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Estado de Minas

Crise faz brasileiro com renda m�dia familiar de R$ 3 mil reduzir consumo e adiar planos

As compras foram adiadas, os gastos em casa reduzidos, alguns bens adquiridos no per�odo de fartura vendidos para ajudar no or�amento dom�stico; quem tem emprego faz o poss�vel para dobrar a carga hor�ria e completar a renda corro�da pela infla��o. Empobrecimento � crescente


postado em 19/06/2016 06:00 / atualizado em 19/06/2016 09:37

Sem emprego, Magna Gonçalves desistiu de um celular novo e troca roupas com amigas(foto: Cristina Horta/EM/DA Press)
Sem emprego, Magna Gon�alves desistiu de um celular novo e troca roupas com amigas (foto: Cristina Horta/EM/DA Press)
H� seis meses, a vendedora Magna Gon�alves, de 26 anos, est� na exaustiva busca por um emprego. Enquanto n�o encontra o novo trabalho, ela usa algumas estrat�gias para aumentar a renda, como a venda de seu smartphone por R$ 300, e troca roupas com amigas. O vendedor Leonardo Gomes, de 22, tamb�m negociou seu playstation 2, por R$ 150, quantia que ajudou a pagar algumas contas. Da mesma forma, Tarc�sio dos Santos, 40, quer trocar o carro que considera o m�ximo por um modelo mais barato, mas com manuten��o de menor custo.

A classe C, que ascendeu na pir�mide social e foi o motor do consumo, puxando o crescimento recente da economia brasileira, est� agora reduzindo gastos, adiando e trocando seus sonhos de consumo. � preciso fazer girar o que perdeu uso em casa para ajudar a fechar o or�amento dom�stico. No tempo livre, muitos est�o dobrando a carga hor�ria para colocar as contas em dia.

A gin�stica para ajustar os gastos � uma adequa��o ao segundo ano seguido de recess�o da economia brasileira, que fez o desemprego crescer, a renda cair e o custo de vida decolar. Al�m de trocar marcas mais caras no supermercado por produtos mais baratos, reduzir o lazer e os gastos com alimenta��o fora do lar, sair da escola privada para a p�blica, a classe C tamb�m est� se virando com desapego: “A classe m�dia est� ajustando seu or�amento. Para isso ela troca o smartphone, aluga quartos, vende alguma coisa que tem em casa”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular, especializado em estudos sobre a nova classe C brasileira.

Segundo o executivo, com renda familiar m�dia de R$ 3 mil, e somando 54% da popula��o brasileira, a classe C foi diretamente afetada pela recess�o e, apesar da resist�ncia, a queda de alguns milh�es de brasileiros para a classe D j� come�ou. Se o crescimento da infla��o de servi�os afetou menos a nova classe m�dia, a alta de pre�os administrados, como a energia el�trica, teve grande impacto no or�amento. “A expectativa � de que o cen�rio piore ainda mais, antes de come�ar a melhorar”, diz Meirelles.

Magna Gon�alves foi dispensada do trabalho depois que o movimento de clientes despencou na revenda de carros onde trabalhava. “Antes eu trocava de celular igual troco de roupa, agora n�o fa�o mais isso. Quando estava trabalhando tamb�m comprei TV nova, liquidificador, comprava roupa nova, mas agora...”, lamenta. Magna queria comprar um smartphone com mais recursos e um sof�, mas seus planos est�o congelados.

Jardineiro e lavador de carros, Tarcísio Santos terá de trocar o carro financiado por modelo mais barato(foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Jardineiro e lavador de carros, Tarc�sio Santos ter� de trocar o carro financiado por modelo mais barato (foto: Jair Amaral/EM/DA Press)
Na fam�lia do jardineiro e lavador de carros Tarc�sio Santos, o autom�vel � pe�a-chave. � com ele que Tarc�sio leva e busca as crian�as na escola, faz as compras da casa, vai e volta ao trabalho. No �ltimo ano, com a alta dos pre�os e dos juros para compras parceladas, ficou apertado manter em dia o padr�o de vida e ainda a presta��o do banco. Por isso, Tarc�sio quer trocar o carro financiado, do qual cuida com muito capricho, por um modelo mais barato. “Queria vender o carro por um valor maior que o que eu j� paguei para o banco.”

H� 20 anos atuando no setor automotivo com a venda de autom�veis, Roberto C�ndido � s�cio-propriet�rio da Gameleira Ve�culos, instalado na Via Expressa, em Belo Horizonte. “Com a crise, as trocas cresceram demais e j� representam 70% do movimento da loja.” Segundo ele, o maior interesse dos clientes � deixar o carro mais caro na revenda, levando para casa um modelo mais barato. “Para fazer dinheiro, as pessoas est�o trocando o carro para levar a diferen�a.”


EXPULSOS DO PARA�SO
Estudo recente realizado pela empresa Tend�ncias Consultoria estima que desde 2014 at� o fim deste ano 3,5 milh�es de brasileiros que ascenderam � Classe C devem retornar as classes D e E. Segundo a consultoria, em fun��o da crise, a classe D/E dever� voltar a ser inflada em 4,7 milh�es de fam�lias (de 2014 at� 2017), o que anularia o processo de mobilidade social verificado entre 2006 e 2013, per�odo durante o qual a classe D/E mostrou redu��o de 3,8 milh�es de fam�lias. O estudo considera como classe C as fam�lias com renda mensal entre R$ 2.166 at� o teto de R$ 5.223, sendo que os valores foram atualizados a pre�os de dezembro de 2015.


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