoje. A for�a de trabalho do Brasil est� maior. E est� maior porque cresceu o n�mero de desocupados, e n�o porque aumentou o n�mero de ocupados”, explicou o coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo. De qualquer forma, segundo ele, j� era esperado um aumento do n�mero de desempregados, j� que em janeiro e fevereiro � comum a dispensa de trabalhadores contratados por tempo determinado para refor�ar os quadros da ind�stria e do com�rcio durante as festas de fim de ano.

Com o terço à mão, Neusa Neves faz bicos como faxineira, enquanto aguarda uma oportunidade para voltar ao trabalho formal (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Com o ter�o � m�o, Neusa Neves faz bicos como faxineira, enquanto aguarda uma oportunidade para voltar ao trabalho formal (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Em Minas Gerais, o n�mero de desocupados soma 1,005 milh�o, de acordo com a �ltima Pnad Cont�nua que mediu o desemprego por regi�o do pa�s, aquela referente ao trimestre de outubro a dezembro de 2015. A mesma pesquisa identificou 293 mil desempregados na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. � a situa��o enfrentada h� quase um ano pela auxiliar de servi�os gerais Neusa Antonio Martins Neves, de 55 anos. Ontem, de passagem pelo Centro da cidade, ela aproveitou para, mais uma vez, busca uma oportunidade de trabalho entre as vaga ofertadas no posto antigo Sine, na Pra�a Sete.

De novo, Neusa saiu de l� como entrou: desempregada e sem qualquer perspectiva. A Pnad Cont�nua mostrou ainda que a popula��o ocupada no Brasil, de 91,1 milh�es de pessoas, diminuiu em torno de 1% entre 2015 e 2016. Isso ocorreu porque a quantidade de empregos com carteira assinada no setor privado sofreu uma redu��o de 1,5% entre setembro e novembro de 2015, e de 3,8% se comparados os mesmos meses de 2014. Foram fechados no Brasil 1,367 milh�o de postos de trabalho com carteira assinada. As maiores quedas foram registradas na ind�stria (5,9%) e nos setores de informa��o, comunica��o e atividades financeiras, imobili�rias, profissionais e administrativas (2,5%).

Para Rafael Bacciotti, analista de mercado de trabalho na empresa Tend�ncias Consultoria, o resultado da Pnad Cont�nua n�o foi surpresa e veio dentro das proje��es. “N�o h� muita novidade, o mercado de trabalho est� adequando a produ��o � nova realidade de demanda e reflete a desconfian�a muito forte de empres�rios e consumidores”, considerou. “A tend�ncia � de que o desemprego continue aumentando e trabalhamos com uma m�dia 11,7% em dezembro, j� considerando a mudan�a de governo. O cen�rio de 2016 j� est� dado. Deixaria de cair em 2017 para, talvez, inverter o sinal e crescer gradualmente em 2018”, disse.

Peregrina��o


Neusa Neves est� sempre com a carteira de trabalho na bolsa e um ter�o sagrado no pesco�o, mas enquanto o emprego n�o aparece, � com os bicos que ela tem conseguido sobreviver. Solteira e sem filhos, ela conta que tem feito faxinas e passado roupas para pagar as contas todo m�s – demanda que vem diminuindo em raz�o da crise. “Eu corro atr�s, n�o � poss�vel que n�o vou arrumar um emprego. Gosto de trabalhar, quero ter um servi�o de dia a dia e falta muito tempo ainda para eu poder me aposentar”, diz ela.

Quem sofre da mesma ang�stia � o vigia Evanilson Teixeira Resende, de 26 anos. Morador de Betim, ele esteve em BH na tarde de ontem em busca de um local para trabalhar. Como Neusa Neves, voltou para casa sem uma recoloca��o no mercado. “Estou desempregado h� um ano e procurando qualquer coisa, porque j� est� dif�cil e a cada dia est� mais complicado. Estou procurando emprego at� de servente, mas n�o encontro”, lamenta ele, que � casado e tem um filho de um ano e seis meses. Na peregrina��o por um emprego, Evanilson contou que j� fez mais de 20 entrevistas, mas sempre ouve que as empresas v�o fazer contato – o que nunca ocorre. (Colaborou Celia Perrone)

V�nculo fr�gil e sal�rio baixo

A qualidade do emprego e os sal�rios tamb�m ca�ram. As ocupa��es no setor privado, que representavam mais da metade da popula��o brasileira (50,3%) em fevereiro do ano passado, agora, correspondem a 48,9% dos postos de trabalho. Esse � o menor n�vel registrado na s�rie hist�rica da pesquisa. “� o patamar mais baixo de empregados com carteira e sem carteira que a gente tem”, disse Cimar Azeredo, do IBGE. As vagas sem carteira assinada no setor privado sofreram retra��o de 4,8%, ou seja, eliminaram 493 mil oportunidades.

Como se espera em tempos de crise, o trabalho por conta pr�pria cresceu 7% no trimestre encerrado em fevereiro, ante o mesmo per�odo do ano anterior, de acordo com a Pnad Cont�nua. O �ndice corresponde a 1,522 milh�o de trabalhadores a mais nessa condi��o. O trabalho por conta pr�pria pode ser formal ou n�o, mas � usado como um indicativo da informalidade, pois abriga muitos trabalhadores em atividades prec�rias, com baixo rendimento e nenhuma formaliza��o.

Com menos emprego, os sal�rios tamb�m ficam mais baixos. At� fevereiro, a renda m�dia real (descontada a infla��o) do trabalhador foi de R$ 1.934, queda de 3,9% em rela��o ao mesmo per�odo de 2015. A massa de renda real habitual (soma de todos os sal�rios pagos no pa�s) somou R$ 171,3 bilh�es entre dezembro e fevereiro, correspondendo � redu��o de 4,7% no comparativo com o mesmo per�odo do ano anterior.

Desde janeiro de 2014, o IBGE passou a divulgar a taxa de desocupa��o em bases trimestrais para todo o territ�rio nacional, em substitui��o � Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que se restringia �s seis principais regi�es metropolitanas, e tamb�m a Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios (Pnad) anual, que produz informa��es sobre o m�s de setembro de cada ano.

 INSEGURAN�A DAS EMPRESAS

Os empres�rios continuam pessimistas em rela��o � demanda, ao n�mero de empregados e compras de mat�rias-primas para os pr�ximos seis meses, segundo a pesquisa Sondagem Industrial divulgada ontem pela Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI). O �ndice de expectativa sobre a demanda ficou em 47,7 pontos, o de empregados registrou 43,4 pontos e o de compras de mat�ria-prima foi de 46,7 pontos. N�meros inferiores a 50 pontos indicam perspectivas negativas.

Somente com rela��o �s expectativas sobre as exporta��es foi registrado otimismo. O �ndice nesse caso ficou em 52,1 pontos em abril, ante 52,6 pontos registrados em mar�o. As inten��es de investimentos dos empres�rios industriais continuam baixas. O �ndice teve queda em abril, registrando 39,0 pontos ante 39,4 pontos de mar�o. O dado � o mais baixo em 30 meses.A CNI ouviu 2.447 empresas. (com ag�ncias)


DESCONFIAN�A O empresariado brasileiro segue pessimista e inseguro em rela��o ao Brasil. Ranking dos empres�rios mais inseguros em rela��o � economia feito a partir da pesquisa Internacional Business Report (IBR), da Grant Thornton, empresa de servi�os profissionais de contabilidade, indicou o Brasil na terceira posi��o, atr�s apenas da Gr�cia e Botswana. J� o �ndice que reflete o otimismo do empresariado, referente ao primeiro trimestre do ano, ficou negativo em 13%, deixando o pa�s no 11º lugar entre 36 na��es analisados nesse quesito. A expectativa de rentabilidade das empresas caiu consideravelmente em rela��o ao �ltimo trimestre, passando de 39% para 27%, queda de 12 pontos percentuais tanto no trimestre quanto no ano.


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